Cobranças
abusivas, um pacote de internet que não durava o mês inteiro, atendimento ruim
e dificuldades para mudar o plano de pós-pago para pré-pago foram os motivos
que levaram a contadora Aline Machado, 32 anos, a mudar de operadora de
telefonia no último mês de abril, após dez anos de contrato. De quebra, a
consumidora ainda trocou os dois chips que tinha para apenas um. Tudo isso
mantendo o mesmo número de telefone.
“Na época,
perguntei quanto eu pagaria caso eu eu quisesse cancelar a conta para voltar
para o pré. A atendente me disse que haveria uma multa de aproximadamente R$
600. Conversando com amigos sobre o assunto, eles me falaram da portabilidade,
que eu nem lembrava, e decidi mudar de operadora. Tudo foi feito pelo celular,
sem ter que falar com nenhum atendente. Simples assim”, conta Aline.
Mudar de
operadora sem trocar de número como a Aline fez são situações cada vez mais
corriqueiras no Brasil. De acordo com o mais recente relatório da Associação
Brasileira de Recursos em Telecomunicações (ABR Telecom), entidade
administradora da portabilidade numérica no Brasil.
De janeiro
e junho deste ano, no Ceará, foram efetivadas 53,7 mil transferências entre
operadoras sem alteração do número de identificação do usuário.
O número
no primeiro semestre deste ano é 16,53% maior do que o total observado em igual
período de 2017, quando foram registrados 46,1 mil pedidos de portabilidade. Do
total de migrações contabilizadas no Estado de janeiro a junho, 41,38 mil (77%)
foram feitas por usuários de telefones móveis, ou seja, celulares.
Dentre os
estados do Nordeste, o Ceará é o sexto em que este tipo de pedido mais cresceu
no comparativo do primeiro semestre de 2017 com o de 2018. No Maranhão, o líder
nesse ranking, a alta foi de 84,51%. Já no Rio Grande do Norte, o último, as
migrações cresceram 14,96%.
Em todo
País, 3,13 milhões de consumidores optaram pela portabilidade numérica no
primeiro semestre deste ano. Foram 711,78 mil (23%) trocas de operadoras de
telefonia por solicitação de usuários do serviço fixo e 2,42 milhões (77%)
referente ao serviço móvel. Só no segundo trimestre de 2018 (abril a junho),
foram realizadas 1,59 milhão de migrações entre operadoras.
Para o
professor do Departamento de Engenharia de Teleinformática da Universidade
Federal do Ceará (UFC), João César Moura Mota, o crescimento da portabilidade
reflete o acirramento da concorrência entre as operadoras de telefonia.
“É a
dinâmica de mercado. Uma maior competição entre os planos, do ponto de vista
financeiro, e na crise econômica, este é um ponto muito considerado pelo
consumidor, e também da oferta de serviços. O consumidor se sente mais livre
para escolher o que mais convém, com a segurança de que não precisa trocar de
número”, diz.
A
qualidade da cobertura oferecida é outro importante termômetro. “Tem lugares em
que pega melhor o sinal da operadora A e não B. Então, isso passa muito também
pela dinâmica da pessoa”, acrescenta.
O povo
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