A recorrência do sangramento intracraniano sofrido pelo presidente Lula, 79, na noite desta segunda (9) pode aumentar as chances de sequelas e demandar um tempo maior de afastamento.
A recorrência do sangramento intracraniano de Lula aumenta as chances de sequelas. Entenda os riscos e o que isso significa para sua recuperação.
A recorrência do sangramento intracraniano como o de Lula aumenta as chances de sequelas. | Reprodução |
Lula sentiu fortes dores de
cabeça e, depois de exames feitos no hospital Sírio-Libanês, em Brasília, foi
transferido para a unidade de São Paulo para uma cirurgia de emergência para
drenagem do hematoma.
De acordo com o boletim médico, a
hemorragia intracraniana está relacionada à queda sofrida por Lula no dia 19 de
outubro último. Nesses casos, as chances de recorrência variam entre 15% e 20%,
segundo a literatura médica.
Ainda não se sabe qual o tipo de
hematoma foi diagnosticado em Lula, mas, pelas características e tipo de
intervenção realizada, médicos ouvidos pela Folha de S.Paulo acreditam ser o
subdural, o mais comum em idosos.
O neurocirurgião Luiz Severo
explica que fatores como idade, uso de anticoagulantes e traumas seguidos
aumentam o risco de recorrência do sangramento, o que se torna mais
preocupante.
"Um sangramento não operado
pode ir evoluindo com o tempo e colecionando no espaço do cérebro que idoso
tem. O idoso tem um espaço maior no cérebro, por conta da atrofia cerebral, uma
condição natural."
Para ele, essa cirurgia de
urgência tem várias considerações importantes em relação à sua recuperação e
prognóstico. "Sendo o presidente do país tudo isso começa a ser
preocupante."
De acordo com o médico, a
recorrência do sangramento intracraniano seguido de cirurgia podem aumentar as
chances de sequelas, mas isso pode variar dependendo da gravidade da hemorragia
e da rapidez com que o tratamento foi realizado.
Nessas situações, o hematoma pode
comprimir áreas importantes do cérebro, como da fala, da motricidade e das
emoções.
Isso pode causar sequelas que
incluem dificuldades motoras, como fraqueza, problemas de fala, como
dificuldades na comunicação, alterações cognitivas, como dificuldade de
memória, concentração e raciocínio, e emocionais, como depressão e ansiedade.
"Algumas pessoas podem
experimentar déficits cognitivos temporários, enquanto outras podem ter
dificuldades de longo prazo. A reabilitação pode ser necessária para ajudar na
recuperação das funções cognitivas."
Também há chances de o paciente
desenvolver quadro de epilepsia. "Não é a toa que sempre fazemos
anticonvulsivante no pós-operário em todos", explica o médico.
Outro risco, diz o
neurocirurgião, é a necessidade de novas intervenções cirúrgicas, aumentando
riscos de mais lesão.
"Toda cirurgia tem aumento
de dano tecidual normal. Mas a neurocirurgia está cada vez mais segura, com
incisões menores e menor risco de lesões. O presidente certamente teve acesso
ao melhor e isso traz melhor prognóstico."
Segundo Severo, a recuperação
desse novo sangramento deve demandar um tempo maior de recuperação e de
afastamento do presidente Lula de suas funções.
"Na primeira vez, ele ficou
sob vigilância nas primeiras 48 horas do edema cerebral. Agora ele foi operado.
Após uma craniotomia, a gente recomenda repouso de 15 a 30 dias, considerando
que não tenha nenhum tipo de complicação."
A situação também requer um
acompanhamento médico contínuo, que pode incluir consultas neurológicas
regulares para monitorar a recuperação e identificar precocemente quaisquer
complicações, fisioterapia, para ajudar na reabilitação motora, caso haja fraqueza
ou problemas de coordenação, fonoaudiologia, se houver dificuldades de fala ou
linguagem e avaliação psicológica, para lidar com questões emocionais e
cognitivas.
Autor:Cláudia Collucci/Folhapress
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