A quantidade de chuvas que atingiu o solo cearense neste primeiro trimestre da quadra chuvosa no Estado não era vista desde 2009. Ainda resta uma semana até o encerramento de abril e os pluviômetros da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) já apontam 657,8 milímetros de precipitação acumulada.
O volume significativo de chuvas também está bem distribuído por todas as regiões hidrográficas do Ceará (Foto: Reprodução/SRH)
Os dados são preliminares e
ainda podem variar ligeiramente para mais ou para menos. Mas eles já superam o
registro acumulado de chuva em anos inteiros. Em 2012, primeiro ano da seca
mais longa da história do Ceará, foram apenas 365,1 mm nos 366 dias daquele
também ano bissexto. As sucessivas marcas também ficaram aquém do esperado em
2013 (549,6 mm), 2014 (548,3 mm), 2015 (523,3 mm) e 2016 (551,3 mm).
A média anual de chuvas no
Ceará é de 809,1 mm. Na prática, porém, o grosso do volume se faz na quadra
chuvosa, entre fevereiro e maio, que concentra 67% do esperado de precipitação.
Março, abril, fevereiro e maio, nesta ordem, tendem a acumular os maiores
índices.
Neste ano, em janeiro, o
prognóstico meteorológico — pragmático — batia cabeça com a otimista sabedoria
popular. O fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico e tende a
afastar a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema indutor
de chuvas no Nordeste brasileiro, justificavam uma previsão de 45% de chance de
precipitação abaixo da média histórica.
A imprevisibilidade da natureza
atuou, então, provendo um Oceano Atlântico também hiperaquecido, que afetou a
ZCIT e fez o céu fechar bonito pra chover. Primeiro em fevereiro, com 230,6 mm,
90% a mais do que a média. Depois com março com 233,5 mm (desvio positivo de
13,1%). Agora com 193,7 mm, já 1,6% acima da normal climatológica.
O volume significativo de
chuvas também está bem distribuído por todas as regiões hidrográficas do Ceará.
Atualmente, 10 das 12 regiões marcam precipitação acima do esperado para o
trimestre de fevereiro a abril, com destaque para o Litoral (42% mais que a
média), Curu (37,5%), Baixo Jaguaribe (37,1%), Metropolitana (36,8%), Coreaú
(32,8%) e Salgado (32,6%).
Com as chuvas deste ano, o
Ceará registra sangria de 69 dos 157 açudes públicos monitorados pela Companhia
de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Além deles, outros 13 superaram os
90% e podem em breve verter. Os dados são do Portal Hidrológico.
O Castanhão (Alto Santo /
Jaguaribara), maior reservatórios da América Latina, tem 33,55% de carga. O
Orós, na cidade homônima, chegou a 72,43%. O Banabuiú (Banabuiú), terceiro de
maior porte no Estado, tem 41,24%. Já o Araras, em Varjota, está totalmente
cheio desde 10 de abril.
Volume de chuvas no Ceará entre
fevereiro e abril
2009 - 726,4 mm
2010 - 258,8 mm
2011 - 519,7 mm
2012 - 275,8 mm
2013 - 270,2 mm
2014 - 369,7 mm
2015 - 378,5 mm
2016 - 274,5 mm
2017 - 472,6 mm
2018 - 540,2 mm
2019 - 597 mm
2020 - 645,6 mm
2021 - 438,6 mm
2022 - 512,6 mm
2023 - 597,8 mm
2024 - 657,8 mm (dados
preliminares até 22 de abril)
Com informações portal O Povo +
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