O planeta teve o mês de junho mais quente registrado na história. De acordo com o observatório europeu Copernicus, tanto o ar quanto os oceanos tiveram calor recorde.
E em poucos dias de Julho, o recorde de temperatura já foi batido por 2 dias seguidos.
Onda de calor acende alerta sobre o aquecimento global. | (Reprodução)
Os
pesquisadores apontam que, ainda que as discussões neste ano tenham focado no
potencial do El Niño (que esquenta as águas do Pacífico, na região da linha do
Equador) causar um aquecimento sem precedentes, em junho foram as temperaturas
ao norte do oceano Atlântico que elevaram os termômetros.
Anomalias de
temperatura excepcionalmente quentes foram registradas na superfície do
Atlântico Norte, causadas por condições de curto prazo na atmosfera e mudanças
de longo prazo no oceano. Irlanda, Reino Unido e o mar Báltico tiveram ondas de
calor extremas.
No Pacífico,
o El Niño continuou a ganhar força, aquecendo as águas tropicais. Além disso,
outras regiões, como o Mar do Japão e o oeste do oceano Índico também tiveram
mais calor do que o normal.
O centro de
pesquisa já tinha apontado que maio tinha registrado as temperaturas oceânicas
mais altas da história para o mês. A tendência continuou em junho, com índices
ainda mais acima da média histórica.
"Estas
condições excepcionais no Atlântico Norte destacam a complexidade do sistema
terrestre", afirmou Carlo Buontempo, diretor do C3S, o Serviço de Mudanças
Climáticas do Copernicus. "A interação entre a variabilidade local e
global ao lado das tendências climáticas é essencial para melhor gerenciar
riscos e projetar políticas de adaptação eficientes."
O relatório
do observatório chega na mesma semana em que o recorde diário de temperatura
global foi quebrado duas vezes.
Ar mais
quente e mais derretimento polar
O C3S publica
boletins climáticos mensais relatando as mudanças observadas na temperatura do
ar da superfície global, cobertura de gelo marinho e variáveis hidrológicas. As
descobertas são baseadas em análises geradas por computador usando bilhões de
medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas em todo o
mundo.
Junho também
teve a temperatura global do ar mais alta para o mês, ficando 0,53°C acima da
média de 1991 a 2020 e superando o recorde anterior, de 2019, por uma margem
substancial.
Neste
quesito, os recordes de temperaturas foram registradas no noroeste da Europa.
Partes do Canadá (que sofre com as piores queimadas da história), Estados
Unidos, México, Ásia e leste da Austrália ficaram significativamente mais
quentes do que o normal.
Ao mesmo
tempo, o oeste da Austrália, dos Estados Unidos e da Rússia tiveram mais frio
do que o normal.
Segundo a
agência de notícias AFP, a temperatura média planetária em junho foi de
16,51ºC. Há 15 anos, o mês supera com frequência as médias do período de 1991 a
2020, mas o cientista do observatório europeu Julien Nicolas afirma que junho
de 2023 está muito acima dos demais. "É um tipo de anomalia com a qual não
estamos acostumados", explicou à agência.
Na Antártida,
mesmo em meio ao inverno do hemisfério sul, o gelo marinho atingiu sua menor
extensão para junho desde o início das observações de satélite, ficando 17%
abaixo da média.
A extensão do
gelo marinho no Ártico ficou ligeiramente abaixo da média, mas bem acima dos
valores de junho dos últimos oito anos, em que o derretimento foi acentuado.
Autor:Jéssica Maes/Folhapress
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