O Brasil finalizou uma de suas maiores e mais controversas obras de logística, sem muito alarde, no final de maio, o último trecho da Ferrovia Norte-Sul, que estava em construção há 36 anos. A nova-velha estrada de ferro agora se estende de Palmeiras de Goiás a Goianira, no interior de Goiás.
Após 36 anos de obras, a nova ferrovia conecta o país indo do Maranhão a São Paulo.
![]() |
Ferrovia possui aproximadamente 2.200 Km. | (Arquivo/Agência Brasil) |
O projeto original previa a construção de
4.100 quilômetros de trilhos, que cortariam literalmente o país, conectando o
Porto de Itaqui, no Maranhão, ao Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
Entretanto, devido a erros técnicos, escândalos e aproximadamente R$ 15 bilhões
de investimento, a ferrovia teve seu percurso reduzido. Agora, a Ferrovia
Norte-Sul possui 2.200 quilômetros, indo de Açailândia, também no Maranhão, até
Estrela d'Oeste, em São Paulo. Dessa forma, talvez seja mais apropriado
chamá-la de Norte-Sudeste.
Embora encurtada, a extensão atual da ferrovia
ainda é colossal. Ela atravessa quatro das cinco regiões brasileiras
(Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Nordeste). E quais serão suas vantagens? De
acordo com Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística
da Fundação Dom Cabral, os benefícios incluem uma redução de até 40% nos custos
de frete e, possivelmente, o início de uma mudança de paradigma em relação à
logística no país.
Resende destaca principalmente o momento
histórico da conclusão das obras, já que é a primeira ferrovia que será
inaugurada no país depois de 15 anos. A principal vantagem é realmente o preço
do frete no país, como explica o coordenador: "Ele varia de acordo com a
distância do transporte. Em percursos acima de 800 quilômetros, o frete em uma
ferrovia pode ser entre 30% a 40% do que o rodoviário. Acima de 1,5 mil
quilômetros, estamos falando seguramente de valores superiores a uma economia
de 40%. Esse é o caso da Norte-Sul". Sobre o impacto da Norte-Sul para a
matriz de transportes brasileira, ele fala que está crescendo o investimento em
ferrovias pela iniciativa privada, facilitando o granel agrícola em 35% até
2035.
"Não há país no mundo de dimensões
continentais tão desequilibrado para o lado rodoviário como o Brasil. E para as
commodities, em longa distância, esse é o sistema menos viável. É para começar
a alterar esse quadro que a Norte-Sul também pode ser importante",
conclui.
Autor:Com informações do Metropoles
0 Comentários