Reforçar presença nas bases eleitorais, mobilizar eleitores para diminuir a abstenção e atrair o apoio de gestores municipais são alguns dos focos dos aliados no Ceará do ex-presidente Lula (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos dias da campanha de segundo turno.
A
previsão é de que nenhum dos candidatos volte ao Ceará até a data da votação,
no próximo domingo (30). Quem deve liderar os atos desta última semana são
parlamentares e lideranças partidárias, tanto em Fortaleza como nos municípios
do interior.
Enquanto na campanha do ex-presidente Lula o
foco deve ser na Região Metropolitana de Fortaleza e em municípios que tiveram
uma taxa de abstenção maior, aliados de Bolsonaro no Estado tem como uma das
prioridades atrair prefeitos, vices e vereadores para a campanha do atual
presidente.
Os
percentuais de voto também estão no foco das campanhas no Estado. Com ampla
vantagem no primeiro turno, Lula conquistou 65,9% dos votos válidos. A campanha
dele quer aumentar o percentual para 75% no segundo turno no Ceará.
Já
a coordenação de campanha bolsonarista tem como foco indecisos, além daqueles
que votaram em adversários no primeiro turno ou preferiram anular o voto. A
perspectiva é reduzir a diferença entre os dois candidatos - já que no dia 2 de
outubro, o percentual de Bolsonaro no Ceará foi de 25,3%.
FOCO NA REGIÃO METROPOLITANA
No primeiro turno, Lula teve
ampla vantagem no Ceará - foram 65,9% de votos válidos para o candidato no
Estado. Desde o início da campanha do segundo turno, aliados reforçaram que
querem aumentar o percentual para 75%.
“O nosso objetivo hoje é somar
e fazer uma grande frente para dar uma grande votação a Luiz Inácio Lula da
Silva no dia 30 de outubro. O Ceará foi o quarto estado que deu a maior votação
ao Lula. (...) O Lula tirou quase 66% dos votos no Ceará. A nossa meta mínima é
chegarmos a 75% dos votos do segundo turno aqui pro presidente Lula”, disse o
senador eleito Camilo Santana (PT) durante evento no último dia 10 de outubro.
Faltando poucos dias para a
votação, o foco deve ser a Região Metropolitana de Fortaleza - onde o petista
teve um percentual menor de votos, apesar de ainda superior ao dos adversários.
Vice-presidente nacional do PT,
o deputado federal José Guimarães disse que o objetivo é "pulverizar
eventos" em Fortaleza nesta semana. "Iniciativas múltiplas que estão
sendo tomadas pelos movimentos, nas periferias, no centro cidade, na praia.
Fortaleza sendo povoada de pequenos eventos", detalha.
Um deles ocorreu ainda nesta
segunda-feira (24), quando empresários se reuniram em ato favorável à
candidatura petista. O senador Tasso Jereissati (PSDB) participou e defendeu o
voto em Lula. "Eu, apesar de não ser petista, voto com convicção em
Lula", disse o tucano.
José Guimarães também falou que
a campanha deve ter como foco municípios onde houve um percentual maior de
abstenção no Ceará "com objetivo de diminuir a abstenção". "A
eleição está nas nossas mãos e vai depender da diminuição da abstenção que nós
temos que diminuir, principalmente aqui no Nordeste", reforça.
ENVOLVIMENTO DE LIDERANÇAS DO
PDT
Depois de um rompimento entre
com o PT na disputa pelo Governo do Ceará, o diretório estadual do PDT seguiu a
orientação da Executiva nacional no apoio ao ex-presidente Lula. Nesta
terça-feira (24), é o PDT que irá realizar evento pró-Lula na capital cearense.
Intitulado "Sou Ciro e RC,
Tô com Lula", deve reunir parlamentares e lideranças que apoiaram o
ex-ministro Ciro Gomes, que ficou em quarto lugar na disputa presidencial, e o
ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), que acabou na terceira
colocação na eleição para o Governo do Ceará.
Por enquanto, no entanto, a presença
dos dois não está confirmada no evento. Os agora ex-candidatos têm se envolvido
pouco nesta campanha para o segundo turno, o que se reflete também na postura
de pedetistas mais próximos principalmente ao ex-prefeito de Fortaleza.
Uma das bases de apoio mais
forte da candidatura de Roberto Cláudio ao Governo do Estado, os vereadores de
Fortaleza do PDT, por exemplo, não possuem publicações fazendo referência à
candidatura de Lula em seus perfis no Instagram, por exemplo.
Em conversa com o Diário do Nordeste,
alguns parlamentares pedetistas admitiram que tem estado “pouco envolvido” com
a campanha neste segundo turno, mas que têm sentido falta de maior diálogo da
coordenação de campanha aqui no Ceará.
Para a Enfermeira Ana Paula
(PDT) seria importante uma reunião com os vereadores para fortalecer o
engajamento na campanha. "Divergências com o PT temos, mas nesse momento a
gente precisa ter posição e a posição é pelo fortalecimento da
democracia", reforça.
O vereador Lúcio Bruno aponta
que considera que as estratégias tem se concentrado "na esfera nacional e
na estadual". "Não teve essa conversa na esfera municipal",
acrescenta. Ele lembrou da reunião entre o prefeito José Sarto (PDT) e a base
aliada a Prefeitura na Câmara Municipal.
Segundo o parlamentar, além da
comunicação sobre a decisão de apoiar Lula no segundo turno, "ficou-se de
ver outras estratégias e formas de trabalhar", o que ainda não ocorreu,
informa ele. Também do PDT, o vereador Paulo Martins confirma que não está envolvido
na campanha. "Não tenho ânimo para sair pedindo voto para ele",
afirma.
INTENSIFICAÇÃO DE ATOS POR
REGIÃO
O presidente Jair Bolsonaro foi
o único candidato à presidência que veio ao Ceará neste segundo turno. Outras
lideranças nacionais, como a primeira-dama Michele Bolsonaro e os senadores
eleitos Damares Alves e Hamilton Mourão estiveram no estado.
Contudo, para os dias finais de
campanha no estado, não está prevista agenda de personalidades nacionais. O
foco deve ser fortalecer atos em regiões onde lideranças bolsonaristas
cearenses são fortes, explica o deputado federal Capitão Wagner (União), que
ficou em segundo lugar na disputa do Governo do Ceará.
"Estamos dividindo as
lideranças. Quem teve mais força para intensificar (a campanha) na região",
afirma. Ele cita, por exemplo, que deve fortalecer as mobilizações na Região
Metropolitana e em Fortaleza, onde obteve uma votação expressiva no primeiro
turno.
Outro foco é a
"articulação política, para atrair apoio de prefeitos, vices e
vereadores". Até agora, pelo menos oito prefeitos anunciaram apoio a
Bolsonaro, muitos deles que não haviam se posicionado no primeiro turno, como o
prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra.
Presidente do PL no Ceará e
prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves afirma que um dos principais focos é a
"divulgação do que o Bolsonaro fez pelo Brasil, pelo Ceará e pelas
cidades".
Além disso, o PL também tem
buscado dar apoio aos atos nos municípios, "estimulando o protagonismo em
cada cidade", para que seja feito o evento "mais adequado" para
a localidade.
A prioridade, segundo ele, é
reduzir a diferença entre os dos adversários para um percentual "inferior
a 10%". O que implicaria não só em conquistar mais votos entre indecisos e
eleitores de candidatos derrotados no primeiro turno, mas também "atrair
eleitores que votaram no outro candidato".
OS DESAFIOS NA RETA FINAL
Apesar de não ter nenhum cargo
a nível estadual em disputa, o sociólogo Jonael Pontes aponta que a polarização
da disputa presidencial manteve as bases eleitorais mobilizadas, o que pode
levar, inclusive, a uma menor abstenção neste segundo turno.
"Poderia ser negativo, se
não estivéssemos dentro desse contexto. Essa configuração que se desenha
apresenta sim possibilidades, inclusive de ter menos abstenções que no primeiro
turno, porque as bases estão sendo mobilizadas", argumenta.
Uma das estratégias usadas para
diminuir essa abstenção, aponta a cientista Carla Michele Quaresma, tem sido
reforçada pela campanha do ex-presidente Lula no estado.
"Esse reforço, que já tem
sido feito pelas principais lideranças, essa busca ativa de eleitores que não
votaram no primeiro turno e podem, nesse segundo turno, aumentar a margem do
ex-presidente Lula aqui no Ceará para que possa equilibrar com possível
diferença de voto na região sudeste, na região sul ou centro oeste que favoreça
o presidente Bolsonaro".
CARLA MICHELE QUARESMA
Cientista política
No caso de Bolsonaro, que teve
desvantagem no Estado, uma das possibilidades de crescimento, aponta Pontes, é
exatamente nessas cidades onde prefeitos anunciaram apoio ao presidente e tem
puxado mobilizações na campanha.
"(Mas) Não é interessante
para o Bolsonaro disputar o Ceará tão aguerridamente, porque o Ceará tem
deixado o PT vitorioso nas eleições. (...) A possibilidade do Bolsonaro cooptar
votos aqui é ínfima, deve se manter a porcentagem do primeiro turno".
JONAEL PONTES
Sociólogo
A cientista política Carla
Michele Quaresma concorda que tanto no Ceará como no Nordeste existe uma
"situação consolidada" e é difícil que o presidente "consiga
mudar o voto" de quem votou no ex-presidente Lula.
"A saída para ele aqui
seria se centrar mais nesse eleitorado mais moderado, que votou nos demais
candidatos, no Ciro (Gomes), na Simone Tebet. Ele não teria condições de
reverter a situação aqui, mas poderia aumentar um pouco essa margem",
reforça.
DN
FOCO NA REGIÃO METROPOLITANA
No primeiro turno, Lula teve
ampla vantagem no Ceará - foram 65,9% de votos válidos para o candidato no
Estado. Desde o início da campanha do segundo turno, aliados reforçaram que
querem aumentar o percentual para 75%.
“O nosso objetivo hoje é somar
e fazer uma grande frente para dar uma grande votação a Luiz Inácio Lula da
Silva no dia 30 de outubro. O Ceará foi o quarto estado que deu a maior votação
ao Lula. (...) O Lula tirou quase 66% dos votos no Ceará. A nossa meta mínima é
chegarmos a 75% dos votos do segundo turno aqui pro presidente Lula”, disse o
senador eleito Camilo Santana (PT) durante evento no último dia 10 de outubro.
Faltando poucos dias para a
votação, o foco deve ser a Região Metropolitana de Fortaleza - onde o petista
teve um percentual menor de votos, apesar de ainda superior ao dos adversários.
Vice-presidente nacional do PT,
o deputado federal José Guimarães disse que o objetivo é "pulverizar
eventos" em Fortaleza nesta semana. "Iniciativas múltiplas que estão
sendo tomadas pelos movimentos, nas periferias, no centro cidade, na praia.
Fortaleza sendo povoada de pequenos eventos", detalha.
Um deles ocorreu ainda nesta
segunda-feira (24), quando empresários se reuniram em ato favorável à
candidatura petista. O senador Tasso Jereissati (PSDB) participou e defendeu o
voto em Lula. "Eu, apesar de não ser petista, voto com convicção em
Lula", disse o tucano.
José Guimarães também falou que
a campanha deve ter como foco municípios onde houve um percentual maior de
abstenção no Ceará "com objetivo de diminuir a abstenção". "A
eleição está nas nossas mãos e vai depender da diminuição da abstenção que nós
temos que diminuir, principalmente aqui no Nordeste", reforça.
ENVOLVIMENTO DE LIDERANÇAS DO
PDT
Depois de um rompimento entre
com o PT na disputa pelo Governo do Ceará, o diretório estadual do PDT seguiu a
orientação da Executiva nacional no apoio ao ex-presidente Lula. Nesta
terça-feira (24), é o PDT que irá realizar evento pró-Lula na capital cearense.
Intitulado "Sou Ciro e RC,
Tô com Lula", deve reunir parlamentares e lideranças que apoiaram o
ex-ministro Ciro Gomes, que ficou em quarto lugar na disputa presidencial, e o
ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), que acabou na terceira
colocação na eleição para o Governo do Ceará.
Por enquanto, no entanto, a presença
dos dois não está confirmada no evento. Os agora ex-candidatos têm se envolvido
pouco nesta campanha para o segundo turno, o que se reflete também na postura
de pedetistas mais próximos principalmente ao ex-prefeito de Fortaleza.
Uma das bases de apoio mais
forte da candidatura de Roberto Cláudio ao Governo do Estado, os vereadores de
Fortaleza do PDT, por exemplo, não possuem publicações fazendo referência à
candidatura de Lula em seus perfis no Instagram, por exemplo.
Em conversa com o Diário do Nordeste,
alguns parlamentares pedetistas admitiram que tem estado “pouco envolvido” com
a campanha neste segundo turno, mas que têm sentido falta de maior diálogo da
coordenação de campanha aqui no Ceará.
Para a Enfermeira Ana Paula
(PDT) seria importante uma reunião com os vereadores para fortalecer o
engajamento na campanha. "Divergências com o PT temos, mas nesse momento a
gente precisa ter posição e a posição é pelo fortalecimento da
democracia", reforça.
O vereador Lúcio Bruno aponta
que considera que as estratégias tem se concentrado "na esfera nacional e
na estadual". "Não teve essa conversa na esfera municipal",
acrescenta. Ele lembrou da reunião entre o prefeito José Sarto (PDT) e a base
aliada a Prefeitura na Câmara Municipal.
Segundo o parlamentar, além da
comunicação sobre a decisão de apoiar Lula no segundo turno, "ficou-se de
ver outras estratégias e formas de trabalhar", o que ainda não ocorreu,
informa ele. Também do PDT, o vereador Paulo Martins confirma que não está envolvido
na campanha. "Não tenho ânimo para sair pedindo voto para ele",
afirma.
INTENSIFICAÇÃO DE ATOS POR
REGIÃO
O presidente Jair Bolsonaro foi
o único candidato à presidência que veio ao Ceará neste segundo turno. Outras
lideranças nacionais, como a primeira-dama Michele Bolsonaro e os senadores
eleitos Damares Alves e Hamilton Mourão estiveram no estado.
Contudo, para os dias finais de
campanha no estado, não está prevista agenda de personalidades nacionais. O
foco deve ser fortalecer atos em regiões onde lideranças bolsonaristas
cearenses são fortes, explica o deputado federal Capitão Wagner (União), que
ficou em segundo lugar na disputa do Governo do Ceará.
"Estamos dividindo as
lideranças. Quem teve mais força para intensificar (a campanha) na região",
afirma. Ele cita, por exemplo, que deve fortalecer as mobilizações na Região
Metropolitana e em Fortaleza, onde obteve uma votação expressiva no primeiro
turno.
Outro foco é a
"articulação política, para atrair apoio de prefeitos, vices e
vereadores". Até agora, pelo menos oito prefeitos anunciaram apoio a
Bolsonaro, muitos deles que não haviam se posicionado no primeiro turno, como o
prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra.
Presidente do PL no Ceará e
prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves afirma que um dos principais focos é a
"divulgação do que o Bolsonaro fez pelo Brasil, pelo Ceará e pelas
cidades".
Além disso, o PL também tem
buscado dar apoio aos atos nos municípios, "estimulando o protagonismo em
cada cidade", para que seja feito o evento "mais adequado" para
a localidade.
A prioridade, segundo ele, é
reduzir a diferença entre os dos adversários para um percentual "inferior
a 10%". O que implicaria não só em conquistar mais votos entre indecisos e
eleitores de candidatos derrotados no primeiro turno, mas também "atrair
eleitores que votaram no outro candidato".
OS DESAFIOS NA RETA FINAL
Apesar de não ter nenhum cargo
a nível estadual em disputa, o sociólogo Jonael Pontes aponta que a polarização
da disputa presidencial manteve as bases eleitorais mobilizadas, o que pode
levar, inclusive, a uma menor abstenção neste segundo turno.
"Poderia ser negativo, se
não estivéssemos dentro desse contexto. Essa configuração que se desenha
apresenta sim possibilidades, inclusive de ter menos abstenções que no primeiro
turno, porque as bases estão sendo mobilizadas", argumenta.
Uma das estratégias usadas para
diminuir essa abstenção, aponta a cientista Carla Michele Quaresma, tem sido
reforçada pela campanha do ex-presidente Lula no estado.
"Esse reforço, que já tem
sido feito pelas principais lideranças, essa busca ativa de eleitores que não
votaram no primeiro turno e podem, nesse segundo turno, aumentar a margem do
ex-presidente Lula aqui no Ceará para que possa equilibrar com possível
diferença de voto na região sudeste, na região sul ou centro oeste que favoreça
o presidente Bolsonaro".
CARLA MICHELE QUARESMA
Cientista política
No caso de Bolsonaro, que teve
desvantagem no Estado, uma das possibilidades de crescimento, aponta Pontes, é
exatamente nessas cidades onde prefeitos anunciaram apoio ao presidente e tem
puxado mobilizações na campanha.
"(Mas) Não é interessante
para o Bolsonaro disputar o Ceará tão aguerridamente, porque o Ceará tem
deixado o PT vitorioso nas eleições. (...) A possibilidade do Bolsonaro cooptar
votos aqui é ínfima, deve se manter a porcentagem do primeiro turno".
JONAEL PONTES
Sociólogo
A cientista política Carla
Michele Quaresma concorda que tanto no Ceará como no Nordeste existe uma
"situação consolidada" e é difícil que o presidente "consiga
mudar o voto" de quem votou no ex-presidente Lula.
"A saída para ele aqui
seria se centrar mais nesse eleitorado mais moderado, que votou nos demais
candidatos, no Ciro (Gomes), na Simone Tebet. Ele não teria condições de
reverter a situação aqui, mas poderia aumentar um pouco essa margem",
reforça.
DN
0 Comentários