Ao menos 66 pessoas, incluindo duas crianças, morreram devido ao forte temporal que atingiu na tarde desta terça (15) a cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, causando inundações, enxurradas e deslizamentos.
Centenas de pessoas ficaram desabrigadas após as fortes chuvas.
A prefeitura decretou estado de calamidade pública e luto oficial por três dias | Reprodução/Twitter. |
Até a tarde desta quarta (16), a
Defesa Civil Municipal contabilizou 292 ocorrências: 241 deslizamentos de terra
e 51 desabamentos e quedas de muro e árvores. As equipes ainda trabalham nos
resgates, pois há grande dificuldade de acesso em alguns locais.
No total, 372 pessoas estão sendo acolhidas
em 33 escolas públicas do município. O governo do estado também informou que 21
pessoas foram salvas com vida e que um hospital de campanha com dez leitos foi
montado para oferecer os primeiros atendimentos.
De acordo com as autoridades, choveu em
apenas seis horas (260 mm) o equivalente aos últimos 30 dias (272 mm), e ainda
deve chover mais. A previsão para a cidade é de pancadas moderadas isoladas
durante a tarde e a noite, e de chuva forte na quinta (17) e na sexta (18).
No dia anterior ao temporal, a Defesa Civil
do Rio de Janeiro recebeu um alerta da possibilidade de deslizamentos pontuais
na região. Segundo Paulo Artaxo, professor titular do Instituto de Física da
USP, o governo estadual deveria ter evacuado a cidade.
A prefeitura decretou estado de calamidade
pública e luto oficial por três dias, estando ainda em alerta máximo. A Defesa
Civil municipal orienta que a população fique atenta aos informes e que, em
caso de emergência, ligue para o número 199.
As regiões do primeiro distrito foram as mais
afetadas, sendo as ocorrências mais graves registradas nos locais Morro da
Oficina, 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, rua Uruguai, rua
Washington Luiz, Coronel Veiga, Vila Militar, Vila Felipe, avenida Portugal e
rua Honorato Pereira.
"Há uma grande equipe concentrada no
Morro da Oficina, onde acreditamos ter o maior número de vítimas ainda
soterradas. Estamos com 400 militares mobilizados e atuando em 44 pontos
atingidos pelo temporal", disse no local o secretário de Estado de Defesa
Civil, coronel Leandro Monteiro.
Ali, por exemplo, há imagens de crianças
sendo retiradas sujas de lama de uma escola, parcialmente destruída. Vídeos que
circulam nas redes sociais também mostram carros sendo arrastados pela
correnteza e grandes deslizamentos.
Moradores relatam que, após o temporal,
encontraram um cenário de guerra nas ruas de Petrópolis, com muita lama, casas
destruídas ou alagadas, ferro retorcido e carros amontoados ou destruídos.
Famílias passaram a procurar seus parentes e amigos nas ruas e hospitais, além
de divulgarem fotos nas redes sociais.
Os corpos começaram a ser retirados durante a
madrugada, depois que o nível da água baixou, mas ainda não há certeza sobre o
número de desaparecidos. A Delegacia de Descoberta de Paradeiros está recebendo
quem busca informações sobre familiares, e o IML (Instituto Médico Legal) local
trabalha para identificar as vítimas encontradas.
As equipes também atuam para resgatar outras
vítimas, desobstruir estradas e atender pessoas que perderam seus bens, com
medicamentos e remoções. Um hospital de campanha foi montado, e oito
ambulâncias fazem ações de socorro e transferências de pacientes.
As famílias desalojadas e desabrigadas estão
sendo cadastradas pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos
Humanos. As que já foram abrigadas estão em escolas nas regiões do Centro, São
Sebastião, Vila Felipe, Alto Independência, Bingen, Dr. Thouzete e Chácara
Flora.
Batalhões da Polícia Militar funcionam como
pontos de recolhimento de doações para as vítimas da chuva em todo o estado. A
corporação diz que água mineral e itens de higiene pessoal são necessários
neste momento.
"É uma situação quase que de guerra.
Toda a nossa equipe está mobilizada: Corpo de Bombeiros, secretarias e demais
órgãos do estado", afirmou o governador Cláudio Castro (PL), que está no
local e participa de reuniões com secretários estaduais e com o
comandante-geral dos Bombeiros.
São usados 20 caminhões, 20
retroescavadeiras, 10 escavadeiras hidráulicas, 10 carros-pipa e 5 caminhões
vacoll (que suga detritos). Uma equipe da Delegacia do Consumidor também
fiscaliza uma possível supervalorização de preços em estabelecimentos
comerciais.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes
(PSD), afirmou que pôs toda a estrutura do município à disposição do prefeito
de Petrópolis, Rubens Bomtempo, para auxiliar nas operações.
Nas redes sociais, Bomtempo disse que tinha
acabado de chegar a Brasília quando ficou sabendo das chuvas e que por volta
das 22h já estaria de volta a Petrópolis. "Estamos passando por uma
situação de extrema gravidade e direcionamos todos os esforços para garantir o
socorro da população", disse.
Ele afirmou que ligou para empresas e
empreiteiros pedindo máquinas, caminhões e pessoal para auxiliar na recuperação
da cidade. "Quero dizer para o nosso povo aguentar firme, que se Deus
quiser essa chuva vai passar, a gente vai conseguir dar uma resposta",
afirmou.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), em visita à
Rússia, classificou a chuva como tragédia e afirmou em suas redes sociais que
contatou os ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Paulo Guedes
(Economia) para auxiliar imediatamente as vítimas.
FOLHAPRESS
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