A Escola de Ensino Fundamental e Médio Menezes
Pimentel, do município de Potengi, na região do cariri, realizou na noite desta
sexta-feira (19), via Google Meet e as véspera do Dia Nacional da Consciência
Negra, um conjunto de atividades oriundas do projeto “Nossos Passos Vêm de
Longe - Ensino da História e Culturas Afro-brasileiras e Indígenas.”
(FOTO/ Prof. João Lucian). |
O evento foi apresentado pelas alunas Vivianne
Cruz, do 2º Ano A, e Luiziany Fideles, do 1º Ano C. Segundo elas, “foram
séculos de violência física, mental e de extermínio que teve como consequência
um racismo estrutural.” Elas trouxeram dados que corroboram com a
assertiva. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) a
chance de um negro ser alfabetizado é cinco vezes menor do que um branco. No
nível superior a realidade é praticamente a mesma. Somente uma a cada quatro
pessoas formadas é negra. Sem contar os inúmeros casos de discriminação e
racismo que crianças e jovens de pele negra sofrem todos os dias nas salas de
aulas. Muitos inclusive abandonam as escolas por não serem capazes de superar
esse câncer que assola o país desde invasão dos portugueses, apontaram as
estudantes.
“Nos livros didáticos, negros, negras e povos
nativos não se reconhecem. Não conseguem se perceber nele porque nosso
currículo ainda é pautado pelo viés europeu”, disseram.
Para o professor de História, Nicolau Neto, “é
dentro desse contexto que necessitamos construir uma educação voltada para a
diversidade, para a pluralidade e que esteja direcionada a combater
cotidianamente o racismo. A nossa educação precisa ser antirracista e um dos
caminhos para isso é o debate, a reflexão e promoção de ações que perceba
negros, negras e povos nativos não só como contribuidores na formação do país,
mas principalmente como produtores de conhecimentos e de saberes, como grandes
intelectuais e lideranças da sua própria história. Isso precisa está na mente e
nos livros didáticos.”
Personalidades Negras Homenageadas
Tia Simoa e Oliveira Silveira. (FOTO/ Divulgação/ Monstagem/ Blog Negro Nicolau). |
“Por isso”, complementou, precisamos fazer
das palavras da escritora Conceição Evaristo, uma das maiores intelectuais e
referência negra do pais, um hino: “o que os livros escondem, as palavras
ditas libertam.” “Creio que é por ai que devemos continuar a nos
movimentar”, asseverou.
O que nos move?
Contribuir para o cumprimento das leis 10.639/2003
e 11.645/2008 e para a descolonização e europeização do currículo, visando
trazer para o cerne da discussão a história contada pelo viés do povo que foi
escravizado por mais de 300 anos, é que os estudantes se movimentaram a partir
de várias intelectuais negras e intelectuais negros do passado e do presente
por meio de diversas linguagens. Além de apresentarem obras de literatura
afro-brasileiras que podem ser incluídas nas aulas e desmistificaram a famigerada
ideia do racismo reverso.
Abaixo as principais atividades desenvolvidas:
Poema “Encontrei Minhas Origens”, de
Oliveira Silveira, recitado pela estudante Vivianne (2º A);
Poema “Negro forro”, de Adão Ventura,
recitado pelo estudante Yarllei (1º A);
Frases de personalidades negras que
nos dão uma dimensão do quão são necessárias a resistência e a luta para
construir uma sociedade com equidade, falada pela estudante Alice (1º C);
Biografia de Abidias Nascimento lida
pela estudante Maria Alice (2º C);
Dados da população nativa (indígena) no Ceará,
apresentado pelo estudante Luiz Kauã (2º A);
Exibição do vídeo “Tem nome de índio o meu Ceará”,
do integrante do Movimento de Arte e Cultura do Sopé e Serra do Araripe, Manoel
Leandro, pelo prof. Nicolau Neto;
Biografia da filósofa Djamila Ribeiro,
pela estudante Vivianne (2º A);
Poema “Sou Negra Sim”,
recitado pela estudante Maria Luiza;
Dança a partir da música “Waka Waka”,
pelas estudantes Hesedy, Nicole, Kariny, do 2º Ano A;
Poema “Negro”, de Jorge Posada,
recitado pelo estudante Luiz Kauã (2º A);
Desmitificação do Racismo Reverso,
pelas estudantes Ana Letícia e Rayssa Mayra (ambas do 2º A);
Exibição do vídeo “Mapeamento das
Comunidades Rurais Negras e Quilombolas do Cariri”, construção do Grunec e
da Cáritas Diocesana, pelo prof. Nicolau Neto;
Biografia da ativista Rosa Parks,
apresentada pela estudante Maria Eduarda (2º C);
Poema “poeta”, de Carolina Maria de Jesus,
recitado pela estudante Jhennifer (2º D);
15 obras sobre literatura afro-brasileira e
africana que podem ser incluídas nas nossas aulas de
literatura, apresentado pelos estudantes Kayky e Naiala (ambos do 2º A);
Poema “Vozes-mulheres”, de Conceição Evaristo,
recitado pelo estudante Luiz Gustavo (1º A);
Vídeo contando a histórias de várias mulheres
negras, a exemplo de Tereza de Benguela,
produzido pelas estudantes Ana Flávia, Maria Eduarda, Eduarda Custódio,
Sarah, Mikael, Emilly e Iure (todos do 3º A).
Fonte por Nicolau Neto, editor.
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