Um relatório elaborado por cientistas do mundo inteiro e publicado na quarta-feira (12) mostra que a década de 2010 a 2019 foi a mais quente da história do planeta e que o ano passado esteve os três mais quentes já registrados desde o século 19.
A Groenlândia está derretendo mais rapidamente na última década e, neste verão, viu dois dos maiores derretimentos já registrados desde 2012 (Felipe Dana/AP).
Os dados seguem a tendência
histórica: desde a década de 1980, cada ciclo de dez anos tem sido mais quente
que o intervalo correspondente anterior. Entre 2010 e 2019, a média foi 0,2ºC
mais quente que a registrada entre 2000 e 2009.
Além disso, segundo os cientistas,
apenas o ano de 2016 – e, para alguns dados, o ano de 2015 – foram mais quentes
do que 2019. Depois de 2013, todos os anos subsequentes foram mais quentes que
os anteriores, desde meados do século 19.
Esta é a 30ª edição do relatório
anual “State of the Climate” e se refere ao ano passado, que teve a
contribuição de 528 autores e editores de 61 países. A série histórica mostra,
ano a ano, as consequências das mudanças climáticas.
No Brasil
Os cientistas pontuaram que, no
ano passado, as emissões causadas por incêndios em regiões florestais de vários
países, inclusive no Brasil, compensaram a tendência de queda global de longo
prazo nas emissões das regiões de savana.
Em 2019, tanto a Nasa (a agência
espacial americana) quanto o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
classificaram o período de queimadas na Amazônia como o pior desde 2010. Também
foi registrado aumento nos focos de queimadas no Cerrado, e altas inéditas no
desmatamento amazônico.
Uma onda de calor no sudeste
brasileiro também contribuiu para temperaturas extremas na América do Sul, que
registrou seu segundo ano mais quente na história. Em Santiago, no Chile, houve
um novo recorde de temperatura máxima: 38,3°C em 27 de janeiro.
Temperaturas e derretimento recordes
O documento também cita
temperaturas recordes alcançadas em alguns países, assim como altas inéditas no
nível de derretimento de geleiras, que contribuem para o aumento do nível do
mar.
Veja alguns destaques:
– Julho de 2019 foi o mês mais
quente da história terrestre.
– A Austrália teve um novo recorde
nacional de temperatura média máxima registrada em um dia: 41,9°C, no dia 18 de
dezembro – quebrando o recorde anterior, estabelecido em 2013, que era de
40,3ºC.
– Pela primeira vez, as
temperaturas diárias ultrapassaram os 40ºC na Bélgica e na Holanda.
– A Índia teve as chuvas de
monções mais pesadas desde 1995.
– O furacão Idai foi o mais mortal
da bacia do Sul do Oceano Índico, com mais de 1,2 mil mortes em Moçambique,
Zimbábue, Malaui e Madagascar. A tempestade também foi a que causou mais
prejuízos financeiros na região, com danos de pelo menos US$ 2,2 bilhões (quase
R$ 12 bilhões).
– A extensão e a magnitude da
perda de gelo na Groenlândia chegou perto dos níveis de 2012, ano que marcou o
recorde na perda de gelo.
– No ano passado, o nível médio
global do mar atingiu um novo recorde pelo 8º ano consecutivo, ficando a 87,6mm
acima da média de 1993, quando as medições de satélite começaram. O aumento
médio desde 2018 é de 6,1mm por ano.
– Também houve recorde no conteúdo
de calor do oceano medido a 700m de profundidade, e a temperatura média global
da superfície do mar foi a segunda mais alta já registrada, superada apenas por
2016, ano recorde por causa do El Niño.
Fonte: G1
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