Despreparado nos mais
variados assuntos, o presidente Jair Bolsonaro tem se mostrado um “franco
atirador” na questão crise que se acirrou no Oriente Médio após a morte do
general iraniano Qasem Soleimani, alvo de um bombardeio ordenado pelo
presidente norte-americano.
Com a promessa do
governo do Irã de responder duramente ao ataque ordenado por Donald Trump,
espera-se que o estreito de Ormuz, entre o Golfo de Omã e o Golfo Pérsico, por
onde passam aproximadamente 30% da produção de petróleo global, seja um dos
alvos dos iranianos, como forma de retaliar as nações que apoiam Washington.
Nesta segunda-feira (6),
Bolsonaro afirmou que, apesar de o preço dos combustíveis estar alto nos postos
de abastecimento, a tendência é de estabilidade. Contudo, o presidente
descartou a possibilidade de tabelamento dos preços dos combustíveis, algo que
não coaduna com o discurso liberal da equipe econômica do governo. Além disso,
tal prática foi adotada no passado e resultou em retumbante fracasso
“Reconheço que o preço
está alto na bomba. Pelo que parece, a questão lá dos Estados Unidos e do
Iraque, o impacto não foi grande. Foi de 5%, mas passou para 3,5%. Não sei a
quanto está hoje em relação ao dia do ataque, mas a tendência é a de
estabilizar”, disse o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada.
De acordo com Bolsonaro,
o tema será pauta de reunião agendada para a tarde desta segunda-feira no
Ministério de Minas e Energia. O presidente aproveitou a ocasião para ressaltar
que o combustível custa, na bomba, três vezes o preço cobrado pelas refinarias.
“É um absurdo. É muita
gente ganhando dinheiro sem risco nenhum. São monopólios que vêm de décadas.
Não podemos quebrar contratos, mas vamos quebrando devagar esses monopólios,
usando a lei. O que pudermos abrir vamos abrir. Tem de haver concorrência ao
máximo para quebrar monopólio”, disse.
Jair Bolsonaro passou 28
anos no Congresso como deputado federal e desconhece a mecânica da
comercialização de combustíveis. De início, o presidente deveria saber que no
preço praticado nos postos de combustíveis está embutido o ICMS, que varia de
estado para estado. Na outra ponta dessa cadeia, o comerciante precisa informar
à distribuidora o valor que pretende comercializar a gasolina, por exemplo,
para que seja calculado o preço que pagará pelo produto. Ou seja, Bolsonaro é
um néscio.
No tocante à questão que
chacoalha ainda mais o Oriente Médio, o entrevero envolve o Irã, não o Iraque,
mesmo que o ataque aéreo norte-americano tenha ocorrido em Bagdá.
Bolsonaro deveria
consultar algum assessor todas as manhãs, antes de despejar suas estultices à
porta do Palácio da Alvorada e induzir boa parte da opinião pública a erro. Se
o presidente imaginou que a queda de braços entre Washington e Teerã provocaria
uma disparada do preço do petróleo no mercado internacional, o melhor é se
preparar para outra epopeia, pois não teremos uma reedição do que ocorreu por
ocasião da Guerra do Golfo, por exemplo. Além disso, de lá para cá o cenário
petrolífero global mudou, com aumento da produção do produto em várias regiões
do planeta.
0 Comentários