Um dos membros de uma quadrilha,
presa em Caucaia, possuía conversas no WhatsApp sobre uma unidade de saúde
voltada para atender criminosos. Justiça determinou quebra do sigilo telefônico
dos investigados
As organizações criminosas em
todo o Brasil fazem jus a esse nome. Hierarquia definida, arsenal pesado e
recrutamento constante de novos integrantes. No Ceará, a prisão de uma
quadrilha ligada à facção Comando Vermelho (CV) revelou a possível existência
de um hospital clandestino voltado para atender criminosos. O caso é
investigado pela Polícia Civil do Ceará (PCCE).
Os suspeitos de cometer crimes,
quando são feridos, correm o risco de procurar unidades de saúde e serem
descobertos pela Polícia – o que teria motivado a facção a montar o seu próprio
hospital.
Um membro do bando detido,
identificado como José Ferreira da Silva Júnior, o ‘Shrek’, possuía conversas
no aplicativo WhatsApp, em seu celular, nas quais combinava ações criminosas e
falava sobre o hospital clandestino com comparsas, conforme documentos obtidos
pelo Sistema Verdes Mares.
A quadrilha, especializada em
roubos, furtos e homicídios, foi presa no dia 13 de janeiro deste ano, em
Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A partir de informações
levantadas pela Coordenadora de Inteligência Policial (CIP) da Polícia Militar
do Ceará (PMCE), composições do Comando Tático Motorizado (Cotam) chegaram a
duas residências onde estariam escondidos os suspeitos, na Praia de Tabuba.
Além de José Ferreira, foram
presos Neilton Martins Portela, Carlos Luís da Costa Alves, Talia Pereira
Reinaldo, Francisco Welington Alves e Antônio José Pereira da Silva (que também
foi baleado em troca de tiros com os PMs). Nos imóveis, a Polícia apreendeu
duas pistolas e um veículo Toyota Hilux roubado.
Na sequência da operação, os
policiais encontraram três coletes balísticos, três algemas, quatro distintivos
da Polícia Civil e uma camisa com brasão da mesma Instituição, enterrados em um
terreno no município de Redenção – que teriam sido utilizados no roubo do
veículo.
Durante o assalto, o bando
manteve três homens como reféns e exigiu R$ 100 mil em bitcoins (moeda
eletrônica) para liberá-los – o que também demonstrou a organização do grupo
criminoso para a Polícia.
Em depoimento, ‘Shrek’ também
revelou que cometeu um homicídio contra um homem conhecido apenas como Anderson
e enterrou o corpo na localidade de Mangue, no município de Trairi, com a ajuda
de um comparsa, no fim de novembro de 2018. Uma equipa da CIP se deslocou até o
local e encontrou o cadáver em uma cova rasa.
Denúncia
O Ministério Público do Ceará
(MPCE), através da 4ª Promotoria de Justiça da Comarca de Caucaia, denunciou os
seis presos pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido,
posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, receptação e organização
criminosa, em 27 de março último. A Justiça ainda não aceitou a peça
acusatória.
Diante das provas colhidas pela
Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) na investigação, a 2ª Vara Criminal de
Caucaia determinou a quebra do sigilo telefônico contra os suspeitos e que os
aparelhos celulares apreendidos sejam remetidos à Delegacia de Repressão às
Ações Criminosas Organizadas (Draco), para ser realizada perícia – com o
objetivo de extrair arquivos de imagens, áudios e vídeos e verificar trocas de
mensagens nas redes sociais – que irá reforçar as apurações acerca dos crimes.
Fonte Diário do Nordeste
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