O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), foi reeleito neste domingo (27/10) para mais quatro anos de mandato à frente da Prefeitura paulistana, derrotando o candidato do PSol, Guilherme Boulos. Com mais de 90% das urnas apuradas, Nunes tinha 59,56% dos votos, enquanto Boulos somava 40,44%, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ricardo Nunes (MDB) vence Guilherme Boulos (PSol) no 2º turno e se torna o terceiro prefeito da capital paulista a conseguir a reeleição.
A reeleição do emedebista
representa uma importante vitória política do governador Tarcísio de Freitas
(Republicanos), que mergulhou na campanha no momento em que o emedebista se via
ameaçado pela candidatura do influenciador Pablo Marçal (PRTB), no primeiro
turno, a despeito do distanciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que
indicou o agora vice-prefeito eleito, Coronel Mello Araújo (PL).
Por volta das 18h40, Nunes
chegou ao clube em Santo Amaro onde sua equipe aguardava para a festa da
vitória e comemorou a reeleição dando um abraço em Tarcísio: “Olha o grande
vencedor aí”, disse o prefeito ao governador.
Nunes é o terceiro prefeito que
consegue se reeleger na história da capital — antes dele, apenas Gilberto
Kassab (PSD), em 2008, e Bruno Covas (PSDB), em 2020, conseguiram o feito. Em
comum, os três eram vices e assumiram a Prefeitura com a saída dos titulares.
No caso de Nunes, ele sucedeu Covas após seu falecimento, em maio de 2021.
Nunes assumiu a Prefeitura, em
maio de 2021, prometendo preservar o “legado” de Bruno Covas, embora tenha sido
criticado por parte dos tucanos, que o acusaram de fazer o oposto,
especialmente após o emedebista se aproximar de Bolsonaro, em 2022. O grupo
dissidente acabou lançando a candidatura do apresentador José Luiz Datena, que
ficou apenas em quinto lugar no primeiro turno.
Agora, o prefeito reeleito, que
anteriormente ocupou dois mandatos como vereador, deverá imprimir seu próprio
ritmo à administração, sem a sombra do antecessor, mas com uma pressão para
abrir mais espaço na Prefeitura para os aliados do PL de Valdemar Costa Neto,
incluindo a ala bolsonarista do partido.
A vitória de Nunes veio após
uma campanha pautada por estratégias tradicionais, buscando apoio tanto do
eleitorado conservador de centro-direita quanto dos mais radicais da extrema
direita, com o objetivo de garantir o maior tempo possível na propaganda de
rádio e TV. O resultado foi uma coligação de 12 partidos, que lhe deram cerca
de 65% de todo o horário eleitoral da corrida paulistana.
A eleição foi marcada por
intensa troca de acusações, ofensas pessoais e episódios de agressão física,
como a cadeirada de Datena em Marçal e o soco dado pelo videomaker do candidato
do PRTB no marqueteiro de Nunes, ambos em debates na TV. O clima bélico foi
pautado pelo influenciador e contaminou a campanha eleitoral.
Marçal disputava o mesmo
eleitorado de Nunes, e ambos apareciam tecnicamente empatados nas pesquisas do
primeiro turno, ao lado de Boulos, que tentava crescer entre os apoiadores do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal cabo eleitoral. No
segundo turno, porém, ex-coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto
(MTST) sofreu com alto índice de rejeição e teve dificuldades em “furar a
bolha” da esquerda.
De centro com Bolsonaro
Nunes se apresentou como um
político de posições conservadoras, mas moderadas. Ainda em 2022, visando a
reeleição, buscou o apoio de Jair Bolsonaro (PL), acreditando que a eleição
seria polarizada entre direita e esquerda, campo ocupado por Boulos, que já
contava com o apoio de Lula. Foi o presidente quem articulou para a ex-prefeita
Marta Suplicy (PT) deixar a gestão Nunes para ser vice na chapa de Boulos.
Bolsonaro, no entanto, foi
visto com reservas pelos aliados de Nunes, devido a posições radicais que
poderiam afastar eleitores de centro. Por sua vez, o ex-presidente não
demonstrou entusiasmo em apoiar o prefeito, aderindo ao projeto apenas após
insistências do presidente de seu partido, Valdemar Costa Neto, e do governador
Tarcísio de Freitas.
A relação cautelosa entre Nunes
e Bolsonaro contribuiu para o objetivo de evitar um candidato bolsonarista
alternativo na disputa. Bolsonaro formalizou apoio a Nunes, indicando o vice da
chapa, Coronel Mello Araújo, e rompendo com Marçal no meio do primeiro turno, o
que os aliados de Nunes consideram um fator decisivo para o resultado.
Apoio decisivo
A participação direta de
Bolsonaro na campanha só ocorreu no último dia 22, em um almoço com Nunes e
empresários em uma churrascaria na zona sul da cidade. No entanto, segundo
integrantes da campanha, o apoio do ex-presidente já era dispensável, pois
Nunes já tinha consolidado o favoritismo sobre Boulos no segundo turno.
Por outro lado, Tarcísio foi
considerado essencial para a reeleição do prefeito. Além de garantir o apoio
dos bolsonaristas, o governador atuou ativamente na campanha, pedindo votos
para o prefeito na TV e organizando eventos para fortalecer a base de Nunes.
A campanha de Nunes destacou
como trunfo eleitoral realizações como o fim da fila por vagas em creches, a
abertura de 10 hospitais, o recapeamento de 4,1 mil km de vias, a instalação de
câmeras de segurança e a criação de faixas azuis para motociclistas.
Entre as promessas, Nunes
comprometeu-se a ampliar o ensino integral, aumentar o efetivo da Guarda-Civil
Municipal, oferecer transporte gratuito para mães de crianças em creches e
entregar 70 mil moradias.
Fonte: Metrópoles
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