O número de pessoas desaparecidas em todo o mundo é um problema que afeta famílias inteiras que convivem com a dor de não saber o paradeiro de um ente querido. Essa realidade, para muitos, é até mais difícil que a própria morte, uma vez que não se tem informações das condições que o desaparecido se encontra.
A mulher vítima de atropelamento no centro de Vitória em 2000, foi socorrida sem documentos até ser apelidada de a "Paciente Clarinha".
Clarinha sendo cuidada no Hospital Militar do Espírito Santo pelo médico Coronel Jorge Potratz. | Reprodução/ Tv Gazeta
Uma mulher, que sofreu um
acidente de carro no ano 2000, acabou sendo internada em um hospital no centro
de Vitória, no Espírito Santo, dada como desconhecida. Ela chegou sem
documentos e registro oficial, nenhum parente foi procurar pela vítima e então,
ela recebeu o nome de Clarinha devido a cor da sua pele.
O caso ganhou repercussão
nacional após de uma reportagem feita pelo programa Fantástico em 2016, sendo
chamada de 'mulher misteriosa". O médico que cuidou dela ao longo destes
24 anos, Coronel Jorge Potratz, informou que na noite desta quinta-feira (14),
ela teve uma broncoaspiração e não resistiu.
Clarinha, como foi chamada pela
equipe médica do Hospital Militar do Espírito Santo, HPM-ES, foi atropelada no
dia dos namorados em 2000.
Segundo a Polícia, a hora e o
local exato do atropelamento e o veículo que atingiu a paciente nunca foram
identificados. Ela foi socorrida pela ambulância, mas chegou ao hospital
desacordada e como já dito, sem nenhuma identificação de registro oficial.
A mulher estava internada em
estado vegetativo, quando a parte do cérebro que controla o pensamento e o
comportamento param de funcionar, sendo que as outras partes que controlam as
funções vitais, como sono, temperatura corporal, respiração, pressão arterial e
frequência cardíaca continuam funcionando.
O médico, Coronel Jorge
Potratz, disse que decidiu colocar este nome por ser muito complicado não ter
um nome para chamá-la.
"A gente tinha que chamar
ela de algum nome. O nome 'não identificada' muito complicado para se falar.
Como ela é branquinha, a gente apelidou de Clarinha". Disse o médico.
Ele explicou que considerava o
quadro dela bem elevado. Na classificação em uma escala de três a quinze
pontos, quinze é o paciente acordado e lúcido e três é o coma mais profundo.
"Ela não tem nenhum contato com a gente, por isso consideramos um coma
sete pra oito", afirmou.
Sobre a morte da paciente
Nesta quinta-feira, o médico,
emocionado, disse que foi uma pena não ter conseguido resolver o mistério de
Clarinha, e uma pena não ter conseguido encontrar nenhum familiar que pudesse
oferecer um encontro a paciente.
"É muito triste ter esse
desfecho. Mas, devemos lembrar que tudo Deus tem um propósito. Em um futuro,
vou entender tudo isso. Tentamos tornar a vida dela, que de tão difícil, com
mais dignidade. É triste esse fim." enfatiza.
O enterro de Clarinha
Pelo fato da paciente não ter
nenhum registro oficial, há a possibilidade de ser enterrada como indigente.
Mas, a "família" formada pela equipe médica do HPM, vai atuar para
evitar que essa situação não aconteça e que ela possa ter direito a um
sepultamento digno, pois recebeu uma atenção especial por todos no hospital.
Sobre o mistério
Quando a notícia sobre a
paciente Clarinha foi ao ar durante o programa Fantástico, mais de 100 famílias
procuraram o Ministério Público para identificar Clarinha como uma possível
desaparecida. Mas apenas 22 casos chamaram a atenção pelas fotos e
similaridades dos dados próximos ao perfil dela.
Após a triagem detalhada, aponta
MPES, quatro casos foram descartados devido à incompatibilidade de informações,
ou por causa de já terem encontrado as pessoas que estavam desaparecidas. O
Ministério Público dividiu as 18 pessoas restantes em dois grupos para a
realização dos exames de DNA. No entanto, os traços mostraram-se incompatíveis
pelos traços familiares.
Autor:Camila
Eneyla
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