A alta nos casos de dengue no Distrito Federal tem causado muita preocupação à população, em especial às grávidas. A recomendação médica a elas é redobrar os cuidados para evitar serem picadas pelo Aedes aegypti, que também transmite o zika. Esse vírus está associado ao surgimento da microcefalia em fetos. Profissionais da saúde também recordam que a contaminação pelo mosquito pode provocar até abortos.
O Correio conversou com a
obstetra Tatianna Ribeiro, especialista em fertilidade da clínica Rehgio. Ela
indicou os cuidados necessários para prevenção e tratamento da dengue e
destacou que a gestante contaminada tem risco aumentado de sangramento vaginal.
Isso pode levar à interrupção da gestação, a parto prematuro, a óbitos materno
e fetal, e baixo peso do bebê ao nascer, entre outras complicações. “Estudos
recentes mostraram, ainda, que a chance de a criança apresentar má-formação
neurológica é 50% maior do que das nascidas de mães que não tiveram dengue.
Entretanto, não foi observada associação com microcefalia, como é o caso do
zika vírus, transmitido pelo mesmo vetor”, observou.
A obstetra detalhou também em
que momentos do período gestacional as ameaças são maiores. “Os riscos de
abortamento espontâneo e de ameaça de aborto parecem aumentar quando a dengue
ocorre no primeiro trimestre da gestação. As complicações hemorrágicas parecem
ser mais comumente observadas quando a doença se manifesta (na mãe) próximo ao
parto. Quando a infecção ocorre no último trimestre ou próximo ao momento de se
dar à luz, os recém-nascidos ficam mais susceptíveis a apresentar sinais e
sintomas da febre. Nesses casos, usualmente, a recuperação deles é boa, sem
maiores intercorrências”, disse Tatianna.
De acordo com a especialista,
as precauções que a grávida deve ter são as mesmas que o restante da população.
“Cuidar-se com repelentes, seja aerosol, creme ou spray. Além de ficar atenta
ao período de duração do efeito da medicação para poder reaplicar”, orientou.
“É importante frisar que as gestantes não podem fazer uso da vacina para
dengue”, completou.
Cuidados
Quanto ao tratamento, caso a
mãe contraia dengue, a obstetra enfatizou a importância de ela aumentar a
hidratação e o repouso. “É um tratamento sintomático, devendo evitar os
antinflamatórios, pois aumentam as chances de sangramentos”, comentou Tatianna.
Segundo o último boletim
epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), a capital
federal alcançou a marca de 46.298 casos suspeitos de dengue, entre 1º de
janeiro e 3 de fevereiro. Esse total representa um aumento de 1.120,6% em
relação ao mesmo período de 2023. Este ano, foram registradas 13 mortes
resultantes da doença e outros 45 falecimentos estão sendo investigados para
verificar se têm relação com a doença.
A SES-DF recomenda, como forma
de se proteger contra a picada do Aedes Aegypti, usar roupas que cubram o corpo
e manter as moradias livres de objetos, como pneus e pratos de vasos de plantas.
Eles podem acumular água e tornam-se criadouros do inseto.
Após a picada do mosquito, os
primeiros sintomas aparecem entre quatro e 10 dias. Eles são: mal-estar,
fadiga, febre alta (acima de 38ºC), dores de cabeça, pelo corpo, atrás dos
olhos e nas articulações. Os doentes também podem sofrer com vômitos, náuseas,
diarréias e manchas pelo corpo. Há ainda casos de pessoas assintomáticos nas
quais só se identifica estarem com a doença depois de manifestarem alguns
desses problemas.
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