O Ministério da Saúde (MS) lançou dia (25) uma campanha voltada para a prevenção e combate à malária. Com o slogan O combate à malária acontece com a participação de todos: cidadãos, comunidade e governo, a campanha tem como foco a Região Amazônica, que concentra 99% dos casos no país. A doença, cuja incidência ocorre nas populações de maior vulnerabilidade social, representa um grande problema de saúde pública no país. A data marca o Dia Mundial de Luta Contra a Malária e os 20 anos de atuação do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária.
A Região Amazônica concentra 99% dos casos da doença em todo o Brasil.
A malária é transmitida por meio da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles infectada | Prefeitura de Caraguatatuba.
Em 2019, o Brasil registrou mais 153 mil
casos de malária; em 202 0 foram 143 mil; em 2021, 193 mil casos e em 2022,
foram registrados 129 mil casos da doença e 50 óbitos. Dados preliminares da
pasta mostram que, nos dois primeiros meses de 2023, já foram registrados
21.273 casos, um aumento de 12,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo o Ministério da Saúde, a campanha
de publicidade será veiculada na televisão, rádio, internet, redes sociais e
outdoors nos estados da Região Amazônica (AC, AM, AP, MA, MT, PA, RO, RR e TO).
A campanha será divulgada também em carros e barcos de som, para que a
informação chegue à população das localidades mais vulneráveis.
A malária, também conhecida como
impaludismo, paludismo, febre palustre, febre intermitente, febre terçã
benigna, febre terçã maligna, é transmitida por meio da picada da fêmea do
mosquito do gênero Anopheles infectada por uma ou mais espécies de protozoário
do gênero Plasmodium.
A doença tem cura e o tratamento é eficaz,
simples e gratuito. Entretanto, a doença pode evoluir para suas formas graves
se não for diagnosticada e tratada de forma oportuna e adequada.
O Plasmodium falciparum é considerado o
mais agressivo, por ser associado à forma grave da doença, cujos sintomas são:
prostração, alteração da consciência, dispneia ou hiperventilação, convulsões,
hipotensão arterial ou choque e hemorragias.
No Brasil, 30 municípios concentraram 80% dos casos da doença. Considerando apenas malária por P. falciparum, 16 municípios concentram 80% dos casos. Na região extra-amazônica, composta pelas demais unidades federativas, as ações se concentram em evitar a transmissão autóctone (local).
A diretora do Departamento de Doenças
Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da
Saúde, Alda Cruz, disse que a campanha vai ser veiculada nas regiões,
consideradas especiais e mais afetadas, com foco em alertas, as formas de
prevenção e tratamento da doença.
“O dever de casa é diagnosticar e tratar
todos os casos de forma adequada e oportuna, com a realização das atividades de
prevenção e controle, incluindo educação em saúde e evitar o restabelecimento
nas áreas sem transmissão autóctone nos últimos três anos, que vem sendo
implementado na região extra-amazônica”, destacou.
Alda informou que todos os medicamentos
para o tratamento de malária estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS)
e que o ministério distribuiu 171,9 mil testes, para atender estados da
federação e Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Outros 300 mil
testes serão entregues em duas etapas ao longo do ano de 2023. Ainda para este
ano, o SUS está preparado para tratar mais de 800 mil pessoas com a doença,
incluindo malária grave.
Os dados do MS, mostram que houve, entre
2021 e 2022, uma redução na transmissão de malária em áreas especiais, a
exceção da área de garimpo, que apresentou um aumento de 11, 4% dos casos,
passando de 20.554, em 2021, para 22.889 no ano seguinte.
Na área rural, o número de casos caiu de
50.896 para 47.621, uma redução no período de 6,4%; no assentamento houve
diminuição de 7.727 para 6.961, queda de 9,9%; na área urbana o número de casos
caiu de 11.976 para 10.483, redução de 12,5%; e na área indígena a queda foi de
15,7%, passando de 46.048 para 38.807.
Para a oficial nacional de malária e
doenças neglicenciadas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Sheila
Rodovalho, é preciso ter atenção detalhada porque a forma de transmissão da
doença varia em cada área. Ela destacou que a organização estuda fortalecer o
apoio para a equipe nacional que trabalha na área, especialmente no estado do
Amapá.
“Estamos avaliando um apoio para
fortalecer a equipe nacional, mas também em um estado específico que estamos
trabalhando hoje, que é o Amapá. É um estado que conseguimos identificar várias
situações: temos área indígena, temos garimpo, ribeirinhos, temos áreas de
fronteira onde tem uma ameaça de resistência a medicamentos”, disse.
A secretaria de Vigilância em Saúde e
Ambiente do MS, Ethel Maciel, disse que, além da campanha, a pasta deve lançar
nos próximos dias, um plano estratégico de combate à malária específico para a
Amazônia Legal. Entre as ações que devem ser realizada estão a capacitação de
lideranças para a eliminação da doença.
"Trabalharemos nessas duas frentes:
um plano específico visando o preenchimento de alguns vazios, tanto na
vigilância quanto na assistência. Quando olhamos a distribuição, inclusive dos
equipamentos de saúde no Brasil, eles são um tanto diferenciados por região e a
Região Norte é aquela que precisamos olhar de forma diferenciada para efetivar
a equidade em saúde", explicou.
Autor:Agência Brasil
0 Comentários