Ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobraram a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e afirmaram que ficar sem respostas sobre o caso fragiliza a democracia brasileira.
Marielle e o motorista Anderson Gomes foram assassinados a tiros no centro do Rio de Janeiro em março de 2018.
A vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi assassinada. | Reprodução
Os
ministros Anielle Franco (Igualdade Racial), irmã de Marielle, Silvio Almeida
(Direitos Humanos) e Sônia Guajajara (Povos Originários) participaram de sessão
solene na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (15) em homenagem à
vereadora, assassinada há cinco anos.
Na
noite de 14 de março de 2018, Marielle e o motorista Anderson Gomes foram
assassinados a tiros no centro do Rio de Janeiro. As investigações seguem, até
agora, sem conclusão.
Os
ex-policiais militares Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos, e
Élcio de Queiroz, acusado de dirigir o carro usado no crime, foram presos em
março de 2019 e se tornaram réus pelos homicídios. Desde então, as autoridades
tentam identificar possíveis mandantes do crime.
Anielle
afirmou nesta quarta que a Câmara já foi palco para fake news e ódio contra sua
irmã e que é preciso ter força para "seguir combatendo a violência
política e tudo o que assola a democracia".
"Enquanto
a gente não responder quem mandou matou a Mari a gente segue com essa democracia
fragilizada. E eu realmente espero que a gente não tenha que ficar mais cinco
anos para esperar alguma resposta dos mandantes", disse.
Sônia
Guajajara também cobrou a solução do caso e disse que o governo Lula e seus
ministros estão empenhados nisso. "Cobrando e lembrando, que é o que a
gente pode fazer. Colocar sempre [esse assunto] na pauta", disse.
"Lutar por Marielle
é lutar pelo fortalecimento da nossa democracia, é lutar por igualdade de
participação de nossos corpos, é lutar por essa ocupação também nos lugares de
tomada de decisão", seguiu.
Silvio
Almeida, por sua vez, afirmou que o assassinato de Marielle revelou que o
Brasil é um país autoritário, desigual e atravessado pelo racismo e que ele não
irá "superar seus dramas históricos e tragédias" sem que o crime seja
desvendado.
Ele
voltou a reforçar o compromisso do governo com o caso, afirmando que "há
disposição" para isso, e disse que a solução dele seria um "recado
muito claro para quem ameaça defensores dos direitos humanos, ambientalistas,
comunidades indígenas, quilombolas e parlamentares".
Em
fevereiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou a
instauração de um inquérito da Polícia Federal para ampliar a colaboração
federal nas investigações.
A
iniciativa em homenagem à vereadora nesta quarta-feira partiu da deputada
federal Erika Hilton (PSOL-SP), que preside a sessão.
O
líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), a vereadora Monica Benicio
(PSOL-RJ), viúva de Marielle, e o secretário de Acesso à Justiça, Marivaldo
Pereira, também compareceram. A viúva de Anderson Gomes, Agatha Arnaus Reis,
discursou virtualmente.
"Nós
vencemos o fascismo na última eleição. E agora precisamos vencer a impunidade.
Esse crime não pode ser esquecido. Nós temos o compromisso, delegado pelo
presidente Lula ao ministro da Justiça, e nós vamos esclarecer. Esse país tem o
direito de saber quem matou Marielle", disse José Guimarães.
Flores
amarelas e placas da rua Marielle Franco, além de cartazes, foram distribuídas
aos presentes. Em diversos momentos, foram ditas palavras de ordem como
"Marielle, presente" e "Anderson, presente".
Autor:Victoria Azevedo e Cézar Feitosa/Folhapress
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