Ações do varejo despencavam nesta quinta-feira (2) devido ao temor de investidores em relação aos rumos do setor após o escândalo contábil da Americanas, uma das principais empresas do segmento listadas na Bolsa de Valores brasileira.
Mercado financeiro sofre os efeitos do tombo das ações da Americanas
Ações da Lojas Americanas está em queda | Reprodução/ Redes Sociais
Uma
descoberta preliminar de cerca de R$ 20 bilhões em "inconsistências"
contábeis no balanço da companhia levou às renúncias do
presidente e do diretor financeiro da empresa.
Sergio Rial
sai dez dias após assumir o cargo, depois de seis anos à frente do Santander
Brasil. Rial substituiu Miguel Gutierrez, que foi presidente da Americanas por
cerca de 20 anos. O diretor financeiro Andre Covre também havia acabado de
ingressar na Americanas.
As
negociações dos papéis da Americanas na Bolsa foram temporariamente suspensas.
O mecanismo de proteção, acionado quando há oscilações fora do comum, é chamado
de leilão e permite apenas que investidores enviem ordens de compra e de venda,
sem a conclusão do negócio.
Na prática,
as ações não são vendidas. Ainda assim, o preço do papel continua a ser
computado durante o leilão. Às 13h15 desta quinta, a ação da Americanas valia
R$ 1,50, o que representa uma queda de 87,5% em relação aos R$ 12 do fechamento
do mercado na véspera.
Indicando
preocupações generalizadas de investidores quanto ao varejo, os papéis da Via
despencavam 8,08%. A Magazine Luiza caía 2,97%. Bancos também amargavam perdas.
Santander, Bradesco e Itaú recuavam 1,91%, 0,97% e 0,80%, nessa ordem.
"Se o
rombo for esse mesmo, de R$ 20 bilhões, o mercado começa a se preocupar sobre
com quem está essa dívida", comentou Piter Carvalho, economista da Valor
Investimentos. "No caso específico do setor de varejo, o investidor começa
a temer que outras empresas tenham problemas parecido", disse.
"Hoje é
um dia em que o mercado vai olhar muito para essa crise envolvendo a
Americanas, pois é uma empresa importante e há muitos investidores e fundos com
posições relevantes nela", afirmou Heitor Martins, especialista em renda
variável da Nexgen Capital.
O índice
Ibovespa, referência da Bolsa, abandonava as baixas da manhã e passava a
apresentar leve alta de 0,22%, aos 112.760 pontos. A recuperação do indicador
estava apoiada em altas de empresas de segmentos ligados a exportação de
matérias-primas para a produção de aço (mineração) e energia (petróleo), que
possuem grande peso no mercado doméstico.
No mercado de
câmbio, o dólar apresentava forte queda frente ao real. A moeda americana
recuava 1,06%, cotada a R$ 5,1260 na venda.
Nesta
quarta-feira (11), a Bolsa teve sua sexta alta diária seguida e o dólar fechou
em queda, com investidores dando maior atenção ao noticiário econômico, após a
divulgação do secretariado do Ministério do Planejamento e as declarações da
ministra Simone Tebet.
No exterior, as
bolsas também subiram com os investidores otimistas com os dados da inflação ao
consumidor nos Estados Unidos. O mercado espera uma desaceleração do indicador,
o que poderia levar o Federal Reserve, banco central norte-americano, a
diminuir o ritmo de alta dos juros.
O Ibovespa
fechou em alta de 1,53% a 112.517 pontos. Nos últimos seis pregões, a Bolsa
acumula alta de 8%. O dólar comercial à vista fechou com queda de 0,40%, a R$
5,1810 para venda.
Desde o dia 4
de janeiro, quando atingiu o pico de R$ 5,45 no ano, o dólar acumula
desvalorização de 5% ante o real.
Os juros
recuaram em todos os vencimentos. Os contratos para 2024 caíram de 13,59% no
fechamento desta terça-feira (10) para 13,52%. Para 2025, a taxa passou de
12,69% para 12,53%. Para 2027, o recuo foi de 12,50% para 12,26%.
A ministra do
Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), anunciou nesta quarta-feira (11)
a composição de sua equipe de secretários ressaltando "as linhas de
pensamento econômico diferentes" e pregando harmonia com os ministros da
Gestão, Esther Dweck, e da Fazenda, Fernando Haddad.
Sobre o
ministro da Fazenda, reportagem da Folha de S.Paulo revela que a proposta de
arcabouço fiscal da equipe econômica de transição, que reuniu André Lara
Resende, Guilherme Mello, Nelson Barbosa e Persio Arida, envolve a substituição
do teto de gastos por uma meta de despesas.
A cotação do
petróleo também ajudou a Bolsa, impulsionando principalmente as empresas do
setor. Às 18h26 (horário de Brasília), o barril do tipo Brent subia 3,48%, a US$
82,89.
As ações
ordinárias da 3R Petroleum e da PRIO, antiga PetroRio, ficaram com as maiores
altas do Ibovespa, com 13,64% e 7,76%, respectivamente. Nesta quarta, a 3R
divulgou que em dezembro, sua produção quase dobrou em relação a novembro.
Os papéis da
Petrobras subiram menos, mais impactadas pela cautela com o cenário político.
As preferenciais fecharam em alta de 0,79%, e as ordinárias avançaram 1,28%.
No exterior,
os principais índices de ações nos Estados Unidos também encerraram o dia em em
alta. Além do otimismo com a inflação no país, o otimismo em relação à retomada
econômica na China também ajudou o mercado.
O índice Dow
Jones teve alta de 0,80%, enquanto o S&P 500 subiu 1,28%. O Nasdaq 100
fechou com avanço de 1,76%.
Apesar da
atenção dada ao noticiário econômico, o mercado mantém no radar o ambiente
político, com ameaças de novas invasões e bloqueios por parte de militantes
bolsonaristas. O governo anunciou medidas de prevenção para evitar nova invasão
nas sedes dos Três Poderes.
O ministro
Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nesta quarta
que as autoridades públicas impeçam quaisquer tentativas de ocupação ou bloqueio
de vias públicas, rodovias, espaços e prédios públicos por manifestantes
golpistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O ministro da
Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, prorrogou por mais dez dias o uso da
Força Nacional da região da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três
Poderes, palco de atos de vandalismo no último domingo (8).
Autor:(Folhapress)
0 Comentários