O presidente Jair Bolsonaro (PL) contou a história da visita que fez a uma casa em que estavam adolescentes venezuelanas também em um discurso na abertura 36ª edição da Apas Show, feira de alimentos, bebidas e supermercados, em maio deste ano.
Além da entrevista em que disse que "pintou um clima" com meninas de 14 e 15, o presidente já havia citado o mesmo caso de exploração sexual outras duas vezes este ano. A primeira em discurso em evento do setor de supermercados, em maio, e outra no podcast Collab, em setembro.
Jair Bolsonaro (PL) também falou das "meninas arrumadinhas" da Venezuela, no podcast Collab. | (Foto: Reprodução/Redes Sociais) |
O chefe do Executivo narrou o mesmo fato que revelou
ao canal Paparazzo: encontrou meninas "arrumadinhas" em uma rua do
Distrito Federal, pediu para entrar na casa delas e encontrou um ambiente de
prostituição.
O evento aconteceu na Expo Center Norte, em São Paulo. O ministro da
Economia, Paulo Guedes, e o candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de
Freitas (Republicanos) também participaram do encontro. O vídeo foi compartilhado
na página do Facebook de Bolsonaro.
"Eu estive no meio do povo desde que apareceu
a Covid-19, sem máscara. [...] Se eu não fizesse isso, não saberia como o povo
está vivendo. Fui para dentro da periferia de Brasília, entrei numa república
de venezuelanos. Dá para imaginar pessoas? Sábado a tarde, eu vejo, paro a
moto, olho para trás. Umas meninas de 14, 15 anos, arrumadinhas. Surpreendeu.
Eu voltei. Falei: 'Abre uma live", narrou o presidente.
E seguiu: "Tinha umas 20 venezuelanas ali.
Meninas bonitas, de 14, 15 anos, se arrumando para quê? Se arrumando sábado a
tarde para quê? É isso que nós queremos para nossas filhas e netas?".
Este é mais um registro em que Bolsonaro narra a mesma história. Nesta
terça (18), a socióloga Rosângela Silva, a Janja, mulher do ex-presidente Lula
(PT), postou no Twitter uma nova entrevista do presidente em que o mandatário
abordou o assunto.
"O 'cidadão de bem' deveria ter denunciado se
houvesse qualquer indício de exploração de menores. É essa proteção das
famílias que ele prega?" escreveu Janja na rede social.
Na conversa com entrevistadores do podcast Collab,
realizada em 12 de setembro deste ano, o presidente narra exatamente os fatos
que revelou ao canal Paparazzo.
PEDOFILIA
A exploração da narrativa de Bolsonaro por apoiadores
de Lula abalou a campanha do presidente. Na entrevista anterior, ao Paparazzo,
ele disse que, quando viu as meninas, "pintou um clima", e por isso
desceu para conversar com elas. Opositores associaram a frase à pedofilia.
Além disso, a informação de Bolsonaro de que as
meninas se prostituíam foi desmentida por mulheres que estavam no local. Elas
narraram ao UOL que, naquele dia, um projeto social envolvendo treinamento de
cabeleireiras e maquiadoras fazia um evento com as adolescentes, que estavam se
arrumando.
No mesmo dia da
divulgação da primeira entrevista, a campanha de Bolsonaro reagiu nas redes
sociais e acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para impedir que o PT e
seus aliados sigam divulgando o vídeo. O ministro Alexandre de Moraes acatou o
pedido, mas o PT recorreu.
O impacto negativo levou a senadora
eleita Damares Alves e a primeira-dama Michelle Bolsonaro a procurarem as
entidades que têm ligação com o projeto. As famílias exigiram a
retratação de Bolsonaro.
VEJA
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