A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou a importação de uma vacina contra a varíola dos macacos. A aprovação ocorreu na última quinta-feira (25) em decisão unânime da diretoria colegiada.
Após a Anvisa ter autorizado a importação de uma vacina contra o vírus da nova varíola, agora falta saber como será a campanha de imunização.
A Anvisa aprovou a importação da vacina contra a varíola dos macacos. | (Foto: Divulgação) |
A autorização se aplica à vacina da empresa
Bavarian Nordic A/S, fabricada na Dinamarca e na Alemanha. Apesar de ser o
mesmo produto, o imunizante é chamado de Jynneos nos Estados Unidos e Imvanex
na Europa.
A decisão vale também para o antiviral Tecovirimat, que será usado em
pacientes graves. Nos dois casos, a dispensa temporária de registro tem prazo
de seis meses, podendo ser revogada, e vale apenas para o Ministério da Saúde
-o que, na prática, impede que empresas privadas importem e comercializem os
produtos.
Veja abaixo o que se sabe até agora sobre a
vacinação.
QUEM RECEBERÁ A VACINA CONTRA A VARÍOLA DOS MACACOS?
A Anvisa liberou a aplicação do imunizante em
adultos com 18 anos ou mais, sem restrições. O Ministério da Saúde afirma, no
entanto, que, neste momento, a vacina será destinada apenas a profissionais de
saúde que manipulam as amostras recolhidas de pacientes e pessoas que tiveram
contato direto com doentes.
QUAL VACINA SERÁ
USADA NO BRASIL?
A Anvisa liberou a importação e o uso da vacina de vírus não replicante
fabricada pelo laboratório Bavarian Nordic A/S, da Dinamarca. Apesar de ser o
mesmo produto, o imunizante é chamado de Jynneos nos Estados Unidos e Imvanex
na Europa.
O imunizante foi desenvolvido inicialmente para o
controle da varíola humana, mas também demonstrou eficácia contra a varíola dos
macacos. "Devido às semelhanças dos vírus e a estudos feitos em animais,
percebeu-se que essa vacina pode ter uma boa resposta também contra a monkeypox
[como a doença também é conhecida]. As autoridades fizeram a extensão do uso
considerando os dados avaliados", afirma Meiruze Freitas, diretora da Anvisa.
HÁ ALGUMA VACINA
APROVADA PARA CRIANÇAS NO PAÍS?
Não. Meiruze Freitas afirma, no entanto, que novos
dados podem surgir. "Eu diria que o momento é muito incerto. Hoje, o que a
gente tem nos relatórios é a indicação de uso para pessoas acima de 18 anos,
mas isso também pode ser maleável, a depender de dados que forem
surgindo."
QUANTAS DOSES FORAM COMPRADAS?
O Ministério da Saúde comprou 50 mil doses da
vacina por meio da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), braço da OMS
(Organização Mundial da Saúde) nas Américas. A entidade está coordenando a
compra junto ao fabricante, de forma global, para facilitar o acesso à vacina
dos países com casos confirmados da doença. O ministério afirma que segue em
tratativas para adquirir mais doses.
QUANDO COMEÇARÁ A
VACINAÇÃO NO BRASIL?
O Ministério da Saúde espera receber 20 mil das 50
mil doses compradas em setembro e o restante em outubro. A pasta não informou
quando pretende iniciar a vacinação do público-alvo.
O QUE PODE LEVAR À REVOGAÇÃO DA LIBERAÇÃO DA VACINA?
Meiruze Freitas explica que o Ministério da Saúde é
obrigado a monitorar a reação das pessoas à vacina e a reportar eventuais
problemas. "Nós estamos falando de um produto que, inicialmente, foi
desenvolvido para ser utilizado quase em condições de uma doença rara. Não eram
tantas pessoas expostas a esse produto. Agora, com a varíola dos macacos, o
mundo começou a ter mais pessoas expostas. A partir do momento em que mais
pessoas são expostas ao produto [a vacina], a gente pode verificar se haverá
alguma reação adversa desconhecida ou grave que nos obrigue a fazer uma
intervenção."
A LIBERAÇÃO DA ANVISA
VALE POR SEIS MESES. O QUE ACONTECERÁ DEPOIS?
A diretora da Anvisa afirma que se nenhuma empresa pedir o registro
definitivo de uma vacina ou a autorização de uso emergencial em seis meses, o
Ministério da Saúde pode submeter à Anvisa um pedido de prorrogação do prazo.
"O Ministério vai nos apresentar um relatório de monitoramento do produto
no Brasil. Mostrou eficiência? Reduziu o número de casos? Foi seguro? Não
tivemos o aparecimento de reações adversas, desconhecidas ou de risco? Se o
cenário epidemiológico permanecer o mesmo, a Anvisa pode prorrogar o
prazo", explica.
QUEM TEVE VARÍOLA DOS
MACACOS PODERÁ TOMAR A VACINA?
Meiruze Freitas afirma que "a lógica é pensar
que sim". "Não existem tantas informações sobre isso. A princípio,
acredita-se que quem teve varíola dos macacos tem imunidade natural por um
período, mas ainda não se sabe por quanto tempo. Lá atrás, quem teve varíola
depois também tomou a vacina da varíola. Então, não dá para falar que quem teve
varíola dos macacos está isento da necessidade de tomar a vacina. Vamos ter que
acompanhar ainda."
QUEM TOMOU A VACINA
DA VARÍOLA NO PASSADO PODERÁ TOMAR AGORA?
"Não
existe nenhum impeditivo. Pela lógica, também utilizando o mesmo princípio da
razoabilidade, acredita-se que quem tomou a vacina contra a varíola no passado
também teria uma proteção cruzada [para varíola dos macacos], mas nós não
sabemos por quanto tempo. O que chama atenção é que a maioria das pessoas
infectadas inicialmente tem abaixo de 40 anos. E essas pessoas abaixo de 40
anos nasceram numa época em que a varíola estava erradicada e, por isso, não
foram vacinadas. A gente teria que ter um estudo para falar que isso realmente
acontece, mas há um forte indicativo."
Autor: Thaísa Oliveira/Folhapress
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