Um brasileiro de 23 anos que tentou entrar de forma irregular nos Estados Unidos e estava sob custódia das autoridades no estado do Novo México morreu na última quarta-feira (24), de acordo com um boletim divulgado pela agência americana de imigração (ICE, na sigla em inglês) na sexta (26). A causa da morte está sendo investigada.
A causa da morte de Kesley Vial, de 23 anos, ainda é desconhecida. O jovem que foi encontrado inconsciente, teria tentado entrar no país de forma irregular.
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Kesley Vial morreu em 27 de agosto no Novo México enquanto estava sob custódia da agência americana de imigração. | Reprodução/Facebook |
Kesley Vial foi capturado em abril por agentes da
Patrulha de Fronteira dos EUA na cidade de El Paso, no Texas. Ele foi
transferido para a custódia do ICE no mesmo mês e, depois, para o centro de
detenção do Condado de Torrance, no Novo México. Lá, aguardava decisão judicial
para saber se poderia permanecer em território americano ou se seria deportado.
Segundo o ICE, Vial foi encontrado inconsciente no
dia 17 de agosto nas instalações do centro de detenção. A agência informou que
a equipe médica do local foi acionada e que o brasileiro então foi transferido
para o Hospital da Universidade do Novo México, onde acabou morrendo uma semana
depois.
Os últimos meses registraram aumento na captura de imigrantes
brasileiros em situação irregular nos EUA. Os dados de maio apontam por
exemplo, que em média 165 pessoas do Brasil foram barradas ao tentar entrar nos
EUA via México, reforçando uma tendência em alta desde o início do ano.
Muitos dos brasileiros detidos permanecem em
situação precária, afirma César Rossatto, cônsul honorário do Brasil e
professor da Universidade do Texas. "Há casos em que as pessoas não se
alimentam direito, relatos de racismo e de situação precária de higiene. Às
vezes, os detidos ficam ao relento no frio".
Desde 2020, ao menos oito brasileiros morreram ao
tentar fazer a travessia. Há também relatos de sequestros, estupros, extorsões
e abandono no percurso.
A agência de imigração americana afirma que as fatalidades envolvendo
pessoas que estão sob sua custódia são extremamente raras. "O ICE está
firmemente comprometido com a saúde e o bem-estar de todos aqueles sob sua
custódia e realiza revisão abrangente deste incidente [com Kesley Vial]".
O órgão afirma ainda que garante o fornecimento dos
serviços de assistência médica necessários conforme exigidos pelos padrões
americanos e também com base nas necessidades de cada indivíduo. O atendimento,
segundo o ICE, inclui triagem médica, odontológica e de saúde mental em até 12
horas após a detenção, além de uma avaliação completa em duas semanas e acesso
pleno a serviços de emergência.
No caso de Vial, o ICE afirma ter seguido os
protocolos ao notificar o Departamento de Segurança Interna e o consulado brasileiro
em Houston sobre a morte de Vial. O aviso aos familiares foi dado pelo Hospital
da Universidade do Novo México, segundo a agência.
A família de Kesley Vial iniciou uma campanha de arrecadação na internet
para custear as despesas de transporte do corpo até Danbury, no estado de
Connecticut, onde moram familiares. A meta é coletar US$ 28 mil (R$ 142,5 mil),
dos quais pouco mais de US$ 8.000 foram arrecadados até a noite de sábado (27).
"Ele foi preso na travessia do México para os
Estados Unidos e perdeu sua vida antes de ter a chance de ao menos poder voltar
para o Brasil para poder continuar sua jornada", diz o texto publicado na
página de financiamento coletivo.
A reportagem entrou em contato com familiares de
Vial, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
No início do mês, o Departamento de Segurança
Interna dos EUA anunciou o fim de uma medida que obriga requerentes de asilo a
aguardarem no México até o processamento do pedido na Justiça americana.
O Protocolo de
Proteção ao Migrante -política que ficou conhecida como "Permaneça no
México"- foi instituído pelo então presidente Donald Trump em 2020 e
enviou ao país vizinho ao menos 70 mil solicitantes de asilo desde que entrou
em vigor. O programa foi criticado por colocar pessoas vulneráveis em cidades
fronteiriças sob condições não seguras.
FOLHAPRESS
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