Definido como "prioritário" pelo novo titular do Ministério de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, o projeto de privatização da Petrobras divide até mesmo a base aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL). A notícia de que o ministro recém-empossado já havia entregue à equipe econômica estudos com vistas à desestatização da petroleira gerou rejeição entre interlocutores do Planalto.
Às vésperas das eleições, interlocutores do governo desaconselham privatização da petroleira. Planalto já busca alternativas.
Plano de privatização da Petrobras gera opiniões conflitantes entre apoiadores de Bolsonaro. | (Foto: Divulgação Agência Petrobras)
Entre aqueles que trabalham para a reeleição do
atual chefe do Executivo federal, há duas opiniões conflitantes. Um grupo teme
que uma medida tão polêmica como a privatização da Petrobras acabe por pautar a
campanha eleitoral, gerando ainda mais desgaste para Bolsonaro. Outra ala da
base de apoio, ao contrário, acredita que a pauta pode gerar ganhos eleitorais.
O setor que
desaconselha a proposta anunciada por Sachsida argumenta que a medida pode
acabar se tornando “um tiro no pé”, uma vez que os primeiros efeitos negativos
do anúncio já começaram a ser sentidos no Palácio do Planalto.
Na última sexta-feira (13), o coordenador-geral da
Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, ameaçou o governo com
"a maior greve da história", caso Bolsonaro “ouse pautar a
privatização da Petrobras”.
Em uma reunião marcada para este domingo (15), os
caminhoneiros decidirão se a categoria deflagrará uma greve nacional em
protesto contra o mais recente aumento no preço do diesel (de 8,87% ).
Aliados do governo
esclarecem que, mesmo que uma parte da categoria tenha abraçado o discurso de
Bolsonaro de que alta dos combustíveis é de inteira responsabildade da
Petrobras, é importante ter em mente que há divergências a esse respeito entre
os caminhoneiros. Há ainda quem diga, nos bastidores do governo, que o debate
sobre a privatização da petroleira pode “dar munição à esquerda”.
Vias legais
Ao defender que a Petrobras “tem de ter o seu papel
social no tocante ao preço dos combustíveis”, durante uma transmissão ao vivo
nas redes sociais realizada no início da semana, Bolsonaro assegurou que
não pretende interferir na gestão da Petrobras, salvo “pelas vias legais”.
Segundo informações de aliados do governo, haveria
duas formas legais de interferência na estatal. Uma delas está relacionada ao
preço do frete. O Ministério da Economia calcula que uma mudança no valor do
frete poderia reduzir a cotação do petróleo de 10% a 15%.
A ideia de integrantes do Ministério de Minas e
Energia é de que uma possível alteração na fórmula do cálculo dos preços dos
combustíveis poderia resultar na diminuição dos valores cobrados nos postos
revendedores. No entanto, esse caminho esbarra na posição do presidente da
Petrobras, José Mauro Coelho, que afirmou que a empresa manterá a política de
preços (de alinhamento ao mercado internacional) a qualquer custo.
A outra ideia em estudo é ampliar
o intervalo dos reajustes anunciados pela Petrobras, que, atualmente, não têm
periodicidade definida.
Autor: Sales Coimbra, com
informações do Metrópoles
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