Entre abril e maio deste ano, os principais nomes na disputa pelo Governo do Estado em 2022 moveram suas peças. Pré-candidato mais competitivo da oposição, o deputado federal licenciado Capitão Wagner (União Brasil) esteve em Sobral nesse período, intensificando agenda no interior.
O deputado Capitão Wagner, a governadora Izolda Cela e o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio em imagens do Twitter.
Potencial
adversário, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) fez investida na região do
Cariri, ampliando a presença nos municípios mais distantes de Fortaleza. Do
mesmo partido, a atual mandatária estadual, Izolda Cela, recebeu prefeitos em
encontro no Palácio da Abolição.
Quase
simultâneos, esses gestos revelam dinâmica comum entre os possíveis
postulantes: a articulação com lideranças fora da Capital cearense e de sua
Região Metropolitana. Numa eleição para o governo, o peso do interior é vital
para definir vitórias, mas também sacramentar derrotas.
Não
à toa, Wagner e RC se mostram mais adiantados nessa estratégia de
interiorização de suas bases eleitorais. Ambos oriundos de Fortaleza, devem
seus apoios ao voto maciço da cidade, com o qual já se elegeram – Wagner para a
Câmara e RC para o Paço duas vezes.
Na
peleja pelo Governo, no entanto, os dois vêm sendo desafiados a costurarem
frentes a partir das lideranças locais, seja de prefeitos, vereadores ou
deputados estaduais e federais.
Ao
O POVO, Wagner admite a necessidade de expandir esse trabalho no
interior. “A gente tem consciência de onde a gente tem mais força e
onde precisa melhorar”, afirma.
Segundo
ele, essa operação “começou ainda em julho do ano passado, nas
visitas, nos contatos, nos eventos”. De lá para cá, amiudou as idas aos
municípios. Como consequência, ele conta, “os políticos viram a
força desse apoio e muitos estão aderindo ao nosso trabalho e à
pré-candidatura”.
“Nós
temos desde suplente de vereador, passando por vereador, vice-prefeito,
prefeito, ex-prefeito, lideranças de oposição, deputados estaduais e federais”, contabiliza,
acrescentando que já conseguiu “ampliar bastante esses apoiamentos”.
Do
outro lado, porém, o oposicionista encontra um grupo forte. Dos 184 prefeitos e
prefeitas do Ceará, ao menos 140 apoiariam expressamente um virtual candidato
do governismo, ao menos em tese. É uma máquina robusta, com capacidade
suficiente para tornar conhecido qualquer um dos nomes escolhidos pelo PDT para
encabeçar a chapa na corrida eleitoral.
Além
de Izolda e RC, estão no páreo ainda o deputado estadual e presidente da
Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, e o deputado federal Mauro Filho,
ex-secretário da gestão Camilo Santana (PT).
Do
bloco pedetista, contudo, RC é o que mantém agenda mais dedicada para o
interior, ao lado de Izolda, que chefia o Executivo e, naturalmente, empreende
viagens como governante, papel que divide com o de pré-candidata à reeleição.
Professor
de ciência política e pesquisador, Cleyton Monte é categórico ao falar do peso
dos municípios no pleito estadual: “O interior é crucial para a
eleição ao governo”.
“Claro
que Fortaleza e Região Metropolitana são importantes”, diz, “mas
não tem candidato que consiga se eleger, se pegarmos as últimas eleições, que
não tenha constituído bases importantes no interior do estado, principalmente
nas cidades-polo”.
Monte
observa também que não se trata apenas de estabelecer uma política de alianças,
mas de entender que “grande parte dos nossos municípios são municípios
com menos de 10 mil habitantes” e que isso impõe “uma
sistemática que exige uma relação direta com lideranças”.
“Em
Fortaleza, há relação com lideranças”, explica o pesquisador, “mas
os eleitores estão mais livres, são mais formadores de opinião e há um número
maior de eleitores que não têm relação com partido, com famílias ou grupos”.
O
cientista político aponta, no entanto, que tanto Wagner quanto Roberto Cláudio
têm feito a tarefa de casa. “As duas candidaturas estão fazendo
isso. Wagner tem realmente uma aceitação e um apoio muito forte na Região
Metropolitana e está ampliando isso, tanto que os encontros do União Brasil
estão sendo no interior do estado”, examina.
Já
o governismo vem alargando o campo de sustentação fora de Fortaleza, o que, conforme
ele, permite que os cotados a representar a aliança do Governo “acabem
saindo na frente” nessas articulações, mesmo com as tentativas de
Wagner de contrabalançar esse movimento.
“Ele
tem buscado grupos de pressão, grupos evangélicos, militares, tem uma relação
boa com estudantes, o pessoal da área da saúde, grupos bolsonaristas. É um
outro caminho. Se não tem prefeitos, se não tem um grande número de vereadores,
vai buscar outros grupos sociais que são também importantes para essa definição
do voto”,
conclui.
Com
informações portal O Povo Online
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