Parece coisa de filme de ficção, teoria da conspiração ou especulação apocalíptica sobre o fim do mundo, certo? Mas a verdade é que não é! O uso de microchips que podem ser implantados sob a pele com alguns dos nossos dados, ou com todos eles, incluindo o passaporte sanitário, já é uma realidade que deve servir de grave alerta a todos os que entendem as implicações que algo dessa natureza pode acarretar.
Passaporte sanitário Foto: EFE/EPA/NOUFAL IBRAHIM
O
jornal Aftonbladet, de Estocolmo, capital da Suécia, publicou matéria sobre o
fato de os suecos já estarem se submetendo aos implantes de chips com dados da
vacinação contra o coronavírus.
E,
segundo uma outra matéria, publicada pela rede americana CBN News, cerca de 6
mil suecos já utilizam em sua pele o microchip fabricado pela empresa
Epicenter.
Esta
semana, um vídeo com a “novidade” viralizou nas redes sociais e também chegou a
ser repercutido por mídias especializadas em tecnologia no Brasil, como a Olhar
Digital.
Devemos nos preocupar?
Diante dessa realidade, as perguntas que devemos nos fazer são: até que ponto o
uso de um chip implantado sob a pele é um perigo para a sociedade? O que isso
significa para nós, cristãos?
A
intenção não é entrar no mérito teológico. Para nós cristãos, o fato de a
Bíblia falar de uma “marca” – mais conhecida como a “marca da besta”, a qual
será exigida das pessoas para elas fazerem coisas simples como poder comprar
comida em um mercado (leia Apocalipse 13:16,17) – inevitavelmente nos leva a
associar essa profecia a tais notícias.
No
entanto, deixarei a discussão teológica para os especialistas em escatologia,
pois o meu foco aqui é ético, político e cultural. Neste sentido, sim, a
preocupação não envolve apenas os cristãos, mas qualquer pessoa que preze pela manutenção
das suas liberdades.
Maior controle, maiores riscos
O avanço da tecnologia é inevitável. Contudo, ela também nos traz riscos, pois
nem tudo o que diz respeito à evolução tecnológica representa um bem para o ser
humano, em sentido estrito.
Vivemos
na era da informatização, na qual a facilidade de comunicação se tornou
extrema, devido à modernização dos aparelhos eletrônicos. Por outro lado, nós
nos tornamos “escravos” desses aparelhos a ponto de desenvolvermos prejuízos em
relação às nossas relações interpessoais. Não por acaso também enfrentamos uma
pandemia de doenças da “alma”, como a depressão.
O
uso de um chip com dados de saúde, identidade e outras informações pessoais
pode ser, para muitos, um avanço quanto a várias facilidades, mas, ao mesmo
tempo, representa um maior controle do Estado sobre a nossa vida. Isso porque,
quanto mais dependentes nos tornamos da tecnologia, mais dependentes nos
tornamos de quem a cria e a mantém.
Um
documento físico, por outro lado, uma vez emitido, está em seu poder. É como o
dinheiro físico. Uma vez que esteja legalmente em suas mãos, ninguém poderá
dizer que não é seu ou restringir o seu direito de como e quando utilizá-lo,
pois você não depende de nenhum outro recurso para isso.
Desse
modo, você pode ir a qualquer lugar e usar esse dinheiro como bem entender,
assim como apresentar os seus dados pessoais em uma folha de papel, sem que
tenha a necessidade de passar por um scanner de dados com uma tecnologia que
escapa ao seu controle.
E,
por mais que muitos argumentem que cédulas físicas não deixariam de existir e
que poderiam existir várias camadas independentes de segurança na leitura dos
dados dos microchips, a realidade é que nada disso nos dá maior independência
em relação a possíveis mecanismos de controle e censura. A lógica nos diz o
contrário!
A
digitalização das nossas informações de forma tão fácil, a fim de que possam
ser lidas por um simples scanner de padaria ou celular, também facilita a vida
de governos autoritários que podem, por meio disso, usar essa tecnologia para
restringir o acesso a determinados locais, eventos, serviços e atividades.
Se
atualmente já estamos vendo isso acontecer com o passaporte sanitário, por meio
do celular e de um simples cartão vacinal, nada impede que muito em breve, em
nome da “saúde” e da “segurança coletiva”, os ditadores modernos, travestidos
de “democratas”, passem a exigir a leitura das nossas informações apenas de
forma virtual, a fim de que, pelo cruzamento de dados, eles possam também
escanear cada detalhe da nossa vida.
Portanto,
como podemos notar, o problema da utilização de chips implantáveis com dados
pessoais vai além das profecias bíblicas. Ou seria tudo uma coisa só? O fato é
que o bom senso nos diz que essa tecnologia vai na contramão das nossas
liberdades individuais, ao mesmo tempo em que cai nas graças da exploração
comercial e dos agentes políticos autoritários.
![]() | Marisa Lobo possui graduação em Psicologia, é pós-graduada em Filosofia de Direitos Humanos e em Saúde Mental e tem habilitação para Magistério Superior. |
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