Em entrevista a jornalista Patrícia Campos Mello da FOLHAPRESS o vice-procurador geral eleitoral Renato Brill de Góes afirmou que a defesa do voto impresso para as eleições presidenciais de 2022 é "teoria da conspiração aliada a negacionismo da tecnologia e da ciência que é a urna eletrônica". Renato Brill é quem representa o Ministério Público junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para o vice procurador geral eleitoral Renato Brill de Goés a proposta visa "manipular e insuflar determinados segmentos da população. (Foto: Pedro Ladeira) |
Para Góes, a PEC 135/2019 sobre o tema, de autoria da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), tem como objetivo "manipular e insuflar determinados segmentos da população e criar um estado de confusão mental sobre a realidade dos fatos".
E ele alerta para riscos à democracia: "Se houver ou não voto impresso, vai haver algum tipo de questionamento, e nós precisamos estar todos alertas. O problema não é a urna eletrônica, e sim os atores políticos querendo de antemão dizer o que vai acontecer no futuro, são concorrentes da mãe Diná".
O
presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL),
defendem a aprovação da PEC. Bolsonaro, inclusive, já afirmou várias vezes que,
sem registro impresso do voto, haverá fraude na eleição do ano que vem.
Para
Góes, se o objetivo da PEC é aumentar a transparência eleitoral, ela deveria
responsabilizar os candidatos que acusam supostas fraudes eleitorais sem
nenhuma prova.
"Deveria
estar previsto na legislação que, caso um candidato denuncie fraude sem apresentar
indícios, e não sejam encontradas fraudes, ele tenha seu mandato ou candidatura
cassados. Isso ajudaria a impedir que o voto impresso seja usado para outros
fins."
Na
prática, não se trata do voto impresso diretamente, mas da impressão em papel
de um comprovante do voto dado na urna eletrônica, que seria mantida
normalmente nas eleições. Independentemente do mérito, sua implementação
dificilmente seria possível até outubro de 2022, dada a complexidade da tarefa.
Além
disso, o fato de a proposta ter sido feita em forma de emenda à Constituição
torna ainda mais difícil o processo para sua aprovação, visto que ela
precisaria ser aprovada em dois turnos tanto na Câmara como no Senado, com três
quintos dos votos em cada uma das Casas do Congresso.
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