O presidente Jair Bolsonaro deve vivenciar um pesadelo e teme que a CPI da Covid embase um futuro processo de impeachment nos moldes do que ocorreu com o ex-presidente Fernando Collor de Mello (AL), hoje senador pelo partido Republicanos.As informações são do UOL.
A cúpula da CPI deve se preparar para enfrentar nesta semana uma série de ações judiciais impetradas por bolsonaristas para adiar a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito, agendada para a próxima terça-feira ( 27).
O principal alvo da estratégia governista é o senador Renan Calheiros (MDB-AL), indicado pelo seu partido como relator da CPI. | Reprodução
A cúpula da CPI deve se preparar para enfrentar nesta semana uma
série de ações judiciais impetradas por bolsonaristas para adiar a instalação
da Comissão Parlamentar de Inquérito, agendada para a próxima terça-feira (
27).
O principal alvo da estratégia governista é o senador Renan Calheiros
(MDB-AL), indicado pelo seu partido como relator da CPI.
Para Bolsonaro, segundo ele tem dito a aliados, a indicação de
Renan seria uma vingança do MDB pelo fato de o partido ter sido derrotado por
candidatos do Planalto às presidências da Câmara e do Senado.
O presidente apoiou a eleição do atual presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), em fevereiro, contra o presidente nacional do MDB, deputado
Baleia Rossi (SP). No Senado, ajudou Rodrigo Pacheco (DEM-MG) a derrotar a
candidata emedebista, Simone Tebet (MS).
O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), chegou a ensaiar a
candidatura, mas foi obrigado a desistir diante da articulação do governo. No
entanto, agora Braga se autoindicou membro da CPI e negociou com o PSD e a
oposição a nomeação de Renan Calheiros como relator. Em troca, o senador Omar
Aziz (PSD-AM) ficará com a presidência da comissão.
Para o Planalto, Renan deve tentar levar a CPI a recomendar o
impeachment do presidente da República. O senador disse ainda, que quer
levantar a quantidade de mortes que "poderiam ser evitadas", caso o
governo tivesse atuado no combate à pandemia da covid-19.
Renan Calheiros já criticou abertamente a atuação do ex-ministro Eduardo
Pazuello, afirmando ter sido "um desempenho horroroso".
A deputado Carla Zambelli (PSL-SP), no entanto, anunciou que outros
parlamentares da tropa de choque de Bolsonaro deverão também entrar com ações,
assim como ela, contra a indicação de Renan. Os bolsonaristas estudam
argumentar que o senador está impedido para a função porque Renan Filho é
governador de Alagoas e seu estado poderá ser alvo de investigação na CPI.
Para Bolsonaro, Renan é mais um aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, a quem pode ajudar numa possível aliança entre PT e MDB em 2022.
O comando da CPI não acredita que as ações na Justiça dos bolsonaristas
impeçam a instalação da comissão.
Relação estremecida
A relação balançada entre Renan e o governo Bolsonaro não é de hoje. Em
fevereiro de 2019, o Palácio do Planalto impôs grande derrota ao ao senador. O
então ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), atuou abertamente para
impedir que o emedebista fosse eleito pela quinta vez presidente do Senado.
Com a vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP), o MDB ficou apenas com a 2ª
secretaria da Mesa Diretora e nenhuma suplência. Na atual legislatura, com a
derrota de Simone Tebet, o MDB ficou com a 1ª vice-presidência, apesar de ser a
maior bancada do Senado. Para rifar a emedebista, o Planalto negociou espaços
no governo para outros integrantes do partido.
Publicamente, Renan disse ter adotado um tom neutro, afirmando que
levará em conta apenas "provas indiscutíveis" e
"insofismáveis".
Para evitar que Bolsonaro fique à deriva em meio ao fogo cruzado, os
estrategistas do Planalto já começam a trabalhar alternativas. Uma das apostas
seria oferecer espaços no governo a emedebistas dispostos a neutralizar Renan
Calheiros e Eduardo Braga.
O próprio Bolsonaro teria telefonado para o governador de Alagoas, Renan
Filho, para estabelecer uma ponte de diálogo.
Outra alternativa seria a "oferta de cabeças", ou seja, o
fechamento de um acordo em que alguém do governo "pague o pato" e
livre o presidente de responsabilidade. O ex-ministro Eduardo Pazuello,
inclusive, teria sido apontado como um dos cotados.
Com informações do UOL
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