A vacinação contra a Covid-19 está apenas no início, mas os indícios já mostram que os imunizantes podem representar o fim da pandemia. Estudos publicados nas últimas semanas apontam que as pessoas que receberam uma vacina e se infectam com o coronavírus Sars-Cov-2 podem ter carga viral reduzida, o que deve levar a menor chance de transmissão do patógeno.
De acordo com o artigo, pessoas que receberam o imunizante e se infectaram com o coronavírus entre 12 e 37 dias após a primeira injeção tiveram uma carga viral substancialmente menor.
O estudo foi publicado nesta segunda-feira (29) na revista científica Nature Medicine | Reprodução
Um estudo publicado nesta segunda-feira (29) na
revista científica Nature Medicine indica que a vacina BNT162b2, desenvolvida
pela farmacêutica americana Pfizer e a empresa alemã de biotecnologia BioNTech
é uma das que desempenha esse papel.
De acordo com o artigo, pessoas que receberam o
imunizante e se infectaram com o coronavírus entre 12 e 37 dias após a primeira
injeção tiveram uma carga viral substancialmente menor. “Essa carga viral
reduzida indica uma infectividade potencialmente menor, contribuindo para o
efeito da vacina sobre a propagação do vírus”, escrevem os autores, cientistas
de instituições de pesquisa de Israel.
Indo na mesma linha, o Centro Europeu de Prevenção
e Controle das Doenças (ECDC) publicou um relatório técnico nesta segunda-feira
(29) baseado em estudos que apontam os benefícios da vacinação para conter o
avanço do vírus. Segundo o ECDC, a vacinação de um morador da casa poderia
reduzir em pelo menos 30% o risco de outras pessoas que moram no mesmo local se
infectarem com o coronavírus.
“Há evidências de que a vacinação reduz
significativamente a carga viral e as infecções sintomáticas e assintomáticas
nas pessoas vacinadas, o que pode se traduzir em diminuição na transmissão,
embora a eficácia das vacinas seja variável de acordo com o imunizante usado e
a população alvo”, diz a nota do ECDC.
Dados preliminares indicam que a vacina Covishield,
desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, é
capaz de barrar a transmissão do vírus em cerca de 70%. Dados de um estudo de
Israel apontam que a vacina da Pfizer/BioNTech tem capacidade semelhante. Ainda
não há dados que garantam que todas as vacinas contra a doença tenham a mesma
função.
O documento do ECDC aponta também que uma segunda
infecção pelo coronavírus é um evento raro. “Resultados de estudos confirmam
que o efeito protetor de uma infecção prévia pelo Sars-CoV-2 varia de 81% a
100% após o 14º dia do início da infecção, durando por um período de cinco a
sete meses [até onde os estudos permitem verificar]. A proteção para pessoas
com mais de 65 anos de idade é mais baixa”, diz o texto.
No entanto, o estudo publicado na Nature Medicine e
o relatório do ECDC alertam que ainda não há dados conclusivos sobre o mesmo
efeito das vacinas sobre a transmissão das diferentes variantes que vêm
surgindo e preocupando as comunidades médicas e científicas.
“As diferentes variantes do vírus, que podem estar
associadas a diferentes cargas virais, devem afetar diversas partes da
população”, escrevem os pesquisadores de Israel.
As variantes britânica (B.1.1.7), sul-africana
(B.1.351) e brasileira (P.1) são as que mais preocupam no momento e já foram
registradas em diversos países ao redor do mundo. Estudos apontam que essas
novas cepas são mais transmissíveis, mas ainda não está claro se a Covid-19 que
elas causam é mais grave.
“Como um vírus de RNA, o Sars-CoV-2 vai continuar
evoluindo com o tempo, e seu potencial para escapar das defesas imunológicas
humanas, induzidas pela infecção natural ou pelas vacinas, já foram documentadas”,
diz o relatório do ECDC.
FOLHAPRESS
0 Comentários