O Brasil registrou, no ano passado, 66.819 casos novos de tuberculose, o que representa um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. O total mostra uma queda em relação a 2019, quando a incidência atingiu 37,4 casos por 100 mil habitantes. De acordo com o Ministério da Saúde, a queda ocorreu em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
País teve 66.819 novos casos de tuberculose em 2020.
O país continua listado entre os 30 países com alta carga para a tuberculose | Reprodução
Com o resultado, o país continua listado entre os
30 países com alta carga para a tuberculose, sendo considerado Organização
Mundial de Saúde (OMS) como prioritário para o controle da doença no mundo.
Os números foram divulgados hoje (24), no Dia
Mundial de Combate à Tuberculose, pelo Ministério da Saúde, que considera
essencial conhecer os indicadores epidemiológicos da doença para planejar ações
que visem ao controle da doença.
De acordo com o Boletim Epidemiológico especial,
pessoas da raça ou cor preta e parda apresentaram a maior prevalência de
tuberculose no período 2011 a 2020, variando de 60,2% a 66,8% dos casos novos.
No mesmo período, 46.130 casos (69%) ocorreram em pessoas do sexo masculino. Os
maiores coeficientes de incidência de tuberculose (acima de 51 casos por 100
mil habitantes) foram observados nos estados do Rio de Janeiro, Amazonas e
Acre.
A proporção de cura entre os casos novos de
tuberculose pulmonar com confirmação por exame laboratorial no Brasil foi de
70,1%, em 2019. Os estados do Amapá, Rondônia, Piauí, Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Bahia e Espírito Santo apresentaram percentuais de cura
abaixo do percentual nacional, enquanto o Acre foi a unidade da Federação que
apresentou o maior percentual de cura (89,2%).
Vulnerabilidade
Entre as populações mais vulneráveis ao
adoecimento, observou-se aumento na ocorrência de tuberculose no período de
2015 a 2020, com a variação de casos subindo de 5.860 para 8.978, na população
presa; de 837 a 1.043, nos profissionais de saúde; de 335 a 542, em imigrantes;
e de 1.689 a 2.071, na população em situação de rua.
Em 2020, houve queda de 16% na notificação de casos
novos de tuberculose em comparação com 2019. Essa redução foi mais acentuada a
partir de abril, com o mês de maio mostrando a maior variação do período (-34%)
em relação aos casos notificados.
Ao mesmo tempo, na comparação do mesmo período,
houve diminuição de 14% no consumo de cartuchos de teste rápido molecular para
tuberculose. Na comparação de maio do ano passado com maio de 2019, a
diminuição no consumo de cartuchos atingiu 44% 2019.
O Ministério da Saúde advertiu que o boletim foi
elaborado em um contexto atípico, marcado pela pandemia do novo coronavírus e,
portanto, serve como uma prévia “do comportamento da tuberculose diante do
enfrentamento da covid-19, a fim de servir como norteador de ações estratégicas
e do monitoramento da doença no país”.
Mobilização
Com o objetivo de mobilizar a população e orientar
sobre sintomas e tratamento, o Ministério da Saúde promove a partir de hoje a
Semana de Mobilização e Luta contra a Tuberculose. O secretário de Vigilância
em Saúde, Arnaldo Medeiros, destacou que a tuberculose continua sendo um
importante problema de saúde pública no Brasil.
“Para diminuir os efeitos da pandemia da covid-19,
é necessário organizar a oferta de diagnóstico e tratamentos, se atentando aos
sintomas, especialmente a tosse. Além disso, é preciso garantir as estratégias
de suporte social para que as pessoas tenham possibilidade de finalizar o
tratamento”, afirmou.
O ministério divulgou também a campanha
institucional de comunicação Não Fique na Dúvida, Fique Livre da Tuberculose. A
campanha alerta para a importância do diagnóstico precoce e tratamento da
tuberculose, esclarecendo que tosse por três semanas ou mais é um dos sinais
importantes da doença. O objetivo é reforçar a disponibilidade do diagnóstico e
tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), além de enfatizar a necessidade de
seguir com o tratamento até o final para alcançar a cura.
Novas tecnologias
De acordo com o ministério, cinco novas tecnologias
para o diagnóstico e tratamento da tuberculose foram incorporadas ou estão em
processo de aquisição pelo SUS. O objetivo é promover um diagnóstico mais
rápido e ampliar os esquemas terapêuticos.
Para o diagnóstico da tuberculose, houve aumento do
acesso aos testes, de forma padronizada. Entre os testes, está a cultura
líquida automatizada, que “amplia a qualidade da cultura e acelera o
diagnóstico”. Além disso, ainda neste mês de março, foi recomendada a
incorporação do teste de fluxo lateral para detecção de lipoarabinomanano em urina
(LF-LAM), mais uma alternativa para diagnóstico precoce para pessoas que vivem
com HIV/Aids.
Também foi incorporado à rede pública de saúde o
teste de liberação de interferon-gama (Igra) para diagnóstico da infecção
latente da tuberculose em pessoas vivendo com HIV. A oferta do Igra é voltada
para populações específicas: casos de tuberculose ativa e candidatos a
transplante de células-tronco.
Em relação ao tratamento, os medicamentos
Delamanida e Bedaquilina foram incorporados para atendimento dos casos em que
os pacientes apresentam resistência ou intolerância ao tratamento já
disponível. Com essa incorporação, o Brasil atualiza os esquemas terapêuticos
para tuberculose drogarresistente (TBDR), seguindo recomendações vigentes da
Organização Mundial da Saúde (OMS). Também houve a incorporação da Rifapentina,
favorecendo a adesão ao tratamento da infecção latente.
Sintomas
A tuberculose é causada por uma bactéria
(Mycobacterium tuberculosis) que afeta com mais frequência os pulmões, mas pode
infectar qualquer órgão ou sistema do corpo. A transmissão ocorre pelo ar. Os
sintomas da tuberculose ativa são tosse persistente, por três semanas ou mais;
febre baixa; sudorese, geralmente à noite; emagrecimento e cansaço.
(Alana Gandra)
( Agência Brasil )
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