O grupo de procuradores da Lava Jato do Paraná anunciou nesta quarta-feira (3) o fim da força-tarefa que atuava desde 2014. A equipe de trabalho foi dissolvida na segunda-feira (1º), mas alguns de seus integrantes migraram para o Gaeco (grupo de atuação especial de combate ao crime organizado) do Ministério Público Federal (MPF) para dar continuidade às investigações da operação.
A equipe de trabalho foi dissolvida na segunda-feira (1º), mas alguns de seus integrantes migraram para o Gaeco do MPF.
Integrantes da equipe da Lava Jato de Curitiba | Agência Pública.
Os Gaecos são referências em combate ao crime
organizado nos Ministérios Públicos estaduais e foram criados em 2013. Os
grupos são a principal aposta da Procuradoria-Geral da República (PGR) para
assumir investigações de forças-tarefas, mas, segundo coordenadores, não estão
estruturados para demandas dessa complexidade.
Com a mudança, quatro ex-integrantes da
força-tarefa se juntam aos cinco membros do Gaeco no estado, formando um grupo
de nove procuradores designados até agosto de 2022. Destes, cinco continuarão
atuando na operação Lava Jato, mas apenas quatro não terão que cumprir
obrigações em duas lotações de origem.
O coordenador do grupo, Alessandro Oliveira, é um
dos que continuarão no caso. Entre os que já integravam a força-tarefa, estão
os procuradores Roberson Pozzobon, Laura Tessler e Luciana Cardoso Bogo.
Já a equipe do Gaeco no Paraná é composta por:
Henrique Oliveira, Henrique Menezes, Lucas Maron, Raphael Bueno Santos e Daniel
Coimbra.
Outros dez membros da força-tarefa poderão atuar no
caso até 1º de outubro de 2021, mas de forma eventual ou em procedimentos específicos.
Além de não terem dedicação exclusiva, eles não
farão parte do Gaeco e terão que retornar às suas cidades de origem. Nenhum
deles está lotado em Curitiba, cidade que sedia as investigações da Lava Jato.
Em dezembro, logo após o procurador-geral da
República, Augusto Aras, prorrogar as forças-tarefa da Lava Jato no Paraná e no
Rio de Janeiro, integrantes das equipes já haviam criticado a medida, alertando
para a possibilidade de prejuízos na operação com essa nova forma de estruturar
os integrantes da investigação. Assim, o clima já era de insatisfação nos
grupos.
No Rio de Janeiro, apesar de não haver previsão de
remoção ou acúmulo de funções pelos atuais 12 procuradores do caso, o prazo
final imposto por Aras aos trabalhos da força-tarefa, em 31 de janeiro de 2021,
é muito menor do que o solicitado pelo grupo, de um ano.
Crítico à atuação da Lava Jato, Aras já travou
diversas quedas de braço com os procuradores, em especial em momentos de
prorrogação dos trabalhos.
Na divulgação do fim do formato de força-tarefa,
nesta quarta, o grupo paranaense da Lava Jato apresentou um longo panorama dos
resultados da operação.
"O legado da força-tarefa Lava Jato é inegável
e louvável considerando os avanços que tivemos em discutir temas tão
importantes e caros à sociedade brasileira", afirmou via assessoria o
coordenador do grupo, Alessandro Oliveira.
"Porém, ainda há muito trabalho que, nos sendo
permitido, oportunizará que a luta de combate à corrupção seja efetivamente
revertida em prol da sociedade, seja pela punição de criminosos, pelo retorno
de dinheiro público desviado ou pelo compartilhamento de informações que
permitem que outros órgãos colaborem nesse descortinamento dos esquemas
ilícitos que assolam nosso país há tanto tempo", completou.
O texto destaca ainda alguns números conquistados
em quase sete anos de operação. Até então, 79 fases da Lava Jato foram
deflagradas, com milhares de mandados cumpridos. A equipe formulou 130
denúncias contra 533 acusados - pouco mais da metade, condenados.
Foram também propostas 38 ações civis públicas,
incluindo ações de improbidade administrativa contra três partidos (PSB, MDB e
PP) e um termo de ajuste de conduta firmado.
FOLHAPRESS
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