Após registrar um tombo de 21,8% da produção em 2020, o setor calçadista nacional espera um crescimento de 14,1% em 2021, com a produção de 810 milhões de pares, conforme estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). A perspectiva de crescimento é a mesma para o mercado cearense, o maior produtor de pares e segundo principal exportador do País.
O volume esperado de produção no País é equivalente ao dos anos de 2010
(813 milhões). “Não poderíamos ter tido um ano pior, em 2020. Para este ano, as
projeções tanto de produção como de exportações são positivas”, diz Haroldo
Ferreira, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de
Calçados (Abicalçados).
Apesar da forte retração do setor ao longo de 2020, o Ceará apresentou
crescimento na geração de empregos no setor, na contramão do que aconteceu no
País. “No pico da pandemia, o setor calçadista nacional chegou a perder mais de
60 mil postos de trabalho e a partir de julho começou uma recuperação. Porém,
considerando o período de janeiro a novembro de 2020, foram fechados 13.415
postos de trabalho no País, enquanto no Ceará houve um saldo positivo de 3,4
mil postos. Com um saldo positivo de 9 mil postos a partir de julho”, ressalta
Ferreira.
Em abril, pior mês para o setor, foram fechados 29,7 mil postos de
trabalho no País. Já em setembro, melhor mês, foram gerados 11,4 mil postos. No
Ceará, a recuperação do setor vem contribuindo para a melhora do nível de
atividade industrial. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal
(PIM-Regional), divulgada pelo IBGE na semana passada, o segmento de “Artigos
para Viagem e Calçados” cresceu 6,4% de outubro para novembro, sendo um dos
principais destaques positivos da indústria cearense no mês. No ano, porém, até
novembro, acumula queda de 16,3%.
Exportações
Em 2020, o setor calçadista cearense registrou uma queda de 14,5% nas
exportações, em número de pares, e uma retração de 28,1% no valor das vendas em
dólar. Ainda assim, nos dois indicadores, o Estado apresentou um desempenho melhor
do que a indústria nacional, que exportou 18,6% a menos em número de pares e
32,3% a menos no valor em dólar. No acumulado de 2020, o Ceará exportou US$
170,8 milhões em calçados.
“O Ceará é o segundo maior exportador do País e a perspectiva para 2021
é positiva para o Estado também. Essas projeções foram feitas considerando uma
melhoria da competitividade do próprio Brasil no mercado internacional”, diz
Ferreira. As exportações respondem por cerca de 15% das vendas do setor
calçadista brasileiro e tem nos EUA o principal mercado.
Projeções
No início de 2020, a Abicalçados projetava um crescimento de 2,5% a 3%
para o ano, até que em março teve início o fechamento do comércio no País.
Considerando os dados até novembro, a entidade estima uma queda de 21,8% na
produção de calçados ante 2019, com 710 milhões de pares produzidos, volume
equivalente ao registrado em 2004 (721 milhões de pares).
Apesar do resultado, Ferreira diz que os números de novembro já foram
superiores aos de novembro de 2019. “Isso foi bem positivo. Mas nas
exportações, ao longo do ano, infelizmente tivemos uma queda de 32,2% em valor
em dólar e de 18,6% no número de pares enviados ao exterior”.
Para este ano, as projeções da Abicalçados não consideram novos
fechamentos da atividade econômica como ocorreu em 2020. “Essa projeção foi
feita com base na fotografia do fim de 2020, e não leva em conta novos
fechamentos do varejo. Se ocorrer um grande fechamento nos polos consumidores
haverá reflexos na indústria calçadista como um todo. Só o estado de São Paulo
consome de 40% a 45% da produção nacional”, diz o presidente da Abicalçados.
FOTO: Rayane Oliveira/Fiec
Fonte: Diário do Nordeste
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