O presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, disse nesta terça-feira (17) que a empresa tem avançado nas negociações com o Ministério da Saúde e que, caso um acordo seja fechado, poderia disponibilizar vacinas já no primeiro trimestre de 2021.
Presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, não informou o número de doses em negociação.
A vacina contra Covid-19 pode ser ofertada no primeiro trimestre de 2021 | Shutterstock.
A declaração ocorreu na saída de
uma reunião na sede da pasta, em Brasília. "Estamos otimistas de que vamos
a chegar a um bom entendimento", afirmou.
Segundo ele, as conversas com a
pasta foram retomadas na última semana, após dados divulgados pela empresa
apontarem que a vacina apresentou mais de 90% de eficácia na análise preliminar
dos testes da fase três –a última etapa de estudos.
Os resultados, no entanto, ainda
são parciais e não correspondem à conclusão do ensaio clínico, em andamento
também no Brasil. Ainda assim, os números levaram a empresa a retomar o diálogo
com a pasta.
Questionado, Murillo não informou
o número de doses em negociação, mas afirma que a oferta apresentada
"permitiria vacinar alguns milhões de brasileiros no começo de 2021".
Segundo ele, caso haja conclusão
dos estudos nos prazos previstos, a vacina pode estar disponível nos Estados
Unidos e no Canadá em dezembro. No Brasil, o prazo mais otimista, diz, prevê
possibilidade de oferta em janeiro.
"Nos tempos que manejamos
para o Brasil, dependendo dos avanços regulatórios, estimamos que esteja
disponível no primeiro trimestre, que poderia ser algo como janeiro. Mas ainda
depende de muitas variáveis, como chegar a um acordo com o governo",
afirmou.
O prazo também depende da
aprovação de registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),
etapa necessária para que possa ser distribuída. Recentemente, o ministério tem
informado que uma eventual nova compra também deve ocorrer apenas após aval da
agência.
Outra possibilidade é que a
negociação seja fechada assim que houver registro em outros países, segundo
membros da pasta.
Apesar de ver os dados iniciais
de eficácia da potencial vacina da Pfizer como favoráveis, representantes do
ministério têm demonstrado preocupação com a logística de oferta do imunizante,
que necessita ser armazenado em baixíssimas temperaturas, em torno de -70 C.
Murillo admite que esse pode ser
um ponto de entrave, mas diz que a empresa tem buscado alternativas.
"A ciência tem avançado não
somente no desenvolvimento da vacina, mas na parte logística", diz ele,
segundo quem a Pfizer tem uma embalagem que permite manter a vacina por 15 dias
com uso de gelo seco. Um modelo foi apresentado na reunião com o ministério
nesta terça.
"A vacina também pode ficar
em refrigerador comum até cinco dias. Não resolve de todo o problema logístico,
mas claramente demos um passo importante que possibilita contar com a
vacina", disse. Questionado pela reportagem após o encontro, o ministério
não comentou as negociações.
Em nota divulgada horas antes, no
entanto, a pasta informou que a agenda tinha como objetivo "conhecer os resultados
dos testes em andamento e as condições de compra, logística e armazenamento
oferecidas pelo laboratório".
"A aquisição dos imunizantes
deve ocorrer à medida em que os ensaios clínicos apontarem a total eficácia e
segurança dos insumos e o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária
for realizado", apontou. A reunião com a Pfizer, porém, não é única
prevista para esta semana.
Os anúncios recentes de dados
preliminares de eficácia por diferentes empresas à frente de estudos de vacinas
contra a Covid levaram a pasta a organizar uma nova agenda de negociações.
Além da Pfizer, estão previstas
reuniões com a Janssen, braço farmacêutico da Johson & Johnson; Instituto
Gamaleya, da Rússia, que responde pela vacina Sputnik V, e Barat Biotech, da
Índia, à frente de testes com a chamada Covaxin, "que também possuem
vacinas em estágios avançados de desenvolvimento", diz o ministério.
O jornal Folha de São Paulo
apurou que um encontro também foi marcado para quinta (19) com a Moderna. A
reunião ocorre dois dias após a empresa apresentar dados iniciais que apontam
eficácia de quase 95%.
Atualmente, o ministério da Saúde
já tem acordos para obter ao menos 140 milhões de doses de vacinas contra a
Covid-19. Destas, 100 milhões viriam por meio de um acordo com a Astrazeneca e
Universidade de Oxford, que deve fazer uma transferência de tecnologia à
Fiocruz.
Outras 40 milhões de doses
ocorreriam por meio da Covax Facility, consórcio ligado à OMS (Organização
Mundial de Saúde), que acompanha estudos de nove potenciais vacinas contra a
Covid.
Recentemente, o ministério também
chegou a anunciar um protocolo de intenções para compra de 46 milhões de doses
da Coronavac, vacina em desenvolvimento pela empresa chinesa Sinovac com o
Instituto Butantan.
O acordo, no entanto, foi
suspenso após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que não compraria a
"vacina chinesa do João Doria", em referência ao governador de São
Paulo e seu adversário político.
Internamente, porém, membros do
ministério avaliam a possibilidade de uma retomada futura das negociações, uma
vez que o Butantan responde pela oferta de 75% das vacinas hoje usadas pelo
ministério contra outras doenças.
Ainda em nota, o ministério diz
que a previsão é que a "primeira remessa de vacinas [contra Covid] já
esteja disponível no primeiro semestre de 2021 e contemple inicialmente o grupo
de risco da doença, que serão definidos pelos aspectos epidemiológicos, de
eficácia e de segurança da vacina a ser utilizada".
FOLHAPRESS
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