Por Fernando Brito | 08
de novembro de 2020.
O silêncio mal-humorado
de Jair Bolsonaro diante da vitória eleitoral de Joe Biden nos Estados Unidos
não apenas aumenta o tamanho da derrota que ele próprio sofre com o resultado
das urnas norte-americanas como serve de medida para as dificuldades que o brasileiro
enfrentará com a perda não só do seu “grande irmão do Norte” como, também, da
ideia de ‘mito invencível’ que seu paradigma “gringo” ostentava.
Não adianta que
integrantes do seu governo digam que nada muda nas nossas relações com os
Estados Unidos. A atitude de Bolsonaro só confirma que ele será, por todas as
razões, um dos alvos políticos do novo comando da Casa Branca, porque isolá-lo
é o caminho mais fácil para, diante da Europa e da própria América Latina,
afirmar uma postura de afirmar sua convicções pró-democracia e sobre temas
ambientais.
Bolsonaro, afinal, é – e
faz questão de ser – um pobre clone projetado de Trump por estas bandas.
O próprio resultado e as
declarações que se seguiram à vitória de Biden, todas afirmando que é preciso
superar os ódios, a discriminação, a transformação de adversários em inimigos
são, afinal, o derrota do discurso que triunfou aqui nos últimos anos.
E significou, também,
uma atitude de superação das partições “identitárias” como fator essencial da
política: afinal, formou-se uma quase unanimidade entre estes grupos de que a
oposição ao fascismo e a estupidez é um passo que antecede e engloba suas lutas
setoriais, por mais que elas tenham, claro, uma natureza universal.
O quanto isso vai
representar depende, claro, dos dias turbulentos que ainda se irão viver nos
EUA, com recursos e contestações judiciais e políticas que o resultado das
urnas enfrentará, mas parece evidente que não há neles força para levar adiante
uma cisão do país.
Não haveria dúvidas de
que o governo Bolsonaro estaria, a esta altura, inviabilizado se não fosse uma
diferença, marcante, do que se passa por lá e o que acontece aqui: a
cumplicidade das Forças Armadas com o presidente e não com a prevalência do
poder civil.
Os generais que
partidarizaram as nossas Forças Armadas terão de ser por elas esvaziados
politicamente. Do contrário, serão também levadas de roldão no despenhadeiro
político que este governo tem à frente.
Tijolaço
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