O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (5) que “não dá pra continuar muito” o pagamento do auxílio emergencial por causa do alto custo do benefício.
Sessenta milhões de brasileiros devem receber a terceira parcela do auxílio emergencial (Reprodução).
“Não dá para continuar muito porque, por mês,
custa R$ 50 bi. A economia tem que funcionar. E alguns governadores teimam
ainda em manter tudo fechado”, disse Bolsonaro na área interna do Palácio da
Alvorada, após um de seus apoiadores agradecer a ajuda de R$ 600
disponibilizada pelo governo em decorrência da pandemia de Covid-19.
No domingo (2), Bolsonaro já havia criticado
quem defende que o benefício seja perenizado.
“Alguns estão defendendo o auxílio indefinido.
Esses mesmos que quebraram os estados deles, esse mesmo governador que quebrou
seu estado, está defendendo agora o [auxílio] emergencial de forma permanente.
Só que, por mês, são R$ 50 bilhões. Vão arrebentar com a economia do Brasil”,
disse o presidente da República.
Prorrogação
Apesar do discurso público de Bolsonaro, nos
bastidores, o Ministério da Economia avalia que o auxílio emergencial pode ser
estendido até dezembro. Embora membros da pasta mencionem preocupação com o
impacto fiscal da medida, há o entendimento que pressões políticas podem levar
à prorrogação.
O auxílio emergencial já demanda R$ 254,2
bilhões e representa a medida mais cara do pacote anticrise. O programa foi
criado para durar apenas três meses, com valores concedidos em abril, maio e
junho. Depois, foi prorrogado por dois meses (até agosto).
Técnicos do Ministério da Economia dizem que o
programa tem um custo mensal aproximado de R$ 50 bilhões. Por isso, a
prorrogação com as mesmas regras até o fim do ano faria o custo total chegar a
R$ 450 bilhões (quase cinco vezes o rombo de todo o governo em 2019, de R$ 95
bilhões).
O ministro Paulo Guedes (Economia) defende um
valor de R$ 200. Ele entende que esse valor representa aproximadamente a média
recebida no Bolsa Família, e que, portanto, o auxílio não poderia ser maior do
que isso.
No entanto, Guedes já defendia uma redução para
R$ 200 em maio caso a medida fosse prorrogada, e o governo estendeu o auxílio
por mais dois meses mantendo a quantia de R$ 600.
A prorrogação do benefício pelo valor de R$ 600
dispensa novo aval (e possível derrota) no Congresso. Isso porque a lei do
auxílio permite a extensão por ato do Executivo, mas mantendo os valores
previstos na proposta (de R$ 600 ao mês).
A equipe econômica sempre defendeu que a medida
fosse temporária e não se prolongasse, mas a partir de maio amenizou o discurso
e passou a admitir extensões (embora defendendo valores menores).
Fonte:
Diário do Nordeste
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