Pouco mais de 117 mil pessoas devolveram o auxílio emergencial de R$ 600, concedido pelo governo federal a famílias de baixa renda durante a crise econômica causada pela pandemia de Covid-19, por terem recebido o valor indevidamente.
No total, o valor
devolvido foi de R$ 113,6 milhões, referente a quaisquer parcelas do auxílio de
R$ 600. Os dados foram obtidos pelo Metrópoles via Lei de Acesso à Informação
(LAI).
O número de pessoas
que devolveu o auxílio emergencial cresceu exponencialmente a partir de 12 de
junho, quando foi divulgado o primeiro levantamento de quantas pessoas haviam
feito a devolução do valor antes de serem intimados pela Justiça.
Até a data, 39,5 mil
usuários se cadastraram para devolver o montante recebido. A plataforma para
devolução dos valores começou a operar em 18 de maio.
Entre 12 de junho e 7
de agosto, foram registradas uma série de ações das autoridades como forma de
combater o recebimento ilegal do valor. Como resultado, o número de pessoas que
optou por devolver o dinheiro voluntariamente mais que dobrou.
No total, foram 76 mil
pessoas, ou seja, quase o dobro do número inicial.
Plataforma
A plataforma foi
aberta em 18 de maio deste ano. O site (acesse aqui) é para as devoluções – por
livre e espontânea vontade, no primeiro momento – do auxílio de R$ 600 caso
acreditem ter recebido o benefício fora dos critérios. É preciso informar
somente o CPF.
Apesar do crescimento
registrado no último mês, o número de beneficiários que devolveram o auxílio é
pequeno se comparado com o total de fraudes identificadas pelo Tribunal de
Contas da União (TCU). Mais de 620 mil pessoas teriam recebido o benefício
irregularmente.
Nessa conta, o TCU
identificou 235 mil empresários, 221 mil pessoas que já ganhavam benefícios do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 134 mil servidores públicos, 17 mil
mortos, além de outras tantas e variadas irregularidades.
O relatório do TCU,
com a lista dos beneficiários que receberam o auxílio indevidamente, foi
enviado para o Ministério da Cidadania, responsável pelo programa do auxílio
emergencial, e para o Ministério Público Federal (MPF), para avaliar possíveis
responsabilidades no âmbito penal.
Em junho, o Ministério
da Cidadania resolveu bloquear o cadastro de 1,3 milhão de CPFs por suspeita de
fraude ou inconsistências no recebimento do auxílio emergencial de R$ 600. As
contas estão bloqueadas até que seja feita uma verificação detalhada.
De acordo com o
presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, 49% dessas contas foram
suspensas por “inconsistências cadastrais” e 51%, por suspeitas de fraudes. Ele
anunciou também uma operação da Polícia Federal (PF) contra supostos hackers
que teria roubado o dinheiro do auxílio de R$ 600.
Em entrevista
exclusiva ao Metrópoles, ele revelou que a Caixa Econômica identificou e-mails
“com 20 números aleatórios, com arroba”, o que demonstra uma possível
falsificação de contas para o usuário receber o benefício emergencial. Ele
garantiu que vai dar cadeia aos investigados pela PF.
“Muitas vezes se trata
essa questão do hacker com romantismo. E não é, porque é bem grave. Como a
gente está indo para o caminho mais digital, é tão grave [hackear] quanto o
cara que pega uma arma e age com violência. Porque na questão do hacker, você
tem um estrago muito maior. Quem assalta carro-forte consegue fazer um de cada
vez, o hacker consegue fazer algumas contas por vez”, disse.
“E, num momento de pandemia,
eles tiram dos mais carentes. Porque nós vamos ressarcir as contas hackeadas,
mas pode demorar. Então, se demorar duas ou três semanas para provar, é um
tempo em que pessoas carentes vão ficar sem o recurso”, completou o presidente
da Caixa.
0 Comentários