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Ataques mudam de perfil no Ceará e passam a mirar bens privados

Fachadas de supermercados, lojas comerciais, caminhões de distribuidoras e até carros de passeio estacionados na rua. Os criminosos que participam da segunda onda de ataques do ano no Ceará ainda queimam ônibus, mas houve aumento significativo de alvos a comércios e bens privados comparado com os atos do início de 2019.
Reprodução
Também a articulação da rede de ataques mudou de perfil. Saem os celulares, entram bilhetes de papel, segundo o governo estadual.
Até o início da noite da última sexta (27), 95 atentados foram contabilizados em ao menos 16 cidades cearenses, em oito dias de ataques. Desse total, 41 (mais de 40%) tiveram como alvos comércios, carros, motos, caminhões privados, o estacionamento da arena Castelão e até uma igreja.
Na série de crimes entre janeiro e fevereiro de 2019, dos 280 atos, apenas cerca de 25% (70) foram em estabelecimentos ou veículos privados.
"Em janeiro eram bens públicos e transporte coletivo, mas agora nem tanto. Não sabemos ainda os motivos, se os bens públicos estão mais protegidos, se há uma mudança de rota", disse César Barreira, coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará.
O governo estadual afirmou que o policiamento está por todas as regiões do estado, entre bens públicos e privados.
Três atos chamaram a atenção das forças de segurança. Um deles foi a tentativa de atear fogo, por meio de vegetação próxima ao estacionamento da Arena Castelão, estádio que recebeu jogos da Copa do Mundo de 2014.
Neste final de semana ocorre no local um dos maiores festivais de forró de Fortaleza, e a estrutura já estava pronta na quarta (25), quando houve a tentativa frustrada. Oito pessoas foram presas suspeitas de participar do ato.
Na terça-feira (24), uma concessionária de carros foi atacada e 16 veículos, avaliados na casa dos R$ 150 mil cada um, foram queimados. O alvo, o bairro Papicu, é cercado por condomínios de luxo, mas também comunidades onde se concentra o domínio de facções criminosas.
No bairro Quintino Cunha, região mais periférica, uma loja de estofados foi incendiada e atingiu igreja evangélica.
O "salve", como é chamado o comunicado passado pelas lideranças das facções criminosas a seus subordinados, explicitou desta vez que também fossem atingidos supermercados e postos de gasolina em bilhete encontrado pela polícia, apurou a reportagem.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Ceará, André Costa, a comunicação dos líderes dentro dos presídios para os membros do lado de fora mudou também: saíram os celulares, já que milhares foram recolhidos nos presídios no início do ano, e entraram os bilhetes.
Ednal Braz da Silva, 45, conhecido como "Siciliano", é apontado pela polícia como um dos fundadores da GDE (Guardiões do Estado), facção a quem é atribuída a violência de setembro. Ele está preso desde 2013, acusado de participar de assaltos a agências bancárias.
Siciliano é investigado pela Polícia Federal como mandante de ataque a torres de telefonia em abril e pode ter sido, também, segundo a corporação, quem participou da ordem aos ataques criminosos deste mês.
Nesta sexta-feira (27) ele foi transferido para um presídio federal. Outros seis possíveis mandantes estão presos e nove foragidos. No total, já foram presos ou apreendidos 125 pessoas suspeitas de participação nos ataques.

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