esquisa do Datafolha mostra que dois terços dos brasileiros têm orgulho
do país, mas ao mesmo tempo se mostram pessimistas e desanimados quando
instados a expressar os sentimentos que ele provoca.
O levantamento ouviu 2.069 pessoas por telefone, para evitar contato
pessoal durante a pandemia, nos dias 25 e 26. A margem de erro é de dois pontos
para mais ou menos.
É a primeira queda abrupta desde que o índice de orgulhosos subiu, a
partir do menor índice na série histórica, iniciada em 2000. Ele havia sido
registrado em junho de 2017, quando houve empate entre vergonha e orgulho, no
auge da crise do governo Michel Temer (MDB).
Da mesma forma, aumentou o número daqueles que se sentem mais
envergonhados do que orgulhosos, de 22% para 29%.
Foram feitas várias perguntas acerca do sentimento que o Brasil provoca
nas pessoas, e aí o quadro é menos róseo. O retrato é de um país triste,
desanimado e com medo do futuro, embora ao mesmo tempo se diga mais tranquilo.
Estão tristes com o Brasil 63% dos ouvidos, enquanto 34% se dizem
felizes. Por outro lado, dizem ter raiva ao pensar no país 42%, enquanto 52%
afirmam estar tranquilos –uma inversão em relação à pesquisa de julha de 2019.
Declaram-se desanimados 59%, ante 39% que dizem o contrário. Têm medo
sobre o futuro da nação 57%, e 41% dizem confiar nele. Para 69%, o sentimento
de insegurança se sobrepõe ao de segurança (30%) ao pensar no Brasil.
Os entrevistados se dividem quando questionados se têm mais medo ou
esperança: 53% adotam o tom positivo e 46%, o negativo.
Chama a atenção a preponderância de sentimentos negativos associadas à
nação entre mulheres e jovens de 16 a 24 anos. Esses grupos lideram os índices
daqueles que se dizem mais desanimados, com medo do futuro, infelizes,
inseguros e sem esperança. Apenas no quesito da raiva que o Brasil faz a pessoa
passar os mais bravos são os mais ricos (acima de 10 salários mínimos, 48%) e
instruídos (com curso superior, 50%).
Há relativa homogeneidade regional nos quesitos levantados, com a
exceção mais evidente acerca do humor no Sudeste, a região mais populosa do
país, que concentra os principais centros urbanos. Ali, aqueles que têm raiva
ao pensar no Brasil empatam em 47% com os que se sentem mais tranquilos.
Empresários são, de longe, os mais otimistas quando o corte é a
ocupação. Nada menos que 80% dizem sentir orgulho do país, além de estarem
esperançosos (72%) e tranquilos (66%).
Como seria algo previsível, a empolgação opõe aqueles que consideram o
governo Jair Bolsonaro bom ou ótimo e os que o julgam ruim ou péssimo. Dos
primeiros, 80% se dizem orgulhosos do Brasil, enquanto no segundo grupo 44% se dizem
com vergonha.
O mesmo se repete, de forma espelhada, em todos os quesitos de
sentimentos: enquanto 75% dos que aprovam Bolsonaro se dizem tranquilos, 64%
dos que o rejeitam estão com raiva do Brasil, e assim por diante.A pandemia do
novo coronavírus impacta de forma diferente as percepções do brasileiro. Quando
se cruzam as respostas com o fato do entrevistado ter tido Covid-19 ou
conhecido algum doente, não há mudanças ante os índices gerais aferidos.
Já quando o cruzamento é com o grau de adesão ao isolamento social,
principal medida para o combate à disseminação do vírus, fica claro que ignorar
riscos traz uma medida de conforto psíquico. Quão mais normalmente vive o
entrevistado, menos sentimentos negativos ele exprime.
No sentido contrário, quão mais isolado, mais angustiados são os
sentimentos expressos de medo, tristeza e insegurança com o país.
FOLHAPRESS
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