"De acordo com um
dos integrantes do MPF que participou diretamente da Operação Lava Jato na
equipe do ex-procurador Rodrigo Janot, seria a única forma de pacificar o país
e afastar as inúmeras suspeitas que passaram a pesar sobre os procuradores e o
ex-juiz Sergio Moro", informa a jornalista Mônica Bergamo.
30 de setembro de 2019
"A sucessão de
reveses do Ministério Público Federal (MPF) fez com que procuradores passem a
defender um novo julgamento para o ex-presidente Lula", informa a
jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna. "De acordo com um dos
integrantes do MPF que participou diretamente da Operação Lava Jato na equipe
do ex-procurador Rodrigo Janot, seria a única forma de pacificar o país e
afastar as inúmeras suspeitas que passaram a pesar sobre os procuradores e o
ex-juiz Sergio Moro.
Leia, abaixo, artigo da
colunista Helena Chagas sobre o desconforto dos procuradores com o caso Lula:
Por Helena Chagas, no
Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia
Nosso sistema penal
seria uma maravilha se cada condenado cumprindo sentença tivesse do Ministério
Público que o acusou a atenção que o ex-presidente Lula recebeu de Deltan
Dallagnol e seus colegas nesta sexta, quatro dias depois de ter completado 1/6
da pena e ganhado direito à progressão de regime. Será que os procuradores da
Lava Jato que pediram que Lula saia da cadeia de Curitiba para cumprir pena em
regime domiciliar ficaram bonzinhos de repente?
Nada disso. Tudo indica
que o movimento da força tarefa da Lava Jato seja uma tentativa de se antecipar
a uma possível liberação de Lula no Supremo Tribunal Federal. Derrotados esta
semana no plenário da Corte, que acolheu a augumentação de que o réu delatado
tem direito a apresentar suas alegações finais depois das do delator, os
procuradores farejaram que, muito possivelmente, o próximo passo do Supremo
poderá ser soltar o ex-presidente. Antes de mais essa derrota, portanto, tentam
esvaziar o habeas corpus de Lula e outros recursos de sua defesa.
E qual a diferença,
alguns devem estar se perguntando. Afinal, o importante, para quem está preso,
é parar de ver o sol nascer quadrado. Para Lula, que por ‘n’ razões já mostrou
que não é um preso comum, não é bem assim. O próprio presidente determinara à
sua defesa para não mover uma palha no rumo da progressão de regime porque,
depois da revelação da chamada Vaza Jato, deflagrada pelo site The Intercept,
passou a apostar numa anulação de sua sentença com base na acusação de
parcialidade contra o ministro e ex-juiz Sergio Moro. No mínimo, num habeas
corpus ou outro tipo de medida cautelar para que aguarde em liberdade o
julgamento da imparcialidade de Moro.
Para Lula, o líder
político, a forma de sair da cadeia faz toda a diferença. Sair tendo o
reconhecimento do STF de que quem o julgou não foi imparcial equivale a mais do
que uma absolvição. Nesse caso, estaria pronto para voltar às ruas e retomar
seus planos policos de onde parou: a candidatura à presidência da República. E
cheio de discurso. Coisa muito diferente, para ele, seria passar à prisão
semi-aberta ou domiciliar, sujeito à vigilância e, até, ao humilhante uso de
uma tornozeleira.
Todo mundo sabe que a
questão hoje não é mais se Lula será solto ou não – mas em que condições e
quando isso ocorrerá, com seus devidos impactos políticos. É isso que está em
jogo.
O STF, que não teve
coragem ainda para retomar, na Segunda Turma, o julgamemto do HC de Lula, tem
dado sinais de que, quem sabe, terá chegado a hora de dar um freio de arrumação
na Lava Jato. A força tarefa, após seguidas derrotas também no Legislativo, já
percebeu isso e, mais uma vez, está atuando politicamente. Para Curitiba, a
forma como Lula sair da cadeia também fará toda a diferença, inclusive no lugar
que vai ocupar na história.
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