O
presidente Jair Bolsonaro (PSL) vive talvez o momento mais delicado de seu
governo. Dos raros que o obrigaram a uma verdadeira mudança de postura. A
pressão internacional o deixou acuado. Foi alvo de protestos até de segmentos
que o apoiavam - panelas ecoaram na noite de ontem. Em outra trincheira, foi
criticado pelo coordenador da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol.
Ontem,
o presidente prometeu tolerância zero com crimes ambientais. Disse que usará as
Forças Armadas contra as queimadas. Há menos de um mês, ele dizia que dados
científicos sobre desmatamento eram exagerados.
O
ministro do Meio Ambiente afirmou que 334 áreas de proteção foram criadas sem
critério algum e decidiu rever todas elas. E Bolsonaro repete seguidamente que
não haverá demarcação de terras indígenas enquanto ele for presidente.
Já
eleito e antes da posse, criticou as licenças ambientais por, segundo ele,
atrapalharem as obras. Desde aquela época critica o Acordo de Paris e segue
cogitando a retirada. Segundo ele, se o acordo sobre mudanças climáticas fosse
bom, os Estados Unidos não teriam saído.
De modo
que o discurso neoambientalista de Bolsonaro não convence. Ele teve de engolir
e ceder. No primeiro momento, reagiu furiosamente e denunciou até as tentativas
de intervenção externa. Ontem, afirmou que "outros países se solidarizaram"
e ofereceram ajuda.
Quase
no fim do discurso de ontem, Bolsonaro disse: "Incêndios florestais
existem em todo o mundo e isso não pode servir de pretexto para possíveis
sanções internacionais". De um lado, mostrou o que o preocupa na questão
da Amazônia - a possibilidade de prejuízos comerciais, muito palpável, aliás.
Quanto
à afirmação de que o problema existe "em todo o mundo", tenho de
recorrer àquelas respostas típicas de mãe: ele não é presidente de todo o
mundo. Seria bom se desse conta do Brasil.
O Povo.
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