Na manhã deste domingo (05), a
Folha de S. Paulo divulgou um amplo dossiê com a análise dos documentos
relativos aos 28 anos em que Jair Bolsonaro foi deputado federal, de 1991 a
2018. As reportagens mostram uma intensa e incomum rotatividade salarial de
seus assessores, atingindo cerca de um terço das mais de cem pessoas que passaram
por seu gabinete nesse período.
O modelo de gestão incluiu ainda exonerações de auxiliares que eram recontratados no mesmo dia, prática que acabou proibida pela Câmara dos Deputados sob o argumento de ser lesiva aos cofres públicos.
De um dia para o outro, assessores chegavam a
ter os salários dobrados, triplicados, quadruplicados, o que não impedia que
pouco tempo depois tivessem as remunerações reduzidas a menos de metade. Mesmo
assim, dois deles disseram à reportagem nem mesmo se lembrar dessas variações
formalizadas pelo gabinete de Jair Bolsonaro.
Nove assessores de Flávio Bolsonaro
(Republicanos-RJ) que tiveram o sigilo quebrado pela Justiça na investigação
sobre “rachadinha” (desvio de dinheiro público por meio da apropriação de parte
do salários de funcionários) na Assembleia Legislativa do Rio foram lotados,
antes, no gabinete do pai na Câmara dos Deputados.
Ao menos seis deles estão na lista dos que
tiveram intensa movimentação salarial promovida por Jair Bolsonaro quando era
deputado federal.
Um caso curioso é o de Walderice Santos da
Conceição, a Wal do Açaí. Recordista das movimentações, ela passou por 26
alterações de cargos no gabinete de Jair Bolsonaro nos anos em que esteve
lotada —de 2003 a 2018.
Wal foi flagrada pela Folha exercendo, na
verdade, a atividade de vendedora de açaí em Angra dos Reis (RJ), onde
Bolsonaro tem uma casa de praia. Após a revelação, o Ministério Público deu
início a uma investigação.
Outro caso "curioso" é o da filha
do policial militar aposentado Fabrício Queiroz (pivô do escândalo das
“rachadinhas” e atualmente preso no Rio), Nathália Queiroz também passou por
oscilações salariais no gabinete de Jair Bolsonaro até ser demitida, em 15 de
outubro de 2018, mesmo dia em que seu pai foi exonerado por Flávio.
Como mostrou a Folha, ao mesmo tempo que era
contratada na Câmara, ela atuava como personal trainer
no Rio.
Dentre vários casos mostrados pela Folha,
chama atenção também o da assessora Marselle Lopes Marques, que ficou cerca de
um ano e meio lotada no gabinete de Bolsonaro, em 2004 e 2005.
Ela ingressou com um dos menores salários, R$
261 (valores da época). Três meses depois, foi mudada de cargo e dobrou a
remuneração. Com um ano, passou a ganhar o maior contracheque entre todos os
assessores, R$ 6.011. Três meses depois, o salário foi cortado em 90%.
Nomeada posteriormente no gabinete de Flávio,
no Rio, Marselle é uma das investigadas no suposto esquema de “rachadinha” na
Assembleia.
Com informações da Folha
de S. Paulo
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