Você tem alguma ideia de quantas pessoas já morreram em decorrência de choques
e incêndios provocados por falhas durante a recarga do celular? Um estudo
recente mostrou que, infelizmente, os acidentes de origem
elétrica têm se tornando frequentes no Brasil.
Em um caso recente, uma sala comercial em Cuiabá foi destruída após celular na tomada pegar fogo/Imagem: Divulgação/Corpo de Bombeiros do Mato Grosso |
Ao longo de 2018, foram registrados 1.424 casos envolvendo
choques, incêndios e descargas elétricas no país, segundo o Anuário Estatístico
de Acidentes de Origem Elétrica, divulgado nesta quinta-feira (2).
Dentro desse total, tivemos:
·
836
acidentes com choques (59%): 622 não fatais e 214 fatais;
·
537
incêndios (38%): 475 por sobrecarga/curto-circuito e 61 mortes;
·
51
ocorreram por conta de raios (3%): 13 descargas elétricas e 38 mortes.
Em relação a 2013, quando os
dados começaram a ser contabilizados, os acidentes de origem elétrica
aumentaram 37,2%.
Usa o celular na tomada? Evite
O ano passado
foi marcado por tragédias ligadas ao uso do celular durante o processo de
recarga. Um jovem de 17 anos morreu após levar um choque no momento em que
tentava conectar o celular na tomada. Em outro caso, uma bombeira voluntária
sofreu queimaduras graves e morreu após um incêndio gerado por um
curto-circuito no celular.
As fatalidades acima são apenas algumas das que ganharam as
manchetes ao longo de 2018. O levantamento mostra que, no período, 39 acidentes
de origem elétrica aconteceram durante a recarga dos celulares, com um total de
23 mortes. Isso vem aumentando: em 2016, apenas um acidente envolvendo o uso do
celular foi registrado. No ano seguinte, houve somente dois casos.
Edson Martinho, engenheiro eletricista e diretor executivo da
Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização dos Peritos de
Eletricidade), responsável pelo estudo, explica que alguns dos acidentes foram
causados no momento em que o usuário tentou colocar o carregador na tomada ou
retirar o acessório dela. Outros ocorreram por uma falha nos dispositivos
envolvidos no processo, como cabos, carregadores ou extensões.
E, ao contrário do que muita gente pode achar, os cabos
piratas não foram os maiores responsáveis pelos acidentes. Isso porque produtos
originais de marcas diferentes da do celular também resultaram em choques e
incêndios, segundo a associação.
Casas são os lugares mais perigosos
O levantamento
também observou que os ambientes residenciais são os locais com maior risco de
acidentes. Só no ano passado foram 209 mortes registradas nas casas das
vítimas.
Dos 537 incêndios por sobrecarga/curto-circuito registrados,
252 aconteceram em moradias. Ou seja, quase 50%. A tragédia no Edifício Wilton
Paes de Almeida, que completou um ano nesta semana, é um desses casos. Já os
acidentes envolvendo choques elétricos em casas chegaram a 168.
Eletricidade não dá para brincar. Prevenir o acidente é o
melhor remédio
Edson Martinho,
engenheiro eletricista
Recarga é perigosa, mas o ar-condicionado é mais
Um outro dado preocupante
observado no estudo está relacionado ao número de acidentes causados por falhas
nos equipamentos de ar-condicionado e ventiladores -- 200 incêndios foram
originados a partir de falhas nos equipamentos.
Por que tantos acidentes?
Segundo
Martinho, a principal causa de tantos números negativos se dá pelo fato de as
instalações elétricas das residências serem muito antigas ou malfeitas.
Associado a isso, está a imprudência de pessoas que insistem em usar gambiarras
elétricas como algo permanente em suas casas.
Sabe aqueles milhares de aparelhos eletrônicos ligados todos
juntos em uma única extensão? Apesar de ser algo bem comum, a recomendação é
que a prática seja evitada.
O uso de instalações com produtos de má qualidade também é
outro fator de risco apontado pelo especialista. "Os profissionais [que
cuidam da manutenção das redes elétricas] também estão desatualizados. Alguns
nem possuem a formação adequada. O profissional acha que emendar dois fios já
resolve e está bom. Isso é grave", acrescentou o engenheiro.
Confira outros
destaques do levantamento:
·
Os
Estados de São Paulo (65), Bahia (60), Rio Grande do Sul (37), Mato Grosso (27)
e Pará (27) foram os que registraram o maior número de acidentes por choque com
vítimas fatais em 2018. Só o Nordeste contabilizou 261 fatalidades.
·
Do
total de vítimas por choques em todo o Brasil, 304 tinham idades entre 21 e 40
anos. Os acidentes do tipo foram os responsáveis pela morte de 34 crianças com
idade entre 0 e 10 anos.
·
Em
janeiro deste ano, já foram registrados 155 acidentes de origem elétrica, 90
por choque elétrico e 47 incêndios. As mortes registradas somente no primeiro
mês do ano chegaram a 74.
Fonte:
Uol
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