A campanha Dezembro Vermelho é um momento para refletir sobre o impacto da doença e reforçar a necessidade de políticas públicas que ampliem o acesso à testagem e ao tratamento, especialmente para populações vulneráveis, como os idosos.
Quadruplicou o aumento de diagnósticos de HIV em idosos no Brasil entre 2011 e 2021. A Importância da testagem e campanhas de conscientização são destacadas.
O número de pessoas com mais de 60 anos que testaram positivo para o vírus quadruplicou. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Dados do Boletim Epidemiológico
sobre HIV/Aids do Ministério da Saúde revelam um aumento expressivo no número
de diagnósticos entre idosos no Brasil: entre 2011 e 2021, o número de pessoas
com mais de 60 anos que testaram positivo para o vírus quadruplicou.
De acordo com o geriatra e
presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Marco Túlio
Cintra, diversos fatores contribuem para esse aumento, incluindo a falta de
campanhas de conscientização voltadas especificamente para o público idoso. E
acrescenta que os números podem ser ainda maiores, já que é grande a
subnotificação por falta de testagem.
Em entrevista ao programa Tarde
Nacional da Amazônia, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o geriatra
explicou que os sintomas em idosos, como emagrecimento acentuado, muitas vezes
levam médicos a investigar doenças como câncer, sem considerar o HIV como uma
possibilidade.
Cintra destacou a importância de
incluir o teste de HIV nos protocolos de atendimento para pacientes idosos, já
que o diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento,
especialmente nesse grupo etário.
Confira um trecho da entrevista
abaixo.
Agência Brasil – O número de
idosos com HIV quadruplicou nos últimos dez anos. A gente está falando de que
números?
Marco Túlio Cintra – O número é
maior. Há um aumento progressivo que o número de testagens não justifica. E aí
vai para uma terceira questão que as pessoas se surpreendem pelo número de
casos porque no imaginário das pessoas a vida sexual do idoso se enterrou. É um
aumento progressivo em uma faixa etária preocupante.
Agência Brasil – Tem a ver com
fatores comportamentais também?
Cintra – No idoso, geralmente, há
múltiplas causas. Os nossos profissionais não pensam na possibilidade do vírus
HIV para os idosos. Então é descoberto com doença já manifesta com sintomas de
Aids numa fase mais avançada. Outra questão importante que não é comentada: não
se direcionam campanhas de prevenção para pessoa idosa. Então a informação não
está chegando.
Agência Brasil – Esse vírus é
mais preocupante para a pessoa idosa?
Cintra – Quando se fala em pessoa
idosa, não todos obviamente, mas há um perfil de mais doenças. Há uma alteração
no sistema imune. Muitos tomam muitos medicamentos. É uma questão que quando
entra o vírus HIV complica. Pode haver interações medicamentosas, de um
medicamento atrapalhar o outro, tem maior dificuldade com o tratamento porque
essas pessoas têm mais problemas de saúde.
Agência Brasil – Tem muita
resistência, principalmente com relação ao público masculino, com relação ao
uso do preservativo nessa faixa etária?
Cintra – Entre os idosos, a
preocupação do uso é menor. Muitos idosos não imaginam que eles estão se
expondo. Muitas vezes as campanhas são voltadas para grupos e não por
comportamento de risco. O comportamento de risco pode estar em qualquer faixa
etária, inclusive nos idosos que são sexualmente ativos.
Fonte:CNN
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