O preço da gasolina nos postos de Fortaleza subiu acima do reajuste de R$ 0,20 aplicado pela Petrobras às distribuidoras desde a última terça-feira (9). Em alguns estabelecimentos da Capital, o valor do litro subiu até R$ 1,12, bem acima do valor estipulado pela estatal.
Legenda: Gasolina sobe quase 20% em Fortaleza após reajuste da Petrobras às distribuidoras-Foto: Thiago Gadelha
Um levantamento realizado pelo
Diário do Nordeste identificou que o litro gasolina é comercializado nesta
segunda-feira (15) a cerca de R$ 6,79 nos postos de Fortaleza para pagamentos a
prazo. Há estabelecimentos onde o combustível é encontrado em valor promocional
por R$ 6,59.
O valor médio de R$ 6,79 é 19%
superior ao preço médio da gasolina antes do reajuste da Petrobras, que era de
R$ 5,67 na semana de 30 de junho a 6 de julho, segundo levantamento da Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A alta de R$ 1,12 no valor
cobrado pela gasolina é mais de quatro vezes superior aos R$ 0,20 de reajuste
anunciado pela Petrobras. Esse foi alteração no preço pela Petrobras deste ano:
o preço de venda da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 2,81 para R$
3,01.
A economista Isadora Osterno,
professora da Unifor, afirma que a alta do preço final da gasolina acima do
reajuste se deve à adequação das margens de lucro dos postos, que passam por
mudanças em períodos de alta demanda ou incerteza do mercado.
Os distribuidores também
justificam a alta no preço final do combustível com o temor de novos reajustes
pelas Petrobras, segundo a especialista. “Mesmo que a nova política de preços
adotada pela Petrobras suavize os picos de preços internacionais, esses
aumentos, por mais que sejam retardados, uma hora chegam”, afirma.
Desde maio de 2023, a Petrobras
não segue mais a política de paridade internacional, em que os preços dos
combustíveis eram reajustados com base na cotação do dólar e do petróleo internacionalmente.
O preço de venda da gasolina
para as distribuidoras caiu R$ 0,17 desde a mudança da estratégia de preços,
segundo a Petrobras. O último aumento havia sido aplicado pela empresa em
agosto de 2023. O reajuste posterior, de 21 de outubro, foi uma redução.
PROCON CARACTERIZA A PRÁTICA
COMO ABUSIVA
A presidente do Departamento de
Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza), Eneylândia
Rabelo, caracteriza a elevação de preços sem justificativa como prática
abusiva.
"Esta situação de elevar
preços sem justa causa pode resultar em diversas penalidades como multa de mais
de R$ 17 milhões, suspensão das atividades e, ainda, a interdição do
local", aponta.
A presidente afirma que
caracterizar a abusividade nos preços é difícil, já que exige vasta
documentação, e que os consumidores devem guardar notas fiscais e recibos de
pagamento para eventuais reclamações, além de informar o local, data, e fotos
de valores de preços em postos.
Os postos são obrigados a
exibir os preços dos combustíveis de forma clara e ostensiva, na entrada dos
estabelecimentos. Pode haver diferenciação conforme a forma de pagamento, mas
esta informação precisa ser dita previamente ao consumidor. Se houver
divergência de preços entre o valor do painel e o registrado na bomba, o
consumidor pagará o menor valor.
Denúncias podem ser realizadas
no Portal da Prefeitura de Fortaleza (www.fortaleza.ce.gov.br), no campo
"defesa do consumidor" e, também, pelo aplicativo Procon Fortaleza e
ainda pela Central de Atendimento ao Consumidor 151.
MESMO SEM REAJUSTE, ALTA DO
ETANOL É SEMELHANTE À DA GASOLINA
Mesmo sem reajuste da
Petrobras, o etanol teve uma alta no preço final próxima a da gasolina. Na
semana de 30 de junho a 6 de julho, o etanol hidratado era comercializado nos
postos de Fortaleza a uma média de R$ 4,63 o litro.
Nesta segunda-feira (15), o combustível
é encontrado a uma média de R$ 5,49, 18,5% mais caro que o preço de duas
semanas atrás. Isadora Osterno explica que os postos encarecem o etanol
antecipando um possível aumento de demanda.
“Quando o preço da gasolina
aumenta, muitos motoristas optam pelo etanol para ter um custo menor visto o
aumento de preços da gasolina, aumentando a demanda e, consequentemente, o
preço do etanol”, afirma.
A economista afirma que é uma
prática comum dos varejistas ajustar os preços da gasolina e do etanol ao mesmo
tempo, respondendo às mudanças no comportamento do consumidor e as condições do
mercado.
O Sindicato do Comércio
Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos/CE) afirmou
que os reajustes de preços nos postos ocorrem independente dos informados pela
Petrobras, que não é a única fornecedora.
“Os aumentos nos preços dos
combustíveis ocorrem constantemente em razão da variação permanente nos
diversos fornecedores, nos preços do mercado internacional, na variação do
dólar e na intensa concorrência do mercado local”, aponta.
COMBUSTÍVEIS MAIS CAROS NO
SEGUNDO SEMESTRE
Com as altas registradas nesta
semana, os preços dos combustíveis em Fortaleza são os mais caros de 2024.
Conforme o levantamento da ANP, o maior valor médio do litro da gasolina de
janeiro a junho deste ano foi de R$ 6,16, registrado na semana de 11 a 17 de
fevereiro.
O preço de R$ 6,79 encontrado
nesta segunda-feira (15) interrompeu uma sequência de quedas e é 10% maior que
o pico de preço do primeiro semestre. A gasolina tinha acumulado queda de R$
0,28 nos primeiros seis meses deste ano e fechou junho no patamar de R$ 5,69.
Já o etanol ficou R$ 0,28 mais
caro no primeiro semestre - na última semana de junho, era comercializado a R$
4,59, frente os R$ 4,31 da primeira semana do ano.
O valor do litro do etanol
nesta semana é um real mais caro que o pico do primeiro semestre e dá sequência
a uma tendência de encarecimento registrada pelo levantamento da ANP.
A agência não realizou o
balanço da segunda semana de julho, alegando falta de servidores. A divulgação
do levantamento desta semana foi adiada para quarta-feira (17), devido a cortes
orçamentários, segundo a ANP.
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