Além das consequências à saúde física já vivenciadas pelos moradores do Rio Grande Sul, que enfrentam a maior crise climática da história do estado, as possíveis e quase certas consequências também para a saúde mental dessas vítimas já preocupam especialistas de todo o país. Visto que outras regiões brasileiras não deixam de estar sujeitas a eventos climáticos extremos, inclusive o Norte, o alerta se acende de forma amplificada.
Em casos como o ocorrido no Rio Grande do Sul, segundo especialista, é preciso que as pessoas passem por suporte emocional individual e em grupo para conseguir lidar com as perdas e evitar sintomas mentais.
Após tragédias como a que atingiu o Rio Grande do Sul, é preciso cuidar da saúde física e mental dos afetados | (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
Vale lembrar que no Pará, principalmente do início de 2023 para cá, são centenas de pessoas sofrendo as consequências de estiagens e enchentes em diversos municípios que inclusive tiveram estado de emergência reconhecido pelo governo federal.
De acordo com o engenheiro emocional Lennon Santos, o acolhimento de vítimas de desastres naturais conscientes é o primeiro e fundamental tanto para mitigar o impacto imediato do trauma quanto para promover uma recuperação a longo prazo. “O apoio emocional pode ajudar a processar perdas significativas, como de entes queridos ou bens materiais, e a reconstruir um senso de normalidade e segurança. Por isso, amigos, parentes, pessoas que são mais próximas são cruciais neste momento, para ajudar as vítimas já no sentido de uma recuperação dessa situação”, explica.
É comum que o sofrimento psíquico dê as caras também em forma de sintomas físicos, que podem ser de alteração de sono, perda de apetite, irritabilidade, sentimento de desesperança e insegurança, ansiedade constante que pode levar à depressão, dores de cabeça, fadiga, e problemas no trato intestinal.
“Nesses casos geralmente faz-se um apoio psicológico contínuo, tem que haver esse acompanhamento. Esse suporte pode incluir terapias individuais, que são muito importantes, porém a terapia em grupo, as intervenções em grupo. Eu recomendo, até porque trata-se de um evento que aconteceu em comunidade. Muitas pessoas estão passando pelo mesmo processo, então é muito importante essa terapia em grupo”, avalia o especialista.
Lennon afirma ainda que conta
muito a possibilidade de que esses acompanhamentos terapêuticos ocorram em um
espaço que ofereça não apenas a segurança física, mas ainda a acolhida no
momento de expressar os sentimentos. “Essas pessoas precisam falar de suas
experiências sem nenhum tipo de julgamento, então é fundamental a presença de
profissionais treinados que possam ajudar na elaboração do trauma, que possam
trabalhar esses traumas por meio de técnicas terapêuticas que permitam o
enfrentar e reprocessar dessas memórias dolorosas - que a gente chama de
ressignificação”, defende, lembrando ainda que o tempo de cada um também deve
ser respeitado. “Com tempo e suporte adequado, é possível alcançar uma
superação significativa, embora o conceito da palavra ‘superar’ possa variar
muito de pessoa para pessoa. E aí o ponto é respeitar a maneira com que cada um
lida com as situações”, finaliza.
Autor:Carol Menezes
0 Comentários