Atravessar o Brasil sobrevoando mais de 4 mil quilômetros para proteger e salvar vidas. Esse propósito guiou as equipes da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que atuaram na missão humanitária no Rio Grande do Sul, concluída na última sexta-feira (14). Os agentes foram recebidos pelo governador Elmano de Freitas, nesta terça-feira (18), no Palácio da Abolição, em Fortaleza. O coronel aviador e coordenador da Ciopaer, Darley Oliveira, e o coronel Hélio de Alencar Filho também estiveram presentes.
O governador parabenizou as
equipes e destacou o sentimento de orgulho do povo cearense. “Temos com esses
agentes a noção concreta do que é ser herói, pessoas que fazem isso por uma
decisão de vida. Eles atravessaram quilômetros e quilômetros para chegar a um
lugar distante, com clima e cultura diferentes. O povo cearense tem muito
orgulho da Ciopaer, que tem profissionais qualificados e com a paixão de servir
às pessoas. Antes de ser Ceará, nós somos Brasil”, afirmou Elmano de Freitas.
Ao todo, foram enviados 15
agentes, distribuídos em 3 tripulações com cinco homens, entre pilotos,
operadores aerostáticos e mecânicos. As equipes se revezavam a cada 15 dias.
Essa foi a missão mais distante realizada pela Ciopaer em toda a história da Coordenadoria.
“Inicialmente, as ações
realizadas pelas nossas equipes e aeronave eram de Defesa Civil, resgate de
pessoas ilhadas em diversas regiões, e também levar mantimentos para diversas
regiões. Quem ficou responsável por coordenar a missão foi a Brigada Militar lá
do Rio Grande do Sul. A gente atendia às solicitações que a Brigada nos
passava”, explicou o coronel aviador e coordenador da Ciopaer, Darley Oliveira.
A primeira tripulação embarcou
no dia 7 de maio a bordo da Fênix 03, aeronave da Ciopaer também destacada para
o trabalho com foco no Vale do Taquari. O regresso da terceira equipe, no dia
14 de junho, foi marcado por um desembarque emocionante.
Voar para proteger e salvar
Com 30 anos de serviços
prestados, o tenente-coronel PM Ribamar Feitosa, responsável por comandar a
primeira tripulação, relata nunca ter passado por algo semelhante. As
adversidades, segundo ele, começaram ainda no deslocamento por causa das
condições climáticas severas das regiões Sudeste e Sul.
“Sabíamos da situação
complicada que o povo gaúcho estava vivendo. Quando lá chegamos, o que vimos
era estarrecedor, cidades inteiras cobertas por água. Eu me senti muito
gratificado por ter sido escolhido. Foi a operação da minha vida. Ficará
marcada até os meus últimos dias”, sublinha.
Ao saber que o Governo do Ceará
iria enviar equipes e aeronave, o subtenente PM e operador aerotático Carlos
Eduardo Moreira revela que se prontificou de imediato. “Estava indo buscar meu
filho João Pedro no colégio e disse a ele: o governador vai mandar aeronave,
teu pai vai cumprir a missão. Ele respondeu: ‘ei, pai, é por isso que eu te
amo. O senhor está sempre preparado’. Quando o comandante ligou, eu já estava
com a mochila pronta”, conta Eduardo.
Para o major PM Elton Oliveira,
que comandou a segunda tripulação, as lições aprendidas em meio à tragédia
ensinam muito sobre união e esperança. “Eu vi uma cidade inteira devastada.
Mathias Velho, bairro de Canoas, parecia coisa que a gente só via em filme
americano, aqueles tornados. Quando a água baixou, era uma completa destruição.
Mesmo assim, as pessoas tinham muita esperança e agradeceram por termos saído
de tão longe para ajudá-los”, recorda Elton.
O tenente-coronel BM Emerson
Bastos, e comandante da terceira tripulação, ressalta que a todo momento a
missão era cumprida com dedicação e empatia. “Uma coisa é você ouvir as
histórias, outra coisa é olhar nos olhos daquelas pessoas, presenciando tudo
aquilo. Isso nos torna mais próximos aos anjos de Deus”, lembra.
A terceira tripulação participou,
no dia 6 de junho, de um transporte múltiplo de órgãos no Rio Grande do Sul. A
equipe fazia o patrulhamento aéreo preventivo policial na região, quando foi
acionada para ajudar na captação de um coração, um fígado e dois rins no
Hospital das Clínicas de Passo Fundo. Os órgãos foram direcionados para a
cidade de Canoas.
“Esse sentimento aflora nosso
lado humano e faz com que a gente ressignifique alguns conceitos, como
agradecer. O simples fato de agradecer o que tenho, o que temos. Às vezes,
somos muito injustos com nós mesmos”, conclui o tenente-coronel Emerson.
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