A erisipela, doença que aflige o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), 69, internado desde sábado (4) para tratar o problema, é uma infecção de pele causada por bactérias (Estreptococo) que entram no corpo através de ferimentos na pele e pode atingir a gordura do tecido, propagando-se pelo corpo através dos vasos linfáticos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro está internado para tratar de erisipela. Conheça mais sobre a doença de pele.
Bolsonaro está internado desde sábado (4) para tratar de quadro de erisipela | Reprodução/Redes Sociais
A doença, tratada com
antibióticos, tem aparência similar à celulite e não atinge camadas profundas.
De acordo com Manual MSD (conhecidos como Manuais Merck nos EUA e Canadá), pode
ser diferenciada pelo tom avermelhado e pela formação de crostas ou bolhas na
região atingida. Pode incluir ainda sintomas como febre, calafrios e mal-estar
frequente e gerar complicações como tromboflebite, abscessos e gangrena.
Idade avançada, problemas
circulatórios, diabetes, obesidade e baixa imunidade podem influenciar na
reincidência da doença, como no caso de Bolsonaro.
No Brasil é também conhecida
também como esipra, mal-da-praia, mal-do-monte, maldita e
febre-de-santo-antônio. A estimativa brasileira é de que um em cada quatro
pacientes tenha reincidência do problema.
O dado é de um estudo sobre os
principais fatores associados à recidiva de erisipela da UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro). O artigo, publicado em 2002, na revista Scielo
Brasil, considerou uma amostra total de 25.952 pessoas atendidas na clínica
médica da universidade, identificando 235 casos de erisipela no período. Do
grupo, 51,1% eram homens e, destes, 40,1% eram idosos, com faixa etária
predominantemente de 70 a 79 anos.
Os locais mais acometidos foram
os membros inferiores, totalizando 97% da população da pesquisa, sendo comum a
incidência em uma única perna. Os pesquisadores da UFRJ apontam que em 20,4%, a
porta de entrada da doença foi algum trauma e que o consumo de álcool foi o
hábito de vida registrado com mais frequência (em 8,9% dos avaliados).Em 31%
dos pacientes o tratamento utilizou pelo menos 3 antibióticos e durou cerca de
17 dias.
Os ferimentos que permitem o
acesso das bactérias causadoras da erisipela vão de cortes e escaras na pele,
até picadas de insetos ou feridas cirúrgicas. Condições de pele pré-existentes,
como eczema, infecções fúngicas (como pé de atleta) ou impetigo, que causam
fissuras na pele, aumentam as chances de contrair a doença.
O uso de alguns medicamentos que
enfraquecem o sistema imunológico, a exemplo dos usados para tratar câncer ou
após o transplante de órgãos, é outro possível desencadeador do problema.
A literatura médica alerta que
condições como herpes-zoster, angioedema, dermatite de contato e câncer de mama
inflamatório não devem ser confundidas com erisipela para assegurar um
tratamento eficaz.
Além do uso dos antibióticos
corretamente, para eliminar a bactéria é recomendado que o paciente faça
repouso absoluto no começo do tratamento. Pode ser necessário enfaixar o local
para diminuir os edemas com maior rapidez e ter melhor cicatrização da porta de
entrada da bactéria. A prevenção das crises repetidas de erisipela acontece por
meio de cuidados higiênicos locais, como manter o espaço entre os dedos do pé
sempre limpos e secos, tratar frieiras e controlar diabetes e obesidade.
Autor:Danielle Castro/Folhapress
0 Comentários