O Ministério Público de Minas Gerais denunciou a influenciadora Michele Abreu por intolerância religiosa, por publicações que associavam a tragédia do Rio Grande do Sul a religiões de matriz africana. Ela foi ainda proibida de deixar o país e fazer novas publicações semelhantes em redes sociais.
Influenciadora Michele Abreu foi denunciada pelo Ministério Público de Minas Gerais.
Influenciadora culpou religiões de matriz africana pela tragédia no RS | Reprodução
Abreu publicou no dia 5 de maio
vídeo associando a tragédia à existência de terreiros no estado. "Eu não
sei se vocês sabem, mas o estado do Rio Grande do Sul é um dos estados com
maior número de terreiros de macumba", afirmou.
"Alguns profetas já
estavam anunciando sobre algo que ia acontecer no Rio Grande do Sul, devido à
ira de Deus mesmo. As pessoas estão brincando e muitos inocentes pagam por
isso", completou. A conta da influenciadora está fechada, mas o vídeo foi
compartilhado por outros usuários.
Ela chegou a publicar um vídeo
pedindo desculpas após a repercussão do caso. "Expressei mal as palavras.
Não quis de forma alguma ofender a religião", afirmou. "Baseado
naquilo que eu falei queria pedir perdão se magoei as pessoas."
A reportagem tentou contato com
a influenciadora por mensagem em rede social, mas ainda não obteve resposta.
Ela foi denunciada com base no
artigo 20 da lei 7.716/1989, que criminaliza a prática ou incitação de
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional, com pena de um a três anos de reclusão, além de multa.
O parágrafo segundo da lei
amplia a pena de reclusão para até cinco anos se o crime for cometido "por
intermédio dos meios de comunicação social, de publicação em redes sociais, da
rede mundial de computadores ou de publicação de qualquer natureza".
A influenciadora tem quase 32
mil seguidores e, segundo o Ministério Público, o vídeo foi compartilhado por
diversos perfis e chegou a três milhões de visualizações.
Na denúncia, a promotora de
Justiça Ana Bárbara Canedo Oliveira afirma que, "além de praticar o crime,
a mulher também induziu outras milhares de pessoas à discriminação, ao
preconceito e à intolerância contra as religiões de matriz africana".
O Ministério Público diz que a
promotora pediu, como medidas cautelares, que a influenciadora seja proibida de
deixar o país e de fazer novas publicações sobre religiões de matriz africana
ou com conteúdos falsos relacionados à tragédia no Rio Grande do Sul.
As fortes chuvas do Rio Grande
do Sul causaram ao menos 155 mortes, de acordo com boletins divulgados na manhã
deste sábado (18). O número pode aumentar nos próximos dias, já que ainda há 94
desaparecidos. São 806 feridos.
No total, 461 municípios foram
afetados, sendo que 77.202 pessoas continuam desabrigadas e 540.188 foram
desalojadas.
Autor:Nicola
Pamplona/Folhapress
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