Pecuaristas cearenses já foram avisados de que, a partir do dia 30 do próximo mês de abril, seus rebanhos terão de permanecer confinados à geografia estadual até que se cumpra a instrução da Agência de Defesa da Agropecuária (Adagri-Ceará) que impõe neste ano uma nova vacinação de bois e búfalos contra a febre aftosa.
Os rebanhos bovino e bubalino terão de ser vacinados mais duas vezes neste ano, sem o que o Ceará não ganhará o selo de zona livre da febre aftosa sem vacinação. O Piauí e o Maranhão estão ganhando esse selo.
Na mesma situação estão,
também, os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, que,
como o Ceará, seguem no status de zona livre de aftosa com vacinação. Para
ganhar o status de livre da febre aftosa sem vacinação, o rebanho desses cinco
estados terá de ser submetido a mais duas etapas de imunização – uma em abril,
outra em novembro.
Uma fonte – que acompanha de
perto as tratativas dos criadores cearenses com as autoridades do Mapa na busca
de uma saída para o que já é visto como uma crise na pecuária nordestina –
disse ontem à coluna que deve ser cumprida a última etapa da campanha de
imunização, sem o que não será emitida a certificação de novo status. Sem esse
certificado, os rebanhos cearenses bovino e bubalino terão de ser confinados,
ou seja, não poderão ser comercializados para outros estados.
Ainda em relação ao caso local,
há problemas burocráticos criados pela falta de estrutura da Adagri-Ceará, que
ainda não cumpriu 24 das mais de 50 exigências que o Mapa faz para considerar o
estado zona livre da aftosa sem vacinação. Por outro lado, diante dessa,
digamos assim, fragilidade oficial, os pecuaristas cearenses entendem que já
cumpriram sua tarefa de vacinar seus rebanhos.
“Ora, com o rebanho todo
vacinado e sem o registro de caso de febre aftosa desde o início deste século,
o Ceará já pode ser considerado uma zona livre da doença sem vacinação”, voltou
a dizer o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), Amílcar
Silveira, sendo apoiado pelos agropecuaristas Luiz Girão e Cristiano Maia,
cujos rebanhos “estão 100% vacinados contra a febre aftosa”, como eles
asseguram.
Inobstante a posição de Girão e
Maia, a Adagri está determinada a cumprir as determinações do Mapa, mantendo a
programação da derradeira etapa da campanha de vacinação contra a febre aftosa,
que prevê mais uma imunização no próximo mês de abril e outra em novembro. A
meta da campanha é imunizar 94% do rebanho bovino e bubalino.
Os pecuaristas argumentam que
essa última etapa da campanha deve ser dispensada, levando em conta a plena
condição de zona livre da aftosa que alcançou o Ceará. Eles alegam, também, que
vacinar o gado duas vezes por ano é caro, e esse custo onera sua atividade,
cujos problemas têm crescido pela elevação do preço dos insumos, entre os quais
a ração.
Mas uma informação obtida ontem
por esta coluna de uma fonte com ligação direta com o Mapa dá conta de que,
para emitir para o Ceará o certificado de zona livre de aftosa sem vacinação, o
ministério da Agricultura poderá, primeiro, transferir para maio a vacinação
prevista para o próximo mês de abril, e, depois, cancelar a de novembro. A
certificação, então, seria emitida até agosto.
Nas redes sociais, circula o
áudio gravado por um pecuarista de Pernambuco, advertindo que o estado de
Alagoas deverá ganhar o status de zona livre de aftosa sem vacinação, “porque o
Artur Lira (presidente da Câmara dos Deputados), que mexe com gado e faz um
grande leilão de gado, está interferindo a favor de Alagoas”. O mesmo pecuarista
diz que o rebanho bovino do CE, RN, PB, PE e AL não poderá ser transportado
para o Piauí e o Maranhão, “que passaram para zona sem vacinação”.
Resumo da ópera: fortalecer a
Adagri é tarefa prioritária que deve assumir o governo do Ceará. O que isto
significa?
Bem, do ponto de vista das
prioridades, a Adagri deve ganhar reforço financeiro urgente para 1) promover
rapidamente o concurso público para renovar e ampliar seu escasso quadro de
pessoal; 2) cumprir os 24 itens dos mais de 50 exigidos pelo Mapa, sem o que
ela não poderá fiscalizar as barreiras sanitárias não só pecuária, mas também
da fruticultura (o Ceará é zona livre da mosca da fruta, e isto significa,
anualmente, para a Agrícola Famosa, mais de UIS$ 100 milhões em exportação de
melão).
A bola está com o Palácio da
Abolição.
Fonte: DN
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