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Morre na prisão Alexei Navalny, um dos principais opositores de Putin.

Navalny, de 47 anos, ganhou fama há mais de uma década ao satirizar a elite do presidente Vladimir Putin e fazer acusações de corrupção por parte do governo. Ele se candidatou à presidência, mas teve sua candidatura proibida. Além disso, nos últimos três anos, sofreu envenenamento, realizou greve de fome e foi dado como desaparecido. O governo russo disse não ter nenhuma informação sobre a causa da morte.

Foto de arquivo mostra Alexei Navalny durante protestos em 29 de fevereiro de 2020 — Foto: Pavel Golovkin/AP

Quem é Alexei Navalny?

O opositor russo Alexei Navalny morreu nessa sexta-feira (16) na prisão, após se sentir mal, informou o serviço penitenciário da região de Yamalo-Nenets, onde ele cumpria pena há cerca de três anos.

O Serviço Penitenciário Federal disse em comunicado que Navalny perdeu a consciência durante uma caminhada. Segundo a agência norte-americana Associated Press, uma ambulância chegou para tentar reabilitá-lo, mas não conseguiu.

Não houve confirmação imediata da morte de Navalny por parte de sua equipe. O governo russo disse não ter nenhuma informação sobre a causa da morte.

Navalny, de 47 anos, era um ex-advogado que ganhou fama há mais de uma década ao satirizar a elite do presidente Vladimir Putin e fazer acusações de corrupção por parte do governo. Na década de 2010, por exemplo, ele liderou um movimento contra Putin que levou milhares de pessoas às ruas do país.

Ele foi detido por forças russas em janeiro de 2021 após retornar da Alemanha, onde foi tratado por uma suspeita de envenenamento. À época, Rússia negou ter tentado matá-lo. 

Navalny foi sentenciado à prisão até completar 74 anos — ou seja, por mais de 30 anos — por acusações que, segundo ele, foram forjadas para mantê-lo afastado da política.

Ele chegou a anunciar sua candidatura presidencial, em 2016, para em seguida criar uma rede de comitês eleitorais, de Kaliningrado até Vladivostok. Porém, a Comissão Eleitoral Central da Rússia informou que ele não poderia concorrer devido a uma condenação na Justiça.

À época, ele foi considerado culpado de fraude e recebeu uma sentença de cinco anos de prisão.

Vale lembrar que Putin é conhecido por reprimir seus opositores, tanto que muitos críticos a seu governo fugiram ou foram presos.

Em 2018, após a proibição da candidatura de Navalny, milhares de pessoas protestaram em toda a Rússia contra a eleição na qual o atual presidente, Vladimir Putin, foi eleito pela quarta vez. A manifestação chamada de "greve de eleitores", foi convocada por Navalny.

Greve de fome

Em 2021, enquanto estava preso, sua advogada, Olga Mikhailova, informou que estava preocupada com a saúde de Navalny. Segundo a defensora na época, ele se queixou de dores nas costas e pernas durante uma visita.

"Para mim, seu estado de saúde é, claro, extremamente problemático", afirmou em entrevista à televisão russa. "Todos tememos por sua vida e por sua saúde."

Além disso, a defesa de Navalny denunciou que seu cliente tem sofrido privação do sono pelos guardas da instituição, o que eles classificaram como uma tortura.

Pessoas próximas ao opositor russo também se mostraram preocupadas na época com seu estado de saúde. Isso porque o opositor russo decidiu entrar em greve de fome enquanto estava preso em Moscou.

Ele tratamento adequado para sua dor nas costas e dormência nas mãos e nas pernas.

Amigos e médicos do advogado alertaram que ele poderia ter uma parada cardíaca "a qualquer momento".

"Não resta mais tempo, este é o momento para agir. Não se trata apenas da liberdade de Navalny, mas de sua vida. Neste momento, estão matando Navalny em uma colônia penitenciária e não podemos esperar mais", escreveu no Facebook o aliado e mão direita do opositor, Leonid Volkov.

Enquanto estava preso, Navalny recebia ajuda para que seus textos sejam publicados. Em uma mensagem na rede social X, ele descreveu uma rotina matinal.

"O cantor Shaman ficou famoso depois que eu já estava na prisão, então eu não consegui vê-lo ou ouvir sua música. Mas eu sabia que ele havia se tornado o principal cantor de Putin. E que sua principal música é 'Eu sou russo'", escreveu Navalny.

"Claro que fiquei curioso para ouvi-la, mas onde conseguiria fazer isso na prisão? E então eles me levaram para Yamal (local da prisão no Ártico). E aqui, todo dia às 5h da manhã, ouvimos o comando 'Levantem!', seguido do hino nacional russo e, imediatamente depois, a segunda música mais importante do país é tocada -- 'Eu sou russo', do Shaman".

Ele também disse que seu regime matinal agora inclui ouvir o hino nacional russo antes de começarem a tocar "Eu sou russo", uma música patriótica de um cantor pró-Putin chamado Shaman.

A ironia, segundo Navalny, é que a propaganda estatal já ressaltou que ele costumava acompanhar nacionalistas russos em marchas anuais e agora, anos depois, estava ouvindo uma música pop ultra-nacionalista com propósitos educacionais enquanto faz seus exercícios matinais na prisão.

"Sendo honesto, ainda não tenho certeza se entendo corretamente o que pós-ironia e meta-ironia são. Mas se não for isso, o que poderia ser?", brincou Navalny.

Foto de arquivo mostra líder oposicionista russo, Alexei Navalny, durante audiência em tribunal via link de vídeo — Foto: Evgenia Novozhenina/REUTERS

Prisão Lobo Polar

A prisão, chamada de Lobo Polar, onde Navalny ficou presa, é considerada uma das prisões mais difíceis da Rússia. A maioria dos prisioneiros que continuam nela foram condenados por crimes graves.

Cerca de 60 km ao norte do Círculo Polar Ártico, a prisão foi fundada na década de 1960 como parte do que já foi o sistema GULAG de campos de trabalhos forçados soviéticos, segundo o jornal Moskovsky Komsomolets.

Kira Yarmysh, porta-voz do político russo, disse acreditar que a decisão de o transferir para um local tão remoto e inóspito foi projetada para isolá-lo, tornar sua vida mais difícil e complicar o acesso de seus advogados e aliados.

“Eu sou o seu novo Papai Noel”, escreveu Navalny, à época, brincando em sua primeira postagem de sua nova prisão, uma referência às duras condições climáticas de lá.

Fonte: G1

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