Os benefícios diretos e indiretos da universalização do saneamento básico devem gerar cerca de R$ 15 bilhões em ganhos socioeconômicos, entre 2023 e 2040, nos 25 municípios cearenses com atuação da Aegea, empresa líder em saneamento privado no Brasil e que opera no estado por meio da Ambiental Crato e Ambiental Ceará. Os dados foram obtidos com a pesquisa “Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento no Ceará”, realizada pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a Ex Ante Consultoria, e consideram a ampliação do acesso aos serviços de água tratada e de coleta e tratamento de esgoto.
Os resultados foram
apresentados, na segunda-feira (4), durante o seminário Conexão Ambiental,
realizado no cinema do Cariri Shopping, em Juazeiro do Norte. “Quando falamos
em valorização ambiental para quem tem acesso ao serviço de coleta e tratamento
de esgoto, estamos falando de mais oportunidade. Se você não tem acesso ao
esgotamento sanitário, você não tem saúde, o acesso à educação é precário ou
inexistente, face à evasão escolar, e isso te impede de ir além”, destacou a
diretora-presidente da Ambiental Crato e diretora de Relações Institucionais da
Ambiental Ceará com foco no Cariri, Carolina Serafim.
“A partir do momento que eu
tenho uma criança que não deixa de ir para a escola por causa de problema de
saúde associado à ausência de saneamento, temos um ganho enorme de saúde
pública e formação educacional”, evidenciou a presidente do Instituto Trata
Brasil, Luana Pretto. Segundo ela, para todo o Ceará, os ganhos socioeconômicos
oriundos da ampliação do acesso à água tratada e à coleta e ao tratamento de
esgoto devem somar R$ 36,8 bilhões até 2040 - dos quais, R$ 15,1 bilhões virão
das 25 cidades cearenses atendidas pela Ambiental Crato e Ambiental Ceará.
Atuação da Aegea
Na cidade do Crato, a concessão
dos serviços de coleta e tratamento de esgoto é operada pela Ambiental Crato
desde 2022, com o objetivo de universalizar o sistema de esgotamento sanitário
para 90% da população até 2033. No município, o abastecimento de água segue em
responsabilidade da Sociedade Anônima de Água e Esgoto do Crato (Saaec).
“Quando iniciamos a operação,
em agosto de 2022, a cidade possuía apenas 3% de esgoto coletado e tratado.
Hoje, esse percentual já chegou a 25%, após os investimentos realizados e
termos colocado em operação cinco Estações de Tratamento de Esgoto. Além disso,
temos como missão hidrometrar toda cidade, bem como padronizar as ligações de
água até 2025, garantindo, assim, um consumo consciente por parte de toda
população, sempre com um olhar cuidado para as pessoas em situação de
vulnerabilidade, afinal, saneamento é para todos”, explicou a diretora-presidente
da Ambiental Crato, Carolina Serafim.
Em 24 municípios das regiões
metropolitanas de Fortaleza e do Cariri, a universalização do esgotamento
sanitário é responsabilidade da Ambiental Ceará, por meio de Parceria
Público-Privada firmada com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). A
empresa vai garantir acesso à coleta e ao tratamento de esgoto para 90% da
população dessas cidades até 2033, avançando para 95% em 2040.
A PPP contempla Fortaleza,
Aquiraz, Caucaia, Cascavel, Chorozinho, Eusébio, Guaiúba, Horizonte, Itaitinga,
Maracanaú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba, Paracuru, Paraipaba, São Gonçalo do
Amarante, São Luís do Curu, Trairi, Barbalha, Farias Brito, Juazeiro do Norte,
Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri. Serão beneficiados 4,3 milhões
de cearenses e investidos R$ 6,2 bilhões em obras.
“Por meio da nossa eficiência
operacional, investimentos em infraestrutura e relacionamento com a população,
vamos ampliar o sistema de esgotamento sanitário nessas 24 cidades, trazendo
melhorias na saúde, mais condições de geração de emprego e renda, e vários
outros benefícios que vão além do que costumamos associar ao esgotamento
sanitário. O grande programa de combate à vulnerabilidade social tem que
começar pelo básico, que é o saneamento”, destacou o diretor-presidente da
Ambiental Ceará, André Facó. O abastecimento de água destas cidades segue como
responsabilidade da Cagece.
Segundo a pesquisa do Instituto
Trata Brasil, os R$ 15 bilhões previstos para essas 25 cidades, entre 2023 e
2040, correspondem a todos os ganhos que serão obtidos com benefícios diretos
da ampliação e manutenção do saneamento básico, como a realização de obras e a
operação do sistema; e as melhorias indiretas da universalização, a exemplo da
redução com os custos em saúde e as rendas geradas com valorização imobiliária
e atividades turísticas. Por ano, esses ganhos devem somar mais de R$ 892
milhões para as 25 cidades em questão.
Debate em sociedade
O evento também promoveu o
diálogo sobre o papel da sociedade na universalização do esgotamento sanitário
no Cariri. “Pelo encontro que tive aqui, com pessoas da área jurídica,
operacional, fiscalização, o que ficou como lição é que saneamento rende um
papo entre amigos, é tipo uma conversa que dá pra levar pra uma calçada e ter
altos papos sobre o assunto. (...) E lembrar que nunca estamos falando só de
saneamento, mas do menino que vai ter uma vida escolar melhor, da valorização
do imóvel que as pessoas moram”, destacou o jornalista e escritor Xico Sá.
Além dele, participaram do
debate o diretor-presidente da Ambiental Ceará, André Facó; a
diretora-presidente da Ambiental Crato e diretora de relações institucionais da
Ambiental Ceará com foco no Cariri , Carolina Serafim; o diretor de Gestão de
Parcerias da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Luciano Arruda; o
diretor técnico da Sociedade Anônima de Água e Esgoto do Crato (Saaec), Orleam
Rafael Novais de Alencar; e o diretor técnico da Agência Reguladora
Intermunicipal de Saneamento do Estado do Ceará (Aris-CE), Cristiano Cardoso
Gomes.
IMPACTOS POR ÁREA
Saúde
A ausência de coleta de esgoto
traz problemas à saúde, com a incidência das doenças de veiculação hídrica e as
enfermidades transmitidas por mosquitos. As doenças causadas pela falta de água
tratada e ausência do sistema de coleta e tratamento de esgoto acarretam
prejuízos financeiros, com despesas privadas e públicas de saúde; e também
prejudicam o mercado de trabalho, com o afastamento das pessoas de suas
atividades profissionais.
A universalização do acesso à
coleta e ao tratamento de esgoto e da distribuição de água tratada, nas 25
cidades cearenses atendidas pela Aegea, deve reduzir em R$ 512 milhões os
custos com saúde, entre 2023 e 2040. Esse montante equivale a mais de R$ 30
milhões por ano, economizados pela redução de despesas com internações por
doenças de veiculação hídrica e doenças respiratórias; e também com a
diminuição do custo associado a horas pagas e não trabalhadas por profissionais
afastados devido a essas doenças.
Produtividade
Trabalhadores que residem em
áreas sem saneamento básico têm a saúde mais precária e, com isso, acabam tendo
um desempenho produtivo pior no mercado de trabalho e menos sucesso na carreira
profissional. Isso acarreta, ainda, a diminuição da renda que eles podem obter.
Aqueles que moram em áreas com
sistema de esgotamento sanitário têm salários, em média, 4,9% maiores do que os
trabalhadores residindo em regiões sem esse tipo de serviço. Já o acesso à
distribuição de água tratada está relacionado a remunerações 5% mais altas do
que as pagas às pessoas sem esse serviço, segundo a pesquisa do Instituto Trata
Brasil.
O impacto da universalização do
saneamento no mercado de trabalho, considerando as 25 cidades atendidas pela
Aegea, será expressivo: a previsão é de que o aumento da produtividade dos
trabalhadores gere R$ 7,3 bilhões, entre 2023 e 2040, o que corresponde a um
ganho anual de mais de R$ 434 milhões.
Valorização imobiliária
Uma residência construída em
área com saneamento básico, e devidamente conectada à rede de distribuição de
água tratada e ao sistema de coleta e tratamento de esgoto, tem o valor elevado
em mais de 35%, em comparação com as que não são ligadas a esses sistemas, de
acordo com os dados da pesquisa do Instituto Trata Brasil.
Nesse contexto, estima-se que o
ganho para os proprietários de imóveis que alugam ou vivem em moradia própria,
nas 25 cidades cearenses atendidas por operações da Aegea, será superior a R$
879 milhões, entre 2023 e 2040. Por ano, o rendimento é estimado em R$ 51,7
milhões.
Turismo
A degradação ambiental causada
pela falta de um sistema de coleta e tratamento de esgoto afasta os turistas,
reduzindo as oportunidades de geração de negócios, emprego e renda nesse setor.
Com a universalização do esgotamento sanitário, e a consequente despoluição de
rios e córregos; e com a ampliação da oferta de água tratada, as atividades
turísticas nas 25 cidades cearenses com operações da Aegea têm potencial de
gerar R$ 1,5 bilhão, entre 2023 e 2040. Esse valor corresponde a R$ 91 milhões
por ano.
Geração de renda
A expansão do saneamento
resulta em investimentos na construção civil, que geram empregos diretos,
indiretos e induzidos. Além das obras, a própria operação do sistema de
saneamento gera emprego e renda. Os dados do Instituto Trata Brasil consideram,
ainda, os impostos coletados a partir dessas atividades.
Nesse contexto, os benefícios
diretos da universalização do saneamento básico nas 25 cidades cearenses com
operações da Aegea devem somar R$ 19,3 bilhões, entre 2023 e 2040, o que
equivale a um ganho de R$ 1,1 bilhão por ano.
Benefícios socioeconômicos
Entre 2023 e 2040, as 25
cidades cearenses em que a Aegea atua deverão somar, segundo o Instituto Trata
Brasil, R$ 29,6 bilhões em benefícios, sendo R$ 19,3 bilhões de benefícios
diretos (renda gerada pelo investimento e pelas atividades de saneamento e
impostos sobre consumo e produção recolhidos) e cerca de R$ 10,3 bilhões devido
à redução de perdas associadas às externalidades.
Os custos sociais no período
devem somar R$ 14,5 bilhões. Assim, os benefícios devem exceder os custos em
quase R$ 15,1 bilhões, indicando um balanço social bastante positivo. Essa
relação indica que para cada R$ 1 investido em saneamento, as 25 cidades em
questão devem ter ganhos sociais de R$ 3,4.
Benefícios pós-2040
O legado da universalização do
saneamento básico, nas 25 cidades atendidas pela Aegea, calculado a partir de
2040, está estimado em R$ 861,7 milhões anuais em benefícios sociais. Esse
montante considera os ganhos com benefícios diretos e a redução de perdas
devido às externalidades, já descontado dos custos sociais associados ao setor.
0 Comentários