Mês escolhido para conscientizar sobre o câncer de próstata, novembro traz o alerta à população masculina, principalmente com idade entre os 45 e 50 anos, sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença e, sobretudo, traz à tona o debate sobre o cuidado integral com a saúde masculina que envolve o abandono de estigmas e de tabus relacionados ao acompanhamento médico.
De acordo com o Instituto Nacional do
Câncer (Inca), a doença é o segundo tipo de câncer mais incidente na população
masculina em todas as regiões do país, atrás apenas dos tumores de pele não
melanoma. No Brasil, estimam-se 71.730 novos casos de câncer de próstata por
ano para o triênio 2023-2025. No Ceará, serão pelo menos 3.120 novos casos para
o mesmo período. Atualmente, ocâncer de próstata é a segunda causa de óbito por
câncer na população masculina, ainda de acordo com o Instituto. Quando
descoberto precocemente, a cura do câncer de próstata pode ocorrer em cerca de
90% a 95% dos casos em seu estágio inicial.
Além da idade, dos hábitos alimentares,
da obesidade, do sobrepeso e do tabagismo, outro principal fator que pode
contribuir para o aparecimento do câncer de próstata é a predisposição
genética.
Exames preventivos
Nesse contexto, recomenda-se que os
exames para detecção do câncer de próstata sejam realizados periodicamente a
partir dos 50 anos. Em homens com histórico familiar de câncer de próstata, a
partir dos 45 anos. Os exames mais comuns para detecção de alterações na
próstata são o toque retal, que avalia se há presença de nódulos, o tamanho da
próstata e se há dor durante a palpação; e o de sangue, que avalia o nível de
antígeno prostático específico, o PSA, que é produzido pela próstata. Caso a
concentração esteja alta pode ser um indicativo da doença.
“É importante explicar que nem sempre a
alteração do nível do PSA indica câncer. A dosagem pode variar por outros
motivos, como hiperplasia benigna da próstata, prostatite, infecção urinária e
até manipulação local. Por isso, o homem deve fazer o toque retal também. O
toque dobra a capacidade de identificar o câncer de próstata quando associado
com PSA”, ressalta o urologista Lucas Lima, do Instituto do Câncer do Ceará
(ICC).
Genética e tecnologia aliadas ao diagnóstico
precoce
Com o avanço da ciência e da
tecnologia, a descoberta da predisposição ao câncer de próstata, bem como de
outros tipos de câncer, antes mesmo de surgirem manifestações clínicas,
tornou-se uma realidade. Esse é o trabalho da oncogenética (a genética aplicada
à oncologia).
Reconhecido pelo Ministério da Saúde
como Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), o ICC
mantém o Biomol, um laboratório de biologia molecular e genética aplicado à
oncologia exclusivo no Ceará que realiza estudos utilizando métodos inovadores
e super avançados de diagnóstico capazes de detectar mutações que podem
aumentar o risco de desenvolvimento de câncer antes mesmo da doença se
desenvolver.
Por meio de exames de rastreamento
genético e de síndromes hereditárias é possível identificar os cálculos de
risco e traçar um planejamento terapêutico para a enfermidade, de forma a atuar
de maneira antecipada sobre ela, impedindo o seu agravamento e/ou a necessidade
de internações, cirurgias ou tratamentos mais agressivos.
Os exames genéticos analisam se há
presença de alterações cromossômicas ou até pequenas mutações nos genes no
organismo, que podem aumentar o risco de desenvolver a doença. As variantes que
alteram a função de genes podem facilitar a proliferação anormal das células,
transformando-se, posteriormente, em tumores. Os exames são realizados a partir
da coleta de DNA, que pode ser extraído tanto do sangue como da saliva. Segundo
o urologista Lucas Lima, até 15% dos tumores de próstata podem ter alguma
mutação.
A partir do momento em que uma variante
genética de predisposição a câncer é identificada na família, outros familiares
sob risco podem ser testados apenas para aquela variante específica. De
qualquer forma, o exame genético deve ser realizado após a avaliação clínica e
o aconselhamento genético pré-teste.
Medicina genética acessível aos
pacientes do SUS
O Laboratório de Biologia Molecular e
Genética do ICC conta com todo um aporte científico atrelado ao Mestrado em
Oncologia do Instituto do Câncer do Ceará / Hospital Haroldo Juaçaba /
Faculdade Rodolfo Teófilo (FRT), braço educacional e acadêmico do ICC, única
instituição do Nordeste a ofertar um mestrado acadêmico em oncologia. Além da
produção de conhecimento científico sobre o tema, por meio do desenvolvimento
de pesquisas e da publicação de artigos na área da oncologia por pesquisadores
do próprio Instituto, o Laboratório de Biologia Molecular e Genética do ICC
também permite o acesso gratuito aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) aos
tratamentos inovadores da medicina genética.
Pacientes de baixa renda podem ser
selecionados para participar do projeto de pesquisa com o apoio do Programa
Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON) e ter acesso a consultas com
médicos geneticistas e aos exames avançados de genética afim de detectar
precocemente os sinais ou a predisposição ao câncer de próstata e a vários
outros tipos da doença. Para participar do programa, os pacientes devem atender
a alguns critérios. Cada síndrome tem seus critérios exigidos, mas em linhas
gerais, os principais deles são:
- Ser Cearense
- Ter histórico de câncer
- Ter histórico familiar para síndromes
hereditárias
- Ter histórico familiar para câncer
precoce
Atualmente, o programa conta com 770
vagas disponíveis para pacientes interessados em realizar a investigação
genética para vários tipos de câncer. Uma vez dentro do programa e
possuindo mutação patogênica em algum dos genes analisados, o laboratório
poderá chamar até 04 (quatro) familiares dos selecionados para passar pelos
exames de detecção precoce e pela identificação dos cálculos de risco, a fim de
mapear mutações, prever a doença e impedir que ela se desenvolva.
O Laboratório de Biologia Molecular e
Genética do ICC é ainda o único laboratório do Ceará e um dos poucos em todo o
Nordeste a possuir um “Biobanco”, em que são armazenadas amostras tumorais para
futuras pesquisas que analisam fatores que levaram à mutação, o que pode ajudar
a identificar marcadores populacionais, entre outros fatores, e desenvolver
novos prognósticos para o câncer. O Biobanco do ICC existe desde 2014 e conta
com mais de 8 mil amostras tumorais.
Sintomas e Tratamento
Em seu estágio inicial, o câncer de
próstata geralmente age silenciosamente. Os sintomas mais comuns no estágio avançado
da doença são o comprometimento das funções do trato urinário e do desempenho
da vida sexual, dores na região pélvica, lombar e abdominal.
Já os tratamentos para câncer de
próstata variam de acordo com o estado da doença, condições de saúde atual do
paciente e da expectativa de vida. Em fase inicial, por exemplo, é possível
tratar com radioterapia. Outras possibilidades são a remoção cirúrgica, a
terapia hormonal e a quimioterapia.
A terapia hormonal é um procedimento
que atua no controle de hormônios masculinos (como a testosterona e a
diidrotestosterona), contribuintes do contínuo desenvolvimento do tumor. Já a
quimioterapia, mais conhecida entre as pessoas, funciona à base de fármacos
(geralmente injetados de maneira intravenosa) que agem no crescimento e na
proliferação do câncer.
Vale salientar que a forma mais eficaz
de garantir a cura do câncer de próstata é o diagnóstico precoce, por isso, a
campanha do Novembro Azul é de grande importância.
O ICC é referência em oncologia há
quase 80 anos e está comprometido em cuidar e acolher, de forma humanizada, com
um corpo clínico de excelência, da saúde e do bem-estar dos seus pacientes,
contando sempre com ações de conscientização e oferecendo atendimento integral
aos que são atingidos pela doença.
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