Apesar do esquema de segurança reforçado após os ataques de 8 de janeiro, o desfile de Sete de Setembro, em Brasília, foi marcado pela retomada da normalidade institucional e pela despolitização da data. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi acompanhado na tribuna pelos presidentes dos demais Poderes, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Congresso Nacional, e a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, nos últimos quatro anos, evitaram comparecer ao evento por causa da coloração político-ideológica adotada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula acompanha a passagem das tropas, ao lado dos comandantes militares (Foto: Carlos Vieira)
Durante o desfile, Lula precisou se sentar diversas vezes, demonstrando
o incômodo da dor no quadril. Desconforto que, na quarta-feira passada, o fez
transferir todos os compromissos para o Palácio da Alvorada. Mesmo demonstrando
incômodo, Lula seguiu com rigor o protocolo da comemoração.
A
despolitização da data faz parte da estratégia do governo de desvincular do
bolsonarismo os símbolos nacionais. Diferentemente dos últimos quatro anos, o
evento não teve discursos de autoridades nem provocações às instituições ou
adversários. Lula seguiu o protocolo militar de abertura do desfile e chegou ao
evento no Rolls Royce presidencial, ao lado da primeira-dama, Janja da Silva.
Apesar de
ovacionado pelo público, que lotou as arquibancadas, o desfile seguiu o tom
protocolar. Mas a despolitização não significou que Lula não tenha passado
recados. Mesmo com a fisionomia cansada, o presidente — assim como o público —
aplaudiu muito o personagem Zé Gotinha, símbolo da retomada da política pública
de vacinação, desencorajada no mandato do antecessor.
Alinhado à
estratégia do governo de reconstruir a unidade e diminuir a polarização, seis
soldados indígenas da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, de São Gabriel da
Cachoeira (AM), perfilaram em frente à tribuna de honra e, em seus idiomas
originários, entoaram as frases “Viva a independência do Brasil. Tudo pela
Amazônia. Selva!”.
Lula também
tirou fotos de mãos dadas com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e com
os chefes das três Armas, os comandantes do Exército, Tomás Ribeiro Paiva; da
Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno; e da Marinha, Marcos Sampaio Olsen,
buscando demonstrar a mudança na relação institucional do Planalto com os
militares.
O
ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom),
Paulo Pimenta, disse que o objetivo do dia era “devolver o Sete de Setembro ao
povo brasileiro como uma data da democracia”.
A inusitada
presença, registrada pelo Correio em meio à plateia, do general Carlos Alberto
dos Santos Cruz, ex-ministro do governo de Bolsonaro, ajudou a reforçar o lema
de união do novo governo.
Na tribuna
Lula sentou-se estrategicamente cercado por todas as nove ministras mulheres do
governo, uma resposta às críticas que vem recebendo por causa da redução da
participação feminina na Esplanada.
Saldo
Sem o clima
de comício do ano passado, o público em Brasília foi menor do que em 2022,
segundo informações da Polícia Federal e do Exército. A Secom divulgou
estimativa preliminar de cerca de 50 mil pessoas na Esplanada. Boa parte desse
público recebeu bonés e bandeiras promocionais com as cores do país.
Além da
ausência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que viajou para Alagoas,
também não compareceram os ministros recém-anunciados André Fufuca (PP-MA) e
Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), da cota do Centrão. Do gabinete de Lula
não assistiram ao desfile os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira
(Relações Exteriores), Flávio Dino (Justiça), Carlos Lupi (Previdência Social)
e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional).
Após o
desfile, o presidente Lula e outras autoridades se manifestaram nas redes
sociais. “Feliz de assistir a um desfile de 7 de setembro tão bonito como o de
hoje. Um show de democracia, soberania e união”, postou Lula.
“Após tudo
que se viu e viveu nos últimos tempos, o 7 de Setembro ganha novo significado.
O Brasil e suas cores não podem ser sequestrados por movimento
político-ideológico nenhum”, disse o ministro do STF Gilmar Mendes.
Na
sequência, Lula embarcou para a Índia, onde participará da 18ª Cúpula de chefes
de Estado e governo do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e
a União Europeia. O encontro acontece entre os dias 9 e 10.
Com
informações portal Correio Braziliense
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